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Iniciativas do Ifal incluem temáticas LGBTQIA+ em atividades acadêmicas
Instituição atua na capacitação de profissionais, alunos e servidores para lidar com as minorias sociais
No próximo dia 28 de junho comemora-se o Dia do Orgulho Gay. A data é celebrada por marcar um episódio ocorrido na cidade de Nova Iorque, em 1969, após uma série de atos violentos cometidos por policiais contra o público de um bar, denominado Stonewall Inn. O local costumava ser frequentado por gays, lésbicas e trans que foram vítimas de uma perseguição que durou mais duas noites e provocaria um levante social que teria consequências sentidas até hoje.
Foi a partir daquele momento que foi intensificada uma série de ações que visariam o despertar da população para o orgulho e a luta por direitos civis entre aquelas minorias sociais. Elas ganhariam a atenção das mídias não só nos Estados Unidos, como inspirariam iniciativas diversas em todo o planeta, inclusive entre as universidades, que encontraram naquele fenômeno social uma série de temáticas a serem abordadas pelos pesquisadores em áreas como a Sociologia, o Direito e a Medicina.
Como as lutas são contínuas e não se restringem às disciplinas, atualmente iniciativas do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) buscam trazer para os alunos uma formação que incorpore o tema às questões de cidadania e ao mundo do mercado. Foi ao perceber que o tema continuava a ser um tabu para os alunos, que dois professores do curso tecnólogo de Hotelaria, Daniel Pereira e Valéria Goia, resolveram levar para o Campus Maceió uma proposta de capacitação profissional para a recepção do público LGBTQIA+, entre os estabelecimentos comerciais alagoanos.
Daniel lembra que ações começaram ainda 2018, com as primeiras discussões na Semana de Hotelaria. Em 2019 elas foram incorporadas à disciplina de Turismo Inclusivo e neste ano ficaram institucionalizadas, a partir da submissão de uma proposta ao Edital de Projetos de Extensão do Ifal, com o tema “Bem vindo à Capital das Águas e do Acolhimento: o trade turístico de Maceió em desconstrução aos seus preconceitos para atender ao público LGBTQIA+”.
“Quando assumi a coordenação, uma das minhas primeiras pautas foi trazer justamente estas questões de Hotelaria e a tratativa em relação à comunidade LGBTQ e as pessoas deficientes físicas. Nisso, eu e a professora Valéria Goia, que ministra a disciplina, a gente sempre discutiu muito como tornar isso um projeto, motivar e envolver os alunos, além das falas que a gente percebia, que eram de muito preconceito entre os profissionais que iriam lidar com a frente de trabalho, tanto de Turismo, quanto da Hotelaria. Isso preocupava a ela diretamente, que estava à frente da disciplina, como também à instituição”, recorda Daniel.
Desde o início o tema ganhou a receptividade dos alunos, no entanto, os docentes não queriam deixá-lo restrito às salas de aulas, foi por isso que buscaram órgãos públicos voltados ao Turismo e a Segurança Pública como parceiros. No entanto, como não tiveram um retorno, pensaram em um projeto que pudesse preparar melhor os profissionais do campo turístico para receber melhor aquele público.
“O que a gente pensa no projeto é fazer acordos com as entidades da categoria de Hotelaria, Turismo e similares para capacitar. Mas como seria essa capacitação? Primeiro nossos alunos são formados por nós, com conteúdo específico, que já existe referencial teórico e esse próprio aluno, ele parte da experimentação referencial de falas à criação de conteúdo, sob uma orientação nossa. A partir desse conteúdo, iniciamos a realização de palestras voltadas para os profissionais que lidam com o trade turístico. Uma das coisas que a gente espera é que ao final de tudo isso, que se crie uma certificação Ifal de qualificação desses estabelecimentos e estar diante de padrões de formação, capacitados para esse público”, detalha.
Como forma de comemorar a data, Daniel publicou uma carta aberta ao Ifal sobre o Orgulho, em comemoração ao mês de junho e ainda participará de uma live no instagram @ifal.oficial, na próxima terça-feira, 23.
Servidores são capacitados para lidar com a diferença de gêneros
Desde 2016, o Ifal também vem atuando na formação de políticas com a ideia de sensibilizar, prevenir e combater práticas reprodutoras de desigualdade e discriminação no âmbito laboral, a partir de capacitações. Naquele ano e em 2017 foram ofertados os cursos de "Gestão e Equidade: (re)visitando relações de trabalho no Ifal; “Família, diversidade e contextos culturais”, “Juventude, gênero, raça/etnia e enfrentamento à violência” e “Políticas de Igualdade e Interdisciplinaridade”.
Também foram criadas a Comissão de Gênero e Raça, para promover ações inclusivas de forma permanente na instituição, além da Comissão para Elaboração da Resolução da Política em Nome Social.
Aprovada em dezembro de 2017, a regulamentação do uso de nome social no Ifal entre alunos e servidores do instituto deu a possibilidade de reconhecimento de identidades de gênero de pessoas travestis e transexuais no âmbito da administração pública federal direta, autárquica e fundacional. A medida também fez adequações dos sistemas acadêmicos e de gestão e de articulação com setores envolvidos nesse processo.
“Essa foi uma grande conquista, pois o regulamento conseguiu abarcar um público-alvo mais amplo, buscando garantir esse direito a todos do Ifal, sejam alunos, alunas, servidores ou servidoras”, comentou a coordenadora de Ações Inclusivas do Ifal, Renata Pires, à época.