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Iniciativas do Ifal facilitam informação e destinação correta de lixo eletrônico em Alagoas

Extensão e aplicativo desenvolvidos na instituição estimulam a coleta de resíduos sólidos

por Jhonathan Pino publicado: 25/06/2021 16h18, última modificação: 25/06/2021 16h50

No início deste ano, a comunidade alagoana passou a ter acesso a mais um produto de pesquisa desenvolvida a partir do Instituto Federal de Alagoas (Ifal). O aplicativo E-lixo (PCI e componentes eletrônicos) foi disponibilizado no Google Play como mais uma alternativa para solucionar um problema vivido por moradores da capital alagoana: o descarte correto de material eletrônico, facilitando aos usuários encontrar os locais de destinação do mesmo.

Amplamente utilizados pela população, os aparelhos eletrônicos tornaram-se também uma ameaça, por apresentarem em sua composição metais nocivos ao meio ambiente, como chumbo, cádmio e mercúrio. Estes componentes estão presentes em materiais do nosso dia a dia, como computadores, smartphones e modens; quando descartados, de forma errada, eles acabam por contaminar o solo e têm impacto direto sobre a vida dos seres humanos.

O alerta é da professora do curso de Eletrônica do Campus Maceió, Adriana dos Santos Franco, que em no Mestrado Profissional Análise de Sistemas Ambientais, em andamento, realizado no Centro Universitário Cesmac, criou aplicativo que tentou auxiliar a população com informações sobre a legislação e a destinação correta dos resíduos.

“O meu aplicativo é voltado para conscientização e educação ambiental e mostra os componentes químicos que existem nas placas e nos componentes e porque elas são nocivas”, resume a docente.Interface do aplicativo E-lixo

O E-lixo está disponível para os usuários do sistema operacional Android. Nele, é possível se informar não apenas sobre os prejuízos ocasionados pelo descarte errático do material eletrônico, como também encontrar o local mais próximo para a destinação sustentável do mesmo, com a disponibilização dos endereços de pontos de coleta.

A docente relata que, apesar de ainda estar em desenvolvimento, já é possível aos usuários se informarem sobre a forma mais prática da destinação dos mesmos.

“Fiz uma pesquisa e como estávamos em plena pandemia, com tudo fechado, só obtive respostas de uma das empresas contatadas, que foi a Biodigital”, explicou.

Adriana lembra que foi a partir das limitações impostas pela disseminação da Covid-19 que teve que adaptar-se para a formulação de uma proposta que não necessitasse o contato direto com o público, no entanto, ainda mantivesse a ideia de atender às demandas da comunidade.

“Foram desenvolvidos dois projetos: o inicial era denominado ‘A importância da educação ambiental no descarte de resíduos eletrônicos dentro de uma instituição de ensino técnico em Maceió’. Ele tinha como objetivo avaliar a importância da Educação Ambiental na redução dos resíduos eletrônicos em uma instituição de ensino técnico em Maceió. Esse projeto foi apresentado a uma banca, onde foi aprovado, e com isso foi iniciado a coleta de componentes eletrônicos e placas de circuito impressos completas. Esses resíduos ficavam dentro do laboratório de projetos e no almoxarifado do curso de Eletrônica”, detalha a professora.

Ela recorda que este primeiro projeto chegou a ser submetido à aprovação do Comitê de Ética, para que os alunos do curso de Eletrônica pudessem responder a um questionário sobre o lixo eletrônico, no entanto, as atividades não puderam ser aplicadas, já que as pesquisas de campo haviam sido suspensas em razão da pandemia.

Professora Adriana dos Santos Franco criou aplicativo E-lixo como produto do mestrado.jpeg“Diante disso, foram realizadas reuniões com a orientadora e co-orientador, onde foi definido um novo projeto que pudesse ser executado, mesmo com a ausência de aulas presenciais. E com isso, foi pensado outro projeto com objetivos parecidos, só que com metodologia diferente. Ele foi denominado ‘Desenvolvimento de um aplicativo para conscientização ambiental no descarte de placas de circuito impresso e seus componentes eletrônicos’, tendo como objetivo desenvolver um aplicativo para conscientização ambiental no descarte de placas de circuito impresso e de seus componentes eletrônicos”, comenta a docente, sobre o início do E-lixo.

Orientada pela professora Adriane Borges e coorientada pelo professor Cleumar Moreira, Adriana já vinha compartilhando suas experiências de pesquisa no meio acadêmico, por meio de congressos e publicações, no entanto foi a partir da prototipagem e programação do aplicativo que ela pode ampliar a discussão para toda a população.  

Antes de ser disponibilizado na plataforma do Google Play, o E-lixo foi registrado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). Para ter acesso a ele, basta acessar o Play Store e baixar o aplicativo. “Agora estou melhorando o aplicativo para poder liberar para todo Brasil o mais rápido possível”, pontuou.

Unidade de Maragogi tem centro de coleta de e-lixo

Para alunos e servidores do Campus Maragogi, a coleta seletiva de material eletrônico já é uma prática conhecida. É que o projeto de “Extensão Metarreciclagem e gestão ambiental de resíduos sólidos”, vem sendo desenvolvido desde 2018, quando a unidade passou a receber materiais como pilhas, baterias, smartphones, gabinetes, monitores, fios e cabos. Desde então, lá eles passam por uma triagem e são destinados para empresa Biodigital, sediada em Maceió.Resíduos ainda são integrados de forma alternativa à paisagem do Campus Maragogi.jpg

“O projeto nasceu de uma necessidade, que foi observada, na gestão de resíduos sólidos, e especificamente do lixo eletrônico, que via de regra, acaba sendo jogado nos lixões e nos aterros sanitários, de forma incorreta. Conforme preconiza a legislação ambiental brasileira, esse lixo deve ser recolhido e ter destinação específica”, pontuou o coordenador do projeto, Cassiano Albuquerque.

O Metarreciclagem foi inicialmente criado em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente de Maragogi, em 2018. No ano seguinte foi iniciado um novo convênio com a Secretaria de Meio Ambiente de Japaratinga. O resultado é que apenas nos dois primeiros anos foram colhidas mais de 2,5 toneladas de lixo eletrônico. Em 2020 ele teve que ser parado, por causas das restrições, mas em 2021, mesmo com a pandemia da Covid-19, foram recolhidos mais de 450 quilos.Projeto Metarreciclagem faz visitas de sensibilização sobre descarte correto dos resíduos em pousadas dos municípios de Margogi e São Miguel dos Milages.jpeg

Além da coleta, o projeto busca conscientizar as comunidades atendidas para o descarte adequado e reciclagem dos resíduos eletrônicos gerados pelo setor hoteleiro da região. Por isso os alunos fazem visitas às pousadas para debater com os trabalhadores e empresários do setor e sensibilizá-los para os impactos daqueles resíduos sobre o meio ambiente, que é a principal atração de turistas da região.

“O descarte inadequado do lixo influencia na liberação de substâncias tóxicas, que podem causar sérios impactos à natureza. O intuito do nosso projeto é diminuir os impactos ambientais e causar um bem-estar para a sociedade”, reforça o coordenador Cassiano.

É possível conhecer o Metarreciclagem  por meio da página do projeto, ou seguindo o perfil da iniciativa no Instagram.