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Pautas do Ifal em evento literário destacam a linguagem de sinais como instrumento de inclusão

por Roberta Rocha publicado: 25/11/2017 16h23, última modificação: 27/11/2017 12h30

O palco principal da 8ª Festa Literária de Marechal Deodoro (Flimar) acolheu uma mesa-redonda, na última quinta-feira, 23, que rendeu discussões sobre a acessibilidade do conhecimento para pessoas surdas. No mesmo dia, uma oficina de introdução à Língua Brasileira de Sinais ocorreu no Centro Histórico da cidade sede do evento. Ambas as atividades foram propostas oriundas do Instituto Federal de Alagoas – Ifal e evidenciaram o papel inclusivo da Libras.

Integraram o primeiro momento a professora voluntária do Ifal Marechal Deodoro Cristiana dos Anjos, a docente do Ifal Maceió Danielly Caldas e o professor da Universidade Federal de Alagoas Jair Barbosa. A mediação do debate ficou por conta da jornalista do Campus Marechal Acássia Deliê. 

Há 15 anos atuando na área, Danielly compartilhou com a plateia as ações do projeto de extensão Mãos nas artes, responsável pela disseminação em escolas de três poemas infantis de autoria do alagoano Paulo Caldas, traduzidos em Libras e gravados em vídeo. "A intenção não era apenas que crianças surdas tivessem acesso ao material, mas que as ouvintes também começassem a ter contato com a língua de sinais", explicou.

Como ela, a professora Cristiana também se envolveu em iniciativas pioneiras no universo da Libras: fundou a primeira turma bilíngue da Educação de Jovens e Adultos em Marechal Deodoro e na Barra de São Miguel. Com deficiência auditiva desde os dois anos de idade, por conta do contágio de sarampo, a profissional falou da importância da educação bilíngue para pessoas surdas e contou do bullying que sofria na época da escola. Partiu daí a motivação para o trabalho que desenvolve atualmente. "Eu queria mostrar para elas [pessoas surdas] que elas são capazes tanto quanto eu fui", apontou.

Já o professor Jair, em sua fala, deixou claro a necessidade de pensar o conhecimento em libras sem perder de vista os aspectos da difusão da língua, da literatura em libras, da educação em todos os níveis para pessoas surdas e da figura do intérprete. Orientador de estudantes surdos no mestrado onde leciona na Ufal, ele mencionou que apenas 26 pessoas surdas fazem graduação na instituição, todas no curso de Letras/Libras. "Muitos surdos não têm uma boa relação com a língua portuguesa porque essa língua chegou para eles como uma forma de oprimi-los, de colocá-los em desvantagem", resumiu.

Escola em Libras

Oficina de introdução à librasQuem na noite da quinta-feira, 23, compareceu à Casa Ifal, espaço cedido pela Prefeitura de Marechal Deodoro para alocar as propostas do instituto na Flimar 2017, no prédio da Sociedade Musical Carlos Gomes, teve a chance de colocar em prática o que foi conversado ao longo do dia sobre a comunicação com pessoas surdas. No local, o estudante de meio ambiente do Campus Marechal e entusiasta da difusão da linguagem de sinais, Vinícius Leonel, ministrou a oficina de introdução à libras, onde apresentou o que é e como funciona a estrutura da língua.

Com a presença de integrantes da Escola em Sinais, projeto de extensão desenvolvido no Campus Marechal Deodoro desde a chegada da primeira aluna surda à unidade de ensino, o instrutor explicou o uso da datilologia, o alfabeto manual de surdos, como instrumento de apoio para a língua, mas esclareceu que as possibilidades de expressão em libras não correspondem à mesma composição de frases da língua portuguesa. "Os surdos se comunicam sobre qualquer coisa em sinal. Não se trata de português sinalizado", reforçou.

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