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Estudantes do Ifal participam do 11º Congresso Nacional de Educação
Por Samuel Pontes, estagiário de Jornalismo*
O Instituto Federal de Alagoas (Ifal) participou, entre os dias 3 e 5 de outubro, do 11º Congresso Nacional de Educação (Conedu) 2025, que aconteceu no Centro de Convenções de Olinda, no estado de Pernambuco. A edição teve como tema central "Fazer educação a partir das margens: compromissos formativos".
A instituição foi representada por uma comitiva formada pelo professor do Campus Maceió, Lauro Lopes e Ricardo Cavalcanti, e por 40 estudantes participantes dos programas institucionais de bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e de Iniciação à Docência (Pibid), além de alunos de Ciências Biológicas, da modalidade de Cursos a Distância (EaD).
Diversidade e formação docente
No evento, os alunos apresentaram trabalhos desenvolvidos em projetos de acadêmicos desenvolvidos em diferentes modalidades nos campi Maceió, Arapiraca, Marechal Deodoro, Penedo e Benedito Bentes. Entre os projetos apresentados estava o da estudante de Ciências Biológicas, Ênatha Abreu, que ao longo de 2024, atuou como bolsista do Projeto de Ensino intitulado Formação de Professores/as: Vivenciando a Aprendizagem Colaborativa e Interdisciplinaridade. O trabalho foi orientado pela professora Regina Brasileiro.
“O objetivo do projeto de ensino foi articular os conhecimentos teórico-metodológicos sobre aprendizagem colaborativa e interdisciplinaridade, dialogando esses conceitos com os autores Ivani Fazenda e Antônio Nóvoa, utilizando os Laboratórios Interdisciplinares de Formação de Educadores (Lifes), com público-alvo os estudantes das cinco licenciaturas do Ifal, cursando a partir do 3º período”, pontua Ênatha.
A iniciativa contemplou as licenciaturas de Ciências Biológicas, Química, Física, Matemática e Letras-Português. Ao longo do ano, os estudantes tiveram contato com oficinas e palestras ministradas pelos docentes da própria formação de professores do Campus Maceió, contemplando as diferentes áreas de ensino.
“Assim, a aprendizagem colaborativa e a interdisciplinaridade aconteceu desde a execução do projeto, por meio do engajamento do quadro de professores, até a sua implementação com os estudantes participantes. A proposta foi de que os estudantes elaborassem materiais didáticos contemplando ao menos duas áreas de estudos diferentes. Os resultados incluíram a produção de dois jogos de tabuleiro “Bioquim” e “Bioquimática” e dois Modelos Didáticos Anatômicos dos Sistemas Digestório e Excretor”, recorda a discente.
Ênatha conta ainda que submeteu o trabalho no formato de Comunicação Oral e a apresentação aconteceu em uma roda de conversa, onde foi possível socializar a experiência. Além disso, ela conta que a socialização foi muito gratificante, pois estavam presentes outros estudantes que faziam parte de projetos acadêmicos, revelando a importância do financiamento público para tais iniciativas.
“Foi através deste financiamento que pudemos executar o projeto de ensino e levá-lo a um Congresso Nacional, onde pessoas de vários estados e instituições diferentes tiveram a chance de conhecer, e eu também tive a chance de conhecer outros projetos que são desenvolvidos em diversas áreas da formação de professores. Foi um momento muito importante de troca e reconhecimento do nosso trabalho. Estou muito grata ao Conedu e ao Ifal por proporcionar essa vivência em minha caminhada como professora em formação”, afirmou Ênatha.
Outro destaque do evento foi o trabalho apresentado pelo aluno João Pedro Fradique de Lima, do curso de Letras-Português, e orientado pelo professor Ricardo Cavalcanti. Ele relata que a pesquisa buscou compreender o percurso formativo dos discentes que fazem parte das juventudes LGTBQIAPN+ do Ifal, em específico do campus Maceió, tendo em conta o currículo escolar que lhes é ofertado, as relações de acolhimento (ou não) no ambiente escolar e a inserção qualitativa dessa população no mercado de trabalho.
João conta que a participação em uma iniciação científica pode ser considerada um divisor de águas na formação inicial docente. Ele explica que a possibilidade de refletir criticamente sobre o currículo escolar é uma prática inclusiva que leva em conta as subjetividades dos discentes, além de aproximar os graduandos do universo científico e romper com o imaginário do cientista como alguém distante do resto da sociedade.
“É sempre algo muito singular poder participar de eventos acadêmicos e apresentar algo que vimos desenvolvendo aqui no Ifal, dessa vez em específico foi muito gratificante para mim, enquanto um pesquisador da Linguística Aplicada Queer, poder debater sobre questões de gênero e sexualidade no maior congresso de educação do nosso país. Ainda que timidamente, ao considerar que essa foi a primeira vez que o Conedu contou com um GT que discute questões de gênero e sexualidade em educação”, enfatiza João.
Para o estudante, percebe-se uma mudança na forma como se tem pensado o currículo escolar, “além disso, abordar essas temáticas em um evento das proporções do Conedu possibilita novos olhares para a educação e para os sujeitos que são silenciados, marginalizados e, em muitos casos, excluídos do ambiente escolar mediante um currículo que ainda é direcionado a esse sujeito hegemônico, universal e branco”, concluiu João.
O Ifal no Conedu
O Conedu é um evento anual que tem como objetivo promover discussões que valorizem as práticas dos profissionais da Educação, aproximando cada vez mais a universidade da escola de educação básica para a produção de conhecimentos, demandas formativas e avaliativas. O evento envolve profissionais de diferentes setores, promovendo a integração entre educação, culturas, sujeitos e práticas, onde também são apresentados a produção científica, por meio dos grupos de trabalho, proporcionando aos participantes debates sobre avaliação no contexto atual da educação.
“Ter a representação de estudantes e de servidores do Pibid e do Pibic no considerado maior Congresso da Educação do Brasil reafirma o compromisso institucional, que temos empreendido, para uma formação de professores-pesquisadores, numa perspectiva reflexiva e mais consistente, além de estudantes de iniciação científica no propósito de difundir as pesquisas que estamos desenvolvendo. É mais um marco na produção e na difusão do conhecimento socialmente referenciado”, expressa o professor Ricardo Cavalcanti, coordenador institucional do Pibid/Ifal.
*Sob a supervisão de Jhonathan Pino, jornalista
