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Projeto de extensão do Ifal Batalha aproveita água do ar-condicionado para irrigação
Horta vertical, construída em um dos pátios do Ifal Batalha, cuja irrigação é feita com a água aproveitada do aparelho de ar-condicionado.
O aproveitamento da água que cai gota a gota dos condicionadores de ar é uma medida simples, já implementada em muitas empresas e instituições públicas preocupadas em racionalizar o uso do recurso hídrico. Em regiões que sofrem com a seca, uma iniciativa como essa tem significado ainda maior, pois representa um recurso a mais na luta contra a falta de água.
Desde o início de 2015, a unidade do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) em Batalha, município do Sertão alagoano, deu início ao trabalho de reaproveitamento da água dos condicionadores de ar com o objetivo de utilizar na irrigação. Conforme explica a docente coordenadora do projeto, Isabely Penina, os próprios estudantes questionaram sobre o potencial de uso da água que escorria dos aparelhos. “A ação partiu da percepção crítica dos alunos acerca da problemática da seca na região e o contraponto do desperdício de água condensada produzida diariamente pelos aparelhos do campus do Ifal em Batalha”, disse a professora que é formada em arquitetura e urbanismo e leciona a disciplina de Desenho. “Essa condição faz a pesquisa ter bastante significado, principalmente, pelo fato se originar da observação de jovens que convivem com a realidade local e almejam a geração de mudanças, mesmo que simples, mas que sejam relevantes para melhorar a qualidade de vida da população”, ressalta a docente.
Em média, esclarece Penina, um aparelho de ar-condicionado gera um litro de água por hora, variando de acordo com o uso do ambiente e a potência. Na unidade do Ifal em Batalha, o projeto ainda está em fase de monitoramento, mas estima-se que, em uma semana de testes, o campus já tenha reaproveitado aproximadamente 400 litros de água.
Sobre o aproveitamento da água captada, a professora conta que o líquido coletado dos aparelhos do campus já está sendo utilizado para irrigar uma horta vertical construída em um dos pátios do instituto. “Foram realizadas análises quantitativas, principalmente relacionada à vazão, e qualitativas, analisando os aspectos microbiológicos e físico-químicos. Ambas as análises obtiveram resultados satisfatórios para a finalidade de irrigação”, acrescentou.
Além da docente, o projeto intitulado “Reaproveitamento da água condensada de aparelhos de ar-condicionado como fonte de irrigação para espaços verdes no município de Batalha/AL”, que em agosto de 2015 foi oficializado como um trabalho de extensão, conta com a participação dos estudantes do curso técnico subsequente em Agroindústria, Alexandre Costa, Janderson Raniel dos Santos, Tamara Pinheiro, Manoel Jeferson dos Santos e Kaline Alvez. A iniciativa também tem a coorientação da professora da área de Agroindústria, Silvana Belém.
O estudante Alexandre Costa, de 20 anos, participa desde o início das atividades e se envolve em todas as etapas. “Participei das análises de umidade e temperatura do ambiente externo e interno dos condicionadores de ar e das análises microbiológicas e de metais presentes na água, até a montagem de todo o projeto”, contou.
Ele, que reside em Batalha, destacou que gosta muito de participar das ações proporcionadas pelo projeto. “Através das pesquisas que realizamos, adquirimos conhecimento. Já na extensão, tivemos interação com a comunidade externa mostrando propostas inovadoras para praticas sustentáveis no Sertão. Já participei de outros projetos de extensão e gostei de passar o conhecimento que aprendi em sala de aula”, disse.
Ainda segundo Alexandre, durante as atividades realizadas no Ifal, ele tem a oportunidade de desenvolver os conhecimentos sobre reciclagem, reaproveitamento de água e redução dos impactos ambientais. “Sempre quis fazer parte do Ifal porque o ensino é de boa qualidade e possibilita aos alunos um grande conhecimento, dando oportunidade de se tornarem um grande profissional preparado para o nível superior e para o mercado de trabalho”, destacou.
Como ação de extensão, o projeto será expandido. Segundo Isabely Penina, parcerias com outras instituições educacionais da região já foram iniciadas, com o intento de disseminar a proposta. “O trabalho possui relevância no seu potencial de desenvolvimento de um debate e conscientização, acadêmica e comunitária, acerca da conservação, preservação e melhor aproveitamento da água, buscando estratégias eficazes no combate ao desperdício hídrico. Além de englobar ações de incentivo à implantação de espaços verdes nas edificações, com a utilização de materiais recicláveis, que são instrumentos importantes dentro da temática ambiental”, concluiu.