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Momentos sombrios da ditadura são encenados por alunos do Ifal Maragogi

por Roberta Rocha publicado: 18/06/2015 12h18, última modificação: 18/06/2015 23h00

Como parte da programação artística do 3º Caiite (Congresso Acadêmico Integrado de Inovação e Tecnologia), um episódio polêmico da história brasileira ganhou o palco do Teatro Gustavo Leite, no Centro de Convenções de Maceió, na noite desta terça-feira (17). A ditadura militar foi tema do espetáculo teatral encenado por estudantes do Câmpus Maragogi do Instituto Federal de Alagoas – Ifal e produzido pelo professor Ricardo Araújo.

Intitulada “Golpe”, a peça retratou, a partir de uma sequência sonora composta por canções de protesto da época, o cenário de censura, repressão, perseguições políticas e torturas atribuído ao regime ditadorial instaurado no país entre 1964 e 1985. Composições de Geraldo Vandré (Pra não dizer que não falei das flores), Chico Buarque (Cálice) e Geraldo Azevedo (Canção da despedida), além do tema musical da Copa do Mundo de 1970 (Pra frente, Brasil), arrebataram a atenção do público enquanto os alunos reproduziam momentos marcantes do período em questão.

No auge do espetáculo, os atores surgiram segurando cartazes com fotos de desaparecidos. Aos olhos atentos, um detalhe não escapou: as imagens retratavam os próprios estudantes que as seguravam. “Qualquer um de nós poderia estar ali, ilustrando aquele anúncio. Se ainda vivêssemos em uma ditadura, hoje possivelmente estaríamos entre os procurados apenas por realizar esta apresentação”, refletiu Ricardo Araújo.

Um vídeo com trechos do discurso final de Charles Chaplin, no filme “O grande ditador”, também foi utilizado como recurso cênico. “Aos que me podem ouvir eu digo 'Não desespereis!'. (…) Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá”, anunciava o personagem principal da trama.

Notavelmente envolvida, a plateia lançou rosas de papel ao palco em homenagem às milhares de pessoas executadas nos “anos de chumbo”.

O diretor-geral do Câmpus Maragogi, Dácio Camerino, ao fim da peça, fez um pronunciamento onde chamou a atenção para a importância de “não deixar as lembranças desse momento tenebroso que foi a ditadura ficarem esquecidas”, para que, em suas palavras, “ninguém pense que o que ocorreu no passado pode servir de correção a qualquer crise que o país esteja enfrentando”.

Em referência às mobilizações populares recentes, quando alguns brasileiros manifestaram o desejo de retorno da ditadura, o reitor do Ifal, Sérgio Teixeira, reforçou a necessidade de propagação dos aspectos sombrios do período e elogiou a iniciativa do Ifal Maragogi nesse sentido. “A gente entende que o alunado deve ter a formação integral. E isso passa pelo desenvolvimento da cultura, do esporte, da arte e pelo exercício da criticidade. É o que buscamos estimular em todo o instituto”, declarou. 

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