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Material didático produzido no ProfEPT auxilia na autoestima em ambientes escolares
Pesquisa de mestrado resultou em jogo e catálogo de oficinas voltados à humanização
No último dia 26 de agosto, um produto educacional, resultado do Mestrado em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT), do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), foi inserido na Plataforma EduCapes, repositório que reúne material didático produzido nas instituições integrantes do sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB). O “Catálogo de oficinas com produto educacional: jogo resiliência", produzido por Ítalo Christiano da Silva, foi criado com a intenção de desenvolver a autoestima entre os envolvidos no ensino-aprendizagem.
O produto didático foi criado a partir de sua dissertação, “Estratégias pedagógicas nas aulas de língua portuguesa do ensino médio integrado ao técnico: reflexões sobre práticas humanizadoras”. Como parte do trabalho, está presente o relato do desenvolvimento de quatro oficinas, realizadas entre alunos e profissionais do Campus Arapiraca, que buscaram pensar em estratégias humanizadoras nos ambientes educacionais.
Foi a partir da discussão de vídeos, textos e ilustrações que Ítalo construiu um jogo de tabuleiro, o Resiliência. O propósito desse último produto foi aproveitar as reflexões ali produzidas e promover a sociabilização afetiva, “sem o viés competitivo”, destaca, Ítalo.
O jogo Resiliência é uma ferramenta lúdica de combate aos fatores de risco que podem levar os jovens ao suicídio. “Nele é possível encontrar frases motivacionais; legislação, a exemplo da Lei de Intimidação Sistemática 13.185 de combate ao bullying; além de ofertar o conhecimento sobre organizações não governamentais (ONGs) que atendem e orientam por telefone pessoas com ideacão suicida e que incentivam a busca por ajuda psicológica, docente e familiar, caso seja necessário”, detalha o pesquisador..
Ítalo lembra que nome foi escolhido justamente pela intenção de estimular os jogadores a serem resilientes na superação de obstáculos/desafios e das consequências de perder e ganhar no jogo e na vida.
“Seu objetivo é poder contribuir, de forma lúdica e ética, com diálogos significativos, entre os participantes da comunidade escolar, visando ações-reflexões que previnam sintomas emocionais de risco à saúde mental, como o suicídio nos jovens”, argumenta.
Parte desse material foi discutido a partir de entrevistas que Ítalo fez com os profissionais de saúde do Hospital de Emergência do Agreste e colaboradores de ONGs, como o Centro de Valorização da Vida (CVV), que dão apoio via telefone a pessoas com ideação suicida.
“Tudo isso me despertou o desejo ainda mais em querer ajudar na diminuição dos fatores de riscos que comprometiam o bem-estar físico e emocional de alunos e alunas envolvidos com o mal do suicídio”, pontua.
Motivação pessoal
Segundo o pesquisador, a instigação para esse trabalho investigativo veio de experiências pessoais. Ítalo é professor de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental II, no município de Arapiraca, por isso ele reforça que o interesse em melhorar a autoestima ambientes educativos se deu antes mesmo de entrar no mestrado, após ter contato com histórias de suicídio e automutilações entre alunos da escola em que trabalhava.
“Resolvi, nas aulas, não me prender exclusivamente ao conteúdo curricular sistematizado, mas, junto a ele, comecei a incluir temas transversais de relevância social como saúde, família, cultura, consumo, respeito, autoconhecimento, ética, ou seja, experiências dos próprios alunos junto às minhas também com o auxílio, entre outros textos, dos poemas de Bráulio Bessa e canções que trouxessem ensinamentos positivos, mas sem negligenciar os acontecimentos negativos, para justamente poder lidar com eles e resolvê-los, ou pelo menos tentar, juntos”, explica.
Ele lembra que teve bons resultados com o aumento da sua autoestima e da dos alunos. “Percebi que a humanização educativa não é um paliativo, mas um remédio eficaz para a reflexão-ação no combate a problemas socio emocionais no âmbito da escola, através da docência e do interesse em estudar e adquirir conhecimento com especialistas”, justificou.
Tais experiências o levaram a ter já em mente o que pretendia pesquisar no mestrado: “como cientificamente trazer a humanização para dentro da escola em prol de uma educação transformadora e para todos”, recorda.
“Como há obrigatoriedade do programa em elaborar um produto educacional para o público da educação profissional, fui até o Campus Arapiraca para conversar com a psicóloga da instituição e alguns alunos que já faziam parte de projetos para combater o suicídio; eles me instigaram a continuar”, acrescenta.
Foi a sua orientadora, Rossana Gaia, que lhe introduziu a Teoria das Metodologias Ativas, uma perspectiva em que o aluno é empoderado, orientado e respeitado em suas decisões, opiniões e sentimentos. Para Ítalo, a teoria fora decisiva para formular sua linha de pesquisa e ação.
“Pude ter o apoio técnico e afetivo de minha orientadora, a qual me apresentou, baseando-se no que escutou de minhas experiências como docente e daquilo que adquiri como locutor, teorias científicas, instigando-me a procurar mais dados sobre o tema que fortaleceriam e melhorariam minha práxis como profissional e cidadão”, lembrou.
Acesse aqui o Catálogo de oficinas com produto educacional: jogo resiliência.