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Pesquisa, inovação, setor produtivo e mestrado profissional são discutidos no 3º dia de Connepi
Luciano Toledo sensibiliza servidores de IFs para planejamento de práticas de inovação e pesquisa
Anny Rochelly, Jhonathan Pino e Laura Veras/IFRR- jornalistas
Quem foi ao Salão Djavan, do Hotel Ritz Lagoa da Anta, na tarde desta quinta-feira, 8, não teve muito tempo para respirar. É que praticamente não houve pausa entre duas palestras de grande interesse para os servidores dos institutos federais: o potencial e ações implementadas na Pesquisa e Inovação da educação profissional e tecnológica, além do Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (Prof-EPT), que ofertará 200 vagas para docentes e técnicos dos IFs em todo o país, a partir de 2017. Na sala ao lado, no Espaço Linda Mascarenhas, setor produtivo e transferência de tecnologias foram os assuntos temas tratados à tarde.
Luciano Toledo, professor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), conduziu as discussões do primeiro momento. Ele fez um diagnóstico da rede federal e enfatizou a baixa contribuição do setor privado na pesquisa e no desenvolvimento nacional, diferente de países mais avançados cientificamente.
Para o docente, o fato de a pesquisa não se vincular ao setor produtivo, além da indústria não procurar a academia, são alguns dos fatores que dificultam os avanços mútuos na área de inovação. Para Toledo, devem ser estabelecidos novos padrões de relacionamento entre os diferentes setores.
Outro entrave para o fomento à pesquisa e ao desenvolvimento nos IFs seria a baixa incidência de políticas de estímulo à inovação. Ele questionou como os IFs podem contribuir para a Política Nacional de Inovação e nesse sentido, propôs um modelo autônomo de Gestão de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), tal como foi aplicado no Ifes.
Toledo se referia à Agência de Inovação da Ifes (Agifes). Lá, existe uma meta de implantar pelo menos uma incubadora em cada campus do Ifes, onde poderiam ser ofertados serviços tecnológicos, incubação, propriedade intelectual e gestão de PD&I, modelo que ele gostaria de levar a outros IFs.
Programa nacional dos IFs oferta 400 vagas para mestrado profissional
Logo após ter assistido a palestra de Toledo, o também professor do Ifes, Rony Freitas, anunciou que o ProfEPT deve ter edital lançado em fevereiro. O mestrado profissional, formado por 18 instituições de todo o país, irá selecionar 400 profissionais para cursar um programa que irá aliar a pesquisa acadêmica ao desenvolvimento de produtos aplicados à educação: a metade dessas vagas será reservada aos servidores dos IFs.
Rony disse que os candidatos deverão fazer a prova de seleção em abril de 2017 e em agosto iniciarão as aulas. Apesar da grande quantidade de vagas, a área de concentração do mestrado é única, “Educação Profissional e Tecnológica”. Ele será formado por disciplinas obrigatórias presenciais e eletivas à distância.
O docente lembra que o programa está sendo discutido desde 2014, ano em que o Fórum de Pró-reitores de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação dos Institutos Federais pensou pela primeira vez na criação de um mestrado profissional com essa amplitude.
Em 2015, a comissão formada para criar o programa elaborou a proposta com a intenção de promover a formação continuada dos servidores, ao mesmo tempo em que ajudasse no desenvolvimento de trabalhos de investigação interdisciplinares. Ele foi aprovado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em agosto deste ano.
Setor produtivo e transferência de tecnologia
Concomitantemente às palestras na Sala Djavan, o Espaço Mascarenhas sediou a palestra “Relação das ICT com o setor produtivo e transferência de tecnologia”, ministrada pela professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Ana Lúcia Torkomian, e pela diretora de integração das Redes de Educação Profissional e Tecnológica, Francismara Lima.
Ana Lúcia realizou uma análise da inovação nos aspectos acadêmicos, produtivos e legais, abordando, entre outros pontos, sobre o papel dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NIT) a partir da Lei 13.243, que dispõe sobre estímulos ao desenvolvimento científico, à pesquisa, à capacitação científica e tecnológica e à inovação, e altera nove leis, entre elas a Lei da Inovação.
Francismara Lima trouxe a discussão para o contexto da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, apresentando o trabalho que está sendo realizado para mapear e diagnosticar as demandas do setor produtivo, desde a necessidade por formação profissional até de pesquisa e inovação, promovendo a interlocução com as instituições.
A pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação Tecnológica do Instituto Federal de Roraima (IFRR), Fabiana Sbaraini, participou da palestra e destacou que “os NIT apresentam um papel de grande relevância, mas ainda é necessário um olhar mais sensível para os estudos de prospecção tecnológica e para os mecanismos de desenvolvimento de estratégias com vistas à transferência de tecnologia. A interlocução entre governo, academia e empresa também é indispensável para que todos esses atores tenham compromisso em gerar valor à sociedade”.