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Conheça TAEs que ultrapassam o rol de atividades administrativas e colaboram com a produção científica no Ifal

publicado: 27/10/2017 14h46, última modificação: 30/10/2017 11h39

Lidiane Neves e Adriana Cirqueira - jornalistas

Tem início nesta sexta-feira (27) a série de reportagens intitulada “Técnicos em Ação”, que pretende retratar a atuação dos técnicos administrativos (TAEs) do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) em alusão ao Dia do Servidor, comemorado no sábado, 28 de outubro. Nesta primeira matéria, traremos técnicos que encabeçam atividades reconhecidas e de destaque relacionadas à pesquisa nos campi nos quais estão lotados, contribuindo para o desenvolvimento da educação e produção de conhecimento no instituto. Diversos eventos acadêmicos têm reconhecido a qualidade destes estudos e o próprio Ifal, por meio da seleção de projetos de pesquisa, é instituição que reconhece o potencial destes servidores para o encaminhamento de pesquisas que têm relevância para a comunidade.

As personagens que estreiam nossa série são a assistente social Danielly Sposito e a psicóloga Bárbara Guerreiro, que trabalham na unidade do Ifal em Penedo. Elas são exemplos do quão enriquecedor pode ser para a instituição a participação de TAEs no campo da pesquisa. Neste caso em específico, elas iniciaram um processo que resultou na adesão do Ifal ao programa do governo federal denominado Pró-Equidade de Gênero e Raça. A iniciativa consiste em disseminar novas concepções na gestão de pessoas e na cultura organizacional para alcançar a igualdade entre mulheres e homens no mundo do trabalho. Tudo teve início com o desenvolvimento de um projeto de iniciação científica (Veja mais sobre a iniciativa AQUI). No centro de alunos bolsistas de projetos sob sua coordenação, Danielly Sposito questionou as normas que impediam técnicos de assumirem a criação de grupos pesquisas.JPG

No entanto, elas não encontraram o caminho já pronto. Com mestrado e doutorado em Estudos de Gênero pela Universidade de Valência (Espanha), quando chegou ao Ifal em janeiro de 2015, Danielly se deparou com um empecilho: havia uma normativa do instituto que não permitia que TAEs, mesmo com qualificação acadêmica, coordenassem grupos de pesquisa cadastrados no Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CNPq). O documento foi questionado pela assistente social, que na época estava à frente da Coordenação de Apoio Acadêmico do campus Penedo. “Não tem como falar desse assunto e não reconhecer o papel que a direção local teve nesse processo. Sem o apoio da gestão, dificilmente, teríamos conseguido essa mudança”, lembra a assistente social, que era recém-chegada e estava tentando encontrar espaço para produzir conhecimento e contribuir através de pesquisas.

Embora a mudança no regulamento ainda não tenha sido oficializada, atualmente qualquer pessoa que seja técnica administrativa no Ifal e que tenha doutorado ou mestrado, somado a um currículo reconhecido que mostre produção científica, pode solicitar a criação de grupos de pesquisa. “Foi, sem dúvidas, um ganho importantíssimo, pois acredito que todas as pessoas que trabalham na educação, de um jeito ou de outro, estão produzindo conhecimento, e é muito injusto privá-las desse desenvolvimento”, opina a técnica, acrescentando que o perfil dos TAEs de hoje é diferente do perfil de anos atrás. “São pessoas que pesquisam, que não se limitam ao básico de suas funções e que realmente querem colaborar com a educação. Portanto, acho que qualquer instituição peca quando olha somente para o corpo docente como produtor de conhecimento”, avalia Danielly.Desde 2016 Bárbara Guerreiro vem trabalhando em conjunto com outras técnicas na produção de conhecimento científico.jpeg

Para a psicóloga Bárbara, essa abertura de campo proporcionada pela mudança de visão do Ifal sobre a atuação do corpo técnico administrativo representa um investimento. “Vejo como um incentivo poder contribuir com a produção de conhecimento dentro do Ifal e com a formação do corpo discente. Representa também uma oportunidade para que estudantes desenvolvam pesquisas em outras temáticas, além das áreas específicas que envolvem os cursos”, afirma a técnica que trabalha no campus Penedo desde março de 2015 e, atualmente, é mestranda em Psicologia pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

As duas servidoras também iniciaram o Grupo de Pesquisa em Gênero e Sexualidade (Genese) no Ifal Penedo. Entre os anos de 2016 e 2017, outros dois projetos de iniciação científica foram desenvolvidos pelo grupo, fornecendo instrumentos que permitam ao Ifal desenvolver ações que reduzam as desigualdades de gênero socialmente construídas e reproduzidas no âmbito institucional. Concluídas em agosto deste ano, as pesquisas ampliam para todos os campi o olhar com relação ao perfil das pessoas que trabalham na instituição, com informações sobre as áreas de atuação de servidoras e servidores e sobre a ocupação de cargos de poder e decisão em todo o instituto. O conhecimento gerado com todos esses trabalhos já foram também levados a eventos acadêmicos, entre eles o 11º Congresso Norte-Nordeste de Pesquisa e Inovação (Connepi), em dezembro de 2016, e o 13º Congresso Mundos de Mulheres e Seminário Internacional Fazendo Gênero 11, em agosto de 2017.

Com formação em Engenharia Agronômica e mestrado em Agronomia, Ademar assumiu a coordenação de alguns projetos assim que as atividades de pesquisa e extensão.jpgAdemar da Silva, técnico em Agropecuária do campus Satuba desde 2005 e ex-aluno da instituição, é outro TAE que vem fazendo a diferença em seu ambiente de trabalho, principalmente para alunos e alunas. Com formação em Engenharia Agronômica e mestrado em Agronomia, Ademar assumiu a coordenação de alguns projetos assim que as atividades de pesquisa e extensão forma iniciadas na escola e, até hoje, já desenvolveu no campus 9 projetos de pesquisa e 3 projetos de extensão.

O projeto de pesquisa mais recente, apresentado no último Conac, foi o “Produção de Eucalipto usando compostagem de MDF com urina humana, que conta com a colaboração de uma aluna bolsista e duas voluntárias. “Com esse projeto, estou coletando dados para elaboração da minha tese de doutoramento em Engenharia Industrial, na UFBA, onde sou aluno desde 2015”, informa Ademar. Em extensão, o TAE está desenvolvendo o projeto “Horta Medicinal para o Grupo de Idosos do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) do Santos Dumont – Maceió”, com a colaboração de duas estudantes.

Para Ademar, o desenvolvimento de estágio, de projeto de pesquisa e/ou de extensão são atividades que desafiam o aluno e o torna um profissional mais completo. “Sempre tive em mente que todo o conhecimento produzido nas instituições de ensino deve ser levado para o benefício da população - principalmente a mais carente. Por isso aproveitei o espaço oferecido pelo Ifal campus Satuba e a minha formação posterior para dar a minha parcela de contribuição”, finaliza.

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