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Grupo de Pesquisa Design e Estudos Interdisciplinares registra coleção no Inpi
Eco-raízes-do-Agreste foi pensado a partir da vegetação e do reaproveitamento dos insumos da região
Foi a partir do Programa de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibit) que duas alunas do Curso Superior de Tecnologia em Design de Interiores, do Campus Maceió, Érica Tenório e Valderis Torres, tiveram a primeira experiência de desenvolvimento de peças mobiliárias. O projeto “Design e Inovação na produção de estofados personalizados: ideação e experimentação a partir da reutilização de subprodutos”, desenvolvido entre os anos de 2014 e 2015, resultou em uma coleção inteira, de cunho inovador, chamada Eco-raízes-do-Agreste, cujas peças tiveram seus desenhos industriais depositados no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi), em fevereiro passado.
Coordenadora do projeto e uma das responsáveis pela redação das minutas de registro no Inpi, a docente do curso, Áurea Rapôso, explica que a ideia inicial era reaproveitar os insumos secundários ou subprodutos, não utilizados pela indústria moveleira da região Agreste, para propor uma segunda linha de móveis, mas o empenho e o trabalho em conjunto das alunas ocasionaram em peças criativas, que foram compiladas em duas linhas: uma mais orgânica e outra mais retilínea.
“Pensávamos em criar uma linha só, mas após as atividades de co-criação, onde utilizamos ferramentas de Design, com a produção de cartões de ideias, que foram gerados após as leituras e do acesso ao material, fizemos os roteiros para as sessões de Brainstorming. Estes também foram produzidos a partir de temáticas relacionadas ao Agreste, como a vegetação da cidade de Arapiraca, o angico branco, o sertão e a cultura alagoana”, disse a professora.
Não seria apenas a vegetação que que iria influenciar na nomeação da coleção e às linhas. Como à época, o APL de móveis do Agreste era o mais antigo, nas leituras, as alunas pensaram na realidade moveleira daquela região. “Então, focamos nosso olhar muito mais para ele, utilizando o banco de dados do Grupo de Pesquisa e pensando especificamente em seus insumos”, recordou Áurea.
As bolsistas utilizaram bastante as aparas de madeira, os retalhos de tecidos e flocos de espuma, para pensar o desenho das peças. “Esse material foi um consenso nas discussões, de que deveríamos usar essas aparas para dar mais uso as sobras de madeira”, justificou a docente.
As alunas também se preocuparam em produzir peças que fossem atemporais, fazendo com que elas pudessem ser adequadas a espaços diferentes.
“Isso porque elas fizeram uma pesquisa sobre as tendências de mobiliários, onde puderam ver várias características que deveriam usar: como tramas, estampas, a representação da brasilidade, a madeira à mostra, o material foi base de consulta para a criação das peças, durante toda a etapa de produção, enfatiza Áurea.
Primeiras experiências no desenho de móveis
Apesar de serem de turmas diferentes, as bolsistas disseram que o trabalho marcou o início de suas práticas profissionais. Se Valderis teve a oportunidade de utilizar o conhecimento obtido em sala de aula, nos seus cinco primeiros semestres de graduação, Érica sequer havia visto o conteúdo com que entraria em contato, na pesquisa.
“Eu estava no segundo período e participei por uma seleção de desenho. Depois que iniciamos a pesquisa, percebi que iria lidar com coisas que nunca havia trabalhado, na área de desenho e de escrita, e que teria que antecipar parte do conhecimento que iria obter apenas no sexto período”, recordou Érica.
A profissional acrescenta que foi ao realizar as pesquisas e entrar em contato com questões empresariais que as duas pensaram de forma mais concreta sobre que tipos de móveis poderiam desenhar, sem perder de vista os materiais e elementos componentes que poderiam ser reutilizados na formação de uma nova linha que fosse voltada às empresas que eram tomadas como referências.
Naquele momento, Valderis estava mais avançada nos estudos, mas ainda não possuía uma relação prática com o conhecimento que havia adquirido em sala de aula. “Se terminasse o curso e eu não tivesse participado do projeto, eu teria deixado de colocar em prática muita coisa. Hoje em dia, questões de design, como o uso da tendência, aliado às leituras e referências que a professora passava, tudo isso foi o que abriu a minha cabeça para a formulação de mais ideias”.
Para elas, a grande dificuldade foi colocar todas aquelas referências no papel, mas a divisão de tarefas, na produção do caderno de tendências e no levantamento dos materiais e subprodutos utilizados pelas empresas, fez com que as duas pudessem administrar melhor as informações.
Finalizados os desenhos, as alunas tiveram que produzir protótipos, foi quando Valderis despertou para outro talento, que passou a desenvolver profissionalmente, a partir de então, o de produção de miniaturas. Com desse talento, ela pode representar os móveis de forma fidedigna e coloca-los à exposição.
Em agosto desse ano, a Coleção Eco-raízes-do-Agreste deverá ser exposta a empresários convidados, por meio dos desenhos técnicos e modelos, em escala reduzida, para que eles possam avaliar a possibilidade de produção das peças.