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Ifal obtém registro no INPI de app desenvolvido no Campus Piranhas com foco na produtividade rural

Software pode calcular adubação e aplicação de calcário ideais para variadas culturas agrícolas

por Roberta Rocha publicado: 02/08/2021 12h36, última modificação: 02/08/2021 16h46

O Instituto Federal de Alagoas (Ifal) tem mais um avanço em matéria de tecnologia e inovação a comemorar. No final do mês de julho, um aplicativo desenvolvido no Campus Piranhas teve seu registro aprovado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O procedimento garante a proteção dos direitos do software por um período de 50 anos.

Criado a partir de projeto de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti) da instituição, o dispositivo faz cálculos de adubação e de aplicação de calcário no solo, técnica de fertilização da lavoura conhecida como calagem. O objetivo é aumentar a produtividade rural, recomendando os índices ideais das substâncias em questão para o cultivo de diversas culturas agrícolas. 

Os nomes por trás do invento? São os docentes da unidade de ensino do alto Sertão alagoano Luiz Felipe Naziazeno Neto (Informática) e Ênio Gomes Flôr Souza (Engenharia Agronômica) e o estudante de Engenharia Agronômica Lucas Akira Tanabe. Eles começaram a atuar no desenvolvimento da ferramenta no início de 2020. De lá para cá, ocorreu todo o processo de criação do sistema de informática na plataforma Android Studio, com uso da linguagem de programação Java, e mais de 60 culturas agrícolas foram cadastradas no banco de dados que alimenta o aplicativo.

O volume de informação disponível no software permite sua utilização mesmo sem conexão com a internet, o que é considerado pelos desenvolvedores o grande diferencial do app de adubação e calagem do Campus Piranhas em relação a iniciativas similares, por facilitar o uso da ferramenta diretamente no ambiente rural. "Quando só funciona on-line, aquele proprietário rural, aquele agrônomo, aquele técnico agrícola, ele necessita de internet para acessar. O nosso aplicativo, não. O nosso é totalmente off-line. Além disso, ele gera arquivos em formato PDF dessas recomendações para as culturas selecionadas pelo usuário. E esse arquivo em PDF pode ser compartilhado por e-mail ou qualquer mídia social. Ficou muito interessante", comemora o professor Luiz Neto.

App para produtores agrícolas

Em relação às culturas registradas no app, tiveram prioridade aquelas de maior importância econômica em Alagoas, como feijão, laranja, mandioca e milho. Mas segundo o bolsista Lucas Akira, esse não foi o único critério.

"Planejamos como seriam feito os cálculos, quais culturas podiam ser automatizadas. No começo, seriam colocados apenas cultivares de grande  expressão no estado, com base em área dedicada ao plantio, produção e economia, mas comecei a adicionar outras cultivares presentes no material que usamos para nos basear e os professores gostaram. Acabamos colocando todas que eram possíveis de serem usadas no método de cálculo", conta.

Desde as primeiras linhas de programação até a preparação do layout, o trabalho da equipe desenvolvedora foi integrado e envolveu realização de diversas pesquisas e adaptação dos métodos de cálculos presentes do Manual de Recomendação de Calagem e Adubação do Estado de Pernambuco, um trabalho minucioso porque a utilização de fórmulas de calagem são específicas para cada cultura agrícola.

"A fase de teste do protótipo foi muito importante para encontrar falhas, erros no software e saber a satisfação dos participantes em relação à usabilidade, aparência e facilidade de uso, além de  recebermos sugestões", destaca Lucas Akira.

Após as implementações necessárias, a versão prévia do aplicativo foi submetida à avaliação de estudantes de Engenharia Agronômica e professores do Campus Piranhas. A análise contemplou aspectos como layout, facilidade de instalação e de entendimento, informações técnicas e velocidade na execução das funcionalidades. Em decorrência da pandemia do coronavírus, os testes não foram estendidos ao ambiente rural.

Funcionamento

O app de adubação e calagem do solo do Ifal possui interface simples e design intuitivo. O usuário só precisa inserir algumas informações de análises físico-químicas do solo, cultura, variedade, espaçamento, fontes ou porcentagem de nutrientes de adubos. A partir daí, o software vai apresentar as recomendações de quantidade necessária, fornecer opções de adubos e ainda gerar arquivos no formato documento portátil com os valores obtidos.

Interface do aplicativo

De acordo com o professor Luiz Neto, há expectativa de inscrever outra proposta nos próximos editais de iniciação científica da instituição para aprimorar o invento. "A ideia é submeter um projeto novo, a mesma equipe, com novas funcionalidades [para o software]. E colocar também no Google Play, pois ele ainda não está disponível para o público". 

Registro de Propriedade Intelectual 

Para garantir a segurança jurídica em casos de necessidade de comprovação da autoria ou titularidade do aplicativo, a equipe desenvolvedora seguiu o fluxograma estabelecido pelo Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do Ifal, com o intuito de receber o registro de programa de computador concedido pelo INPI. Entre outros benefícios, o registro dá a chance de comercialização da inovação. "Quem fez essa ponte aqui com a gente foi o João Sorgato, que é servidor do NIT daqui do Ifal. Ele fez essa ponte entre o nosso projeto e o registro no INPI. Até que o registro foi expedido no dia 20 de julho", detalha Luiz Neto, sobre a intermediação do NIT durante todo o procedimento. 

Para Ricardo Luís Ribeiro, coordenador do NIT do Ifal, a padronização dos fluxogramas das solicitações de patente, registro de software e desenho industrial para invenções e modelos desenvolvidos pelos pesquisadores do Ifal tem facilitado o trâmite processual nesses casos. 

Como órgão da Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação (PRPPI) da instituição, o NIT é responsável direto pelo gerenciamento da política de inovação do instituto e por promover a proteção das invenções geradas no âmbito acadêmico. Por isso, o dirigente demonstra satisfação com a cultura que, segundo ele, vem sendo criada dentro do Ifal de buscar proteger essas pesquisas. "É resultado de algumas ações realizadas pela PRPPI através do NIT, que demonstram a importância da proteção da propriedade industrial produzida na instituição. De 2018 até os dias atuais tivemos um aumento expressivo nos pedidos de proteção, como pode ser visto no nosso portfólio de tecnologias", afirma Ricardo.

Em relação ao registro conquistado pela equipe do Ifal Piranhas, o coordenador não poupou elogios e considerou uma vitória institucional. "A cada pedido realizado e a cada concessão dada é também uma grande conquista para toda equipe do NIT. Ficamos contentes com os trabalhos desenvolvidos e com os resultados alcançados. Isso mostra o potencial das pesquisas do Ifal", finaliza.