Notícias
Pesquisadores do Ifal e de universidades federais desenvolvem aplicativo gratuito para ajudar jovens na escolha profissional
Estudantes podem fazer download gratuito da ferramenta e identificar o próprio perfil profissional, além de localizar os cursos técnicos que têm potencial para atender seus interesses de forma mais adequada
Professores Alisson (à esquerda) e Thiago, do Ifal, participaram da cerimônia oficial de lançamento do aplicativo Soutec em Brasília, no dia 3 de junho
Por Denise Casatti - Assessoria de Comunicação do NEES/Ufal
Estimular os estudantes brasileiros a escolher um curso técnico sob medida para atender a cada perfil de interesses. Esse é um dos principais objetivos do aplicativo Soutec, que já está disponível para download gratuito.
A ferramenta foi desenvolvida por um grupo de especialistas em computação aplicada à educação de diversas universidades públicas brasileiras, todos eles vinculados ao Núcleo de Excelência em Tecnologias Sociais (NEES) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a pedido do Ministério da Educação (MEC).
Participar do time que desenvolveu o Soutec tem um sabor especial para o professor Thiago Araújo Oliveira, do Instituto Federal de Alagoas (Ifal). Ele já foi aluno do curso de eletrotécnica oferecido pelo Ifal em Palmeira dos Índios, cidade alagoana a cerca de 130 quilômetros da capital, Maceió: “Não cheguei a concluir o curso técnico porque fui aprovado no vestibular para fazer graduação em computação na Ufal. Agora, como professor de um instituto federal, enxergo como essa ferramenta pode atender à necessidade do aluno se identificar com um curso e também ao governo federal, que precisa atender a essa demanda e buscar diminuir a evasão no ensino médio.”
Professor de Informática do Campus Rio Largo, Oliveira apresentou a solução em Brasília durante o lançamento oficial do Soutec, que aconteceu na sexta-feira, 3 de junho, no auditório principal do Ministério da Educação. No evento, estudantes do nono ano do Centro de Ensino Fundamental 102 Norte tiveram a oportunidade de testar o aplicativo. Ágeis, enquanto ouviam as falas dos palestrantes, os jovens clicavam sem parar nas telas de seus celulares respondendo as questões do teste de interesses.
Foi assim que Luiz Felipe de Souza Caminha Gurgel França, de 14 anos, descobriu que seu perfil profissional é uma mistura de características empreendedoras e intelectuais-científicas. Depois da descoberta, ele consultou as diversas opções de cursos técnicos recomendados para aquele perfil, tal como Técnico em Química e Técnico em Fotointeligência.
As 72 questões destinadas a avaliar os interesses profissionais dos usuários são fruto do trabalho do professor e pesquisador Mauro Magalhães, da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Especialista em orientação ocupacional e desenvolvimento de carreiras, o professor desenvolveu as questões para o aplicativo com base nos estudos do norte-americano John Lewis Holland.
Consolidada na área da psicologia, a teoria criada por Holland reúne evidências empíricas de sua validade ao longo de mais de 60 anos. “Holland postulou que as pessoas e os ambientes de trabalho podem ser caracterizados de acordo com seis tipos vocacionais e ambientais, a saber: realista (R), investigativo (I), artístico (A), social (S), empreendedor (E) e convencional (C). Na verdade, cada indivíduo ou ambiente possui características de todos os seis tipos em maior ou menor grau”, sintetiza Magalhães.
O professor explica ainda que, de acordo com essa perspectiva, as pessoas buscam ambientes de trabalho ou profissões que permitam a expressão de seu perfil profissional, e a congruência entre a pessoa e o ambiente influencia a estabilidade, a satisfação e a perseverança nas escolhas de carreira.
É a partir das respostas às 72 questões do teste que o aplicativo categoriza os interesses de cada pessoa. Na sequência, o sistema consegue, automaticamente, relacionar esses resultados às características dos cursos disponíveis no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos (CNTC). Então, faz-se a recomendação das opções que poderão atender de forma mais adequada ao perfil de interesses de cada usuário.
Desafios - O time de desenvolvedores do Soutec contou ainda com o reforço de mais dois professores de Informática do Ifal: Ivo Calado, do campus Maceió, e Alisson Werner, do campus Coruripe. “Captar a ideia do professor Mauro e transformá-la em um modelo computacional para poder implementar o teste de interesses no aplicativo foi o principal desafio”, revelou Alisson durante o evento de pré-lançamento da ferramenta.
A iniciativa foi apresentada em primeira mão ao público no maior evento de educação e tecnologia da América Latina, a Bett Brasil, que foi realizada de 10 a 13 de maio no Transamerica Expo Center, em São Paulo. “É incrível ter a oportunidade de poder possibilitar ao estudante fazer esse tipo de descoberta do perfil e fazer uma escolha profissional mais assertiva”, disse Alisson na ocasião.
A demanda de desenvolvimento do aplicativo surgiu da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) do Ministério da Educação (MEC), que identificou a necessidade dos jovens brasileiros conhecerem os cursos profissionalizantes oferecidos pela rede federal de ensino. Vanessa Cristine de Oliveira Matos estava trabalhando na Setec no final de 2020 quando sugeriu a ideia: “Eu pensei em um aplicativo porque a maioria dos alunos tem esse recurso: está na mão, é mais fácil do que um computador, e a gente poderia fazer essa versão sem necessariamente ter internet para usar a ferramenta”, revela a funcionária, que hoje é assessora na Subsecretaria de Planejamento e Orçamento do MEC.
De acordo com Joedna Hubner, assessora do Núcleo de Pesquisa e Inovação da Setec, ouvir os estudantes foi fundamental no desenvolvimento e aprimoramento do aplicativo. Em março, no retorno das aulas presenciais, uma equipe da Setec e do NEES visitou escolas das cinco regiões do Brasil para apresentar o aplicativo, dialogar e coletar sugestões.
No total, 323 estudantes testaram o aplicativo, levantaram dúvidas e apontaram algumas necessidades de melhorias. “O teste de interesse chamou muita atenção e eles se divertiram respondendo. Nesse período de aplicação dos testes, percorremos 12.896 quilômetros, cortando o céu do Brasil para validar uma política pública que nasceu para auxiliar todos os estudantes dos anos finais do ensino fundamental e dos anos iniciais do ensino médio. O Soutec colabora, então, com o projeto de vida dos estudantes de todas as escolas do Brasil, sejam públicas ou privadas”, conta Joedna.
As sugestões dos alunos foram fundamentais para aprimorar o aplicativo antes do lançamento, segundo a equipe de desenvolvimento da solução, que foi coordenada pelo professor Alan Pedro da Silva, vice-diretor do NEES.
Teste a ferramenta:
Link para download gratuito (sistema operacional Android ou IOS) - https://linktr.ee/soutec.
Acesse este site e conheça outros projetos desenvolvidos pelo NEES - www.nees.ufal.br.