Ifal de Palmeira dos Índios realiza projeto “Negritude em Foco”

Monique de Sá - jornalista

Em alusão ao dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), em Palmeira dos Índios, está realizando desde o dia 25, sábado, o projeto Negritude em Foco. O evento segue até o dia 30 e conta com uma programação diversificada com oficinas, minicursos, mesas e intervenções artísticas. Em sua primeira edição, a iniciativa pretende se estabelecer nas atividades acadêmicas e busca sensibilizar a comunidade do Instituto acerca da importância e urgência das discussões sobre a África e a cultura afro-brasileira no espaço escolar.

De acordo com o professor de História, Luiz Domingos, um dos organizadores do evento, o projeto nasceu de uma inquietação do corpo docente do Instituto, que se mostrou sensível à causa. “No histórico de Palmeira, percebemos que não tínhamos um evento que pudesse aglutinar as atividades ligadas à Consciência Negra. Então fizemos reuniões, montamos uma comissão organizadora e os professores envolvidos estão desde outubro realizando atividades em suas respectivas turmas tratando da questão negra nos diversos componentes curriculares”, esclarece.

O projeto Negritude em Foco tem, sobretudo, o intuito de dar visibilidade para a cultura negra, além de externalizar o protagonismo e positivar esse olhar sobre o negro no Brasil. “Esta semana tivemos polêmicas em redes sociais que trouxeram o preconceito à tona mais uma vez. Infelizmente no Brasil o racismo é uma realidade, então não basta que trabalhemos em cima de uma consciência humana, mas sim objetivando uma consciência à negritude, pois a consciência humana só vai se estabelecer quando conseguirmos definitivamente varrer o racismo da sociedade nos mais diversos níveis”, explica o professor, que garante que o evento estará no calendário acadêmico do próximo ano.

Segundo o diretor de ensino do campus, Maurício Ricardy, o projeto compactua com as ações e iniciativas ligadas à instituição, já que visa formar cidadãos e não apenas limitar-se à sala de aula com disciplinas técnicas.

“Nosso papel como educador é mostrar aos nossos alunos que nós somos uma escola para todas as pessoas independente de sexo, religião e etnia. A importância do Negritude em Foco está justamente na conscientização desses jovens que necessitam do aprendizado em sala de aula, mas também precisam aprender para a vida, afinal é inaceitável estarmos em pleno século XXI tendo o racismo batendo a nossa porta”, ressalta o diretor.

Conscientização que vem de cedo

 Jovens e conscientes de seu papel como cidadãs, as alunas do curso técnico de Edificações, Rayane Lima e Mônica Martins, ambas de 17 anos, participaram do projeto não só como ouvintes, mas também estiveram na organização do evento. Orgulhosas de seu papel, as alunas contam que para elas o Negritude em Foco foi de suma importância.

“Como brasileira está sendo muito importante para que possamos conhecer nossa cultura e aprender a respeitar as pessoas independentemente da cor, além de entender o que elas passam. Não ´dá para fingir que o preconceito não existe, por isso devemos ter empatia e nos colocar no lugar do outro”, diz Rayane.

Sobre o 20 de novembro

A data marca o aniversário da morte de Zumbi dos Palmares. Nascido em Alagoas, ele foi um dos maiores líderes negros do Brasil que lutou para a libertação do seu povo e contra o sistema escravista. O dia também é para lembrar da importância da igualdade racial e refletir sobre a discriminação que ainda é presente na sociedade.