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Pesquisas que abordam relações de gênero no Ifal são levadas a congresso internacional
Os quatro trabalhos apresentados em evento sediado pela UFSC resultam de ações do Grupo de Pesquisa em Gênero e Sexualidade
Lidiane Neves - jornalista
Desenvolvidos pelo Grupo de Pesquisa em Gênero e Sexualidade (Genese), quatro trabalhos do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) foram apresentados durante o 13º Congresso Mundos de Mulheres e o Seminário Internacional Fazendo Gênero 11, realizados entre os dias 30 de julho e 4 de agosto, em Florianópolis (SC), no campus da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
As apresentações foram feitas pelas técnicas administrativas do Campus Penedo, Bárbara Guerreiro Barbosa, Danielly Spósito e Lidiane Neves, e pela estudante Paula Geovana Gomes. Três dos trabalhos se referem a pesquisas de iniciação científica realizadas por integrantes do Genese com foco no perfil de ocupação dos cargos por servidoras e servidores do Ifal e sua relação com as questões de gênero dentro de uma perspectiva feminista.
A primeira dessas pesquisas foi desenvolvida entre os anos de 2015 e 2016, quando se analisou como se constrói a igualdade de oportunidades entre as servidoras e os servidores da Reitoria do Ifal. Um dos dados mais relevantes apresentados nesse projeto se refere às disparidades em relação à ocupação de cargos de poder e decisão: quanto mais alto o cargo, menor a presença de mulheres (clique aqui para ver dados apresentados).
Durante a apresentação feita pela psicóloga Bárbara Guerreiro no simpósio temático Trabalho, Mercado e Gênero, a técnica destacou que um dos desdobramentos da pesquisa foi a adesão do Ifal ao Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. A iniciativa consiste em disseminar novas concepções na gestão de pessoas e na cultura organizacional para alcançar a igualdade entre mulheres e homens no mundo do trabalho.
As outras duas pesquisas de iniciação científica apresentadas estão em fase de conclusão e ampliam para todos os campi do Ifal esse olhar com relação ao perfil das pessoas que trabalham na instituição. “Elas estão inseridas no plano de ação do Pró-Equidade e trabalham especificamente as informações sobre as áreas de atuação de servidoras e servidores e sobre a ocupação de cargos de poder e decisão em todo o instituto”, explicou a psicóloga.
Na apresentação feita pela servidora Lidiane Neves, no mesmo simpósio temático da pesquisa anterior, evidenciou-se as áreas profissionais em que há uma maior presença de homens e de mulheres, reforçando a ideia de divisão sexual do trabalho, isto é, a predominância de homens nas chamadas atividades produtivas e de mulheres na esfera reprodutiva, atividades ligadas ao cuidado (clique aqui para ver dados apresentados).
O estudo específico sobre a ocupação de cargos de poder e decisão foi apresentado em formato pôster pela aluna do 4º ano do curso de Meio Ambiente, Paula Geovana. Com base em dados fornecidos pela Diretoria de Gestão de Pessoas (DGP) do Ifal em abril deste ano, a pesquisa mostra que todas as funções – cargo de direção (CD), função de coordenação de curso (FUC) e função gratificada (FG) – são ocupadas em sua maioria por homens. “Na FUC, o percentual de ocupação chega a 72% de homens e 28% de mulheres, próximo ao que ocorre em CDs, dos quais 69,14% são ocupados por homens e 30,85% por mulheres. Nas FGs, a proporção é de 55,98% para homens e 44,01% para mulheres”, informou a estudante.
Grupo Genese - O quarto trabalho apresentado no evento em Florianópolis teve como objetivo compartilhar as experiências do Grupo de Pesquisa Gênero e Sexualidade, em atuação no Ifal Penedo há cerca de dois anos. “O Genese nasceu do desejo de envolver estudantes nos debates sobre gênero, violência e saúde no campus”, explicou a assistente social Danielly Spósito, que é doutora em Estudos de Gênero pela Universidade de Valência (Espanha).
Durante a apresentação, a técnica administrativa retomou a pesquisa de iniciação científica desenvolvida durante o primeiro ano de ações do grupo, que analisou as políticas de igualdade de oportunidades promovidas pelo Ifal, abrindo o diálogo com estudantes sobre a temática. “O projeto suscitou questões invisibilizadas, novos diálogos e impulsionou a adesão do Ifal ao Pró-Equidade”, ressaltou, acrescentando que, com uma nova demanda fazendo parte do cotidiano institucional, o Genese cresceu e atualmente reúne 12 estudantes e três profissionais.
Sob a coordenação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação, o grupo trabalha na execução do plano de ação do Pró-Equidade e desenvolve pesquisas que subsidiam ações de demais programas voltados para a equidade de gênero e raça no âmbito do Ifal. “O Genese tem se construído como um espaço fomentador do protagonismo e autonomia de estudantes não apenas no Ifal, como no município de Penedo”, concluiu a assistente social.
Evento - O Congresso Mundos de Mulheres é um encontro internacional e interdisciplinar de e sobre mulheres, que acontece a cada três anos e pela primeira vez foi realizado na América do Sul, acontecendo no Brasil conjuntamente ao Fazendo Gênero, evento promovido a cada dois anos pelo Instituto de Estudos de Gênero da UFSC, que na edição 11 trouxe a temática “Transformações, Conexões, Deslocamentos”.