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Pesquisa que usa conchas de sururu na alimentação de peixes recebe prêmio de inovação

publicado: 16/01/2019 15h02, última modificação: 21/01/2019 10h46

Na última segunda-feira, 14, uma aluna do Mestrado em Tecnologias Ambientais, do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), foi uma das vencedoras do Prêmio Inovação em Economia Circular, do Projeto Maceió Inclusiva. Cynthia Wanessa Souza irá receber o valor de R$ 25 mil para colocar em prática sua proposta de pesquisa de “Avaliação da utilização de cálcio extraído em conchas de moluscos bivalves para nutrição de tilápias”, que deverá reunir marisqueiros da Laguna Mundaú para capacitá-los no preparo de uma farinha, com o uso de cascas de sururu, que servirá de complemento alimentar de peixes.

Cynthia explica que a iniciativa é uma tentativa de solução para dois problemas: a destinação sustentável dos restos da cultura do sururu, pois suas conchas são descartadas inadequadamente no Complexo Estuarino Lagunar Mundaú, o que resulta em impactos ambientais e sanitários na região, como também um modo de melhorar a qualidade de alimentação das tilápias de Nilo, cultivadas por piscicultores do Delta do São Francisco.

Biometria do sururu é realizada no Campus Satuba.jpg

A mestranda lembra que o sururu é rico em cálcio, um dos elementos mais importantes na formação óssea dos peixes. “O cálcio é um dos macrominerais mais importantes no desenvolvimento de peixes ósseos e concentra cerca de 20% a 40% do valor total do cálcio nas escamas. As conchas de moluscos bivalves (sururu, ostra e maçunim, etc) são compostas por cerca de 98% de cálcio”, detalha a mestranda.

Cynthia entrou no mestrado em julho de 2018 e dois meses depois, com o lançamento do prêmio, em setembro, adaptou sua pesquisa para que pudesse utilizar seu conhecimento no desenvolvimento do Estado. Ela agora quer capacitar pescadores e marisqueiras para o uso das conchas do sururu e outros bivalves, na produção de farinha, e incentivá-los a formar uma cooperativa para juntar essas conchas. “Se as pessoas que fizerem o curso estiverem dispostas a montar uma cooperativa, irei dar o suporte técnico na fabricação de ração e buscar parceiros que queiram comprar a farinha aqui em Alagoas, que seriam os piscicultores locais e até agricultores de base familiar, para uso da farinha na correção de solos ácidos”.Laboratório de Aquicultura e Ambiente aquático do Campus Satuba com os tanques onde serão feito os experimentos.jpeg

Inicialmente a análise e o preparo dessa farinha seria realizada com equipamentos específicos, do Campus Satuba, onde recebe orientação do professor Daniel Magalhães. O docente há pelo menos oito anos vem realizando pesquisas com o uso do sururu para diversos fins.

O trabalho deve ser inédito no Estado. “Embora no mercado existe farinha de ostra, que é bastante comercializada e que contém composições químicas muito semelhantes com outras conchas de moluscos bivalves, como o sururu, por exemplo. Aqui em Alagoas existem pesquisas feitas na Ufal [Universidade Federal de Alagoas], com farinha de sururu, mas é usada na alimentação de codornas, e não de peixe”, acrescentou.

Cynthia enfatiza que a importância da reutilização das conchas do sururu não só é para a sustentabilidade do meio ambiente. “Desde 2014 o sururu de capote é considerado patrimônio imaterial do Estado de Alagoas e ainda assim precisamos de políticas públicas que enalteçam e valorizem o lado sustentável desse molusco, que é símbolo de Alagoas. Não somente o lado gastronômico do filé e sim o aproveitamento completo do molusco, pois ele pode ser 100% aproveitado e transformado em matéria prima para diversos setores da economia e o desenvolvimento social”.

Mestranda em monitoramento dos bancos naturais de sururu.jpg

Sobre o Prêmio

O projeto Maceió Mais Inclusiva busca melhorar a qualidade de vida da população envolvida nas cadeias mais tradicionais da economia local (cultivo de mariscos e pescados), fomentando o desenvolvimento de modelos de economia circular na cidade de Maceió. 

O prêmio busca reconhecer práticas, projetos, ideias e ações que tragam soluções aos resíduos das cadeias produtivas locais, especialmente do sururu e da pesca, com o intuito de apoiá-los financeiramente para que tragam resultados de inserção produtiva, geração de renda e sustentabilidade.

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