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Ensino remoto: retomada dos vínculos mobiliza estudantes e docentes no Ifal
Ao ver os colegas de classe reunidos em uma sala de aula virtual, na primeira atividade remota da sua turma, o estudante Rafael Leandro Menezes se emocionou. Desde 18 de março, quando o calendário acadêmico do Instituto Federal de Alagoas - Ifal foi suspenso pela primeira vez, em razão da pandemia do coronavírus, o aluno do curso técnico em Segurança do Trabalho do Campus Palmeira dos Índios não via a turma reunida. "Foi um sentimento de nostalgia, uma alegria muito grande de estar revendo todo mundo, os alunos, o professor. A gente se falava no grupo [do Whatsapp] da aula remota antes de começar, mas não tinha esse contato visual", contou.
Com o retorno das atividades acadêmicas autorizado na instituição, por meio do ensino remoto emergencial, outros estudantes e docentes do Ifal retomaram os vínculos e reafirmam a sensação gratificante do reencontro. Para o professor Jesimiel Pinheiro, que ministra as aulas para Rafael e sua turma no Campus Palmeira, as inseguranças sobre a adoção do modelo remoto deram lugar ao diálogo e às possibilidades de troca no convívio.
"Havia uma apreensão da parte de todos, tanto do professor quanto dos alunos. Mas com pouco tempo de aula, os alunos perceberam a diferença entre o ensino EaD e o ensino remoto. Houve interação, houve sala de aula invertida, apresentação de vídeos, de slides, fizemos debates. Então para mim, é um mecanismo que já deu certo. A qualidade não deixará de existir, porque os professores são os mesmos, a instituição é a mesma", declarou o docente, além de defender o retorno "para que os alunos não sofram consequências impactantes na sua vida com atrasos na sua formação".
A preocupação de Jesimiel está contemplada nas diretrizes institucionais da Resolução nº 50/2020 do Conselho Superior do Ifal, onde se estabeleceu a perspectiva do retorno gradual das atividades acadêmicas, atendendo obrigatoriamente às séries finais dos cursos ofertados no Instituto.
Rafael Leandro Menezes, um dos discentes à espera de concluir o curso neste ano letivo, apoia o esforço institucional para garantir a continuidade do ensino. "Está sendo muito proveitoso. Eu mesmo estava sentindo falta das aulas, de tudo. É lógico que não é a mesma coisa do presencial, mas está sendo muito proveitoso mesmo. Eu só tenho a agradecer o esforço que está sendo feito para manter a gente no curso, para que a gente não se atrase", destacou. "E também não esquecendo do auxílio. No meu caso, eu optei por receber o tablet, porque tenho acesso à internet, só que estou sem computador. No celular, fica complicado, porque chega mensagem, alguém fala. Com o tablet, vai ser exclusivamente para o Ifal, para estudar".
Auxílio Conectividade - Para possibilitar o acesso à internet a estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica, dois programas de conectividade estão em andamento no Ifal, o Auxílio Conectividade e o Projeto Alunos Conectados. As iniciativas preveem distribuição de chips telefônicos com pacote de dados móveis de 40GB, auxílio financeiro para contratação de serviço de internet fixa ou móvel e para aquisição de tablets, além da própria doação de tablets. O primeiro lote com 1.350 equipamentos já foi distribuído e outros 900 estão em processo de entrega aos campi.
Nova realidade - O entusiasmo diante do novo formato de aulas pode não ser completo, mas a estudante Julliana Rocha, do Campus Batalha, unidade que implantou o ensino remoto em todas as turmas e séries, aponta a necessidade de encarar os desafios da adaptação ao modelo. "As aulas remotas começaram há algumas semanas. Já deu para ter noção da rotina, mas ainda é fase de adaptação. Acredito que não é questão de gostar ou desgostar, é o modo que temos para estudar no momento, então devemos nos dedicar para manter os estudos", afirmou.
De acordo com o professor do Ifal Batalha Magno Abreu, o trabalho de conscientização sobre a nova realidade do ensino na instituição vem sendo constante. Os resultados alcançados, na sua opinião, são positivos. "Tenho trabalhado para que o aluno entenda que não é a mesma situação do presencial. O professor trabalha muito mais para o preparo de aula, tem que se planejar muito mais com essa dinâmica. E o aluno tem muito mais responsabilidade também. Exige disciplina nos momentos assíncronos", relatou.
O educador acredita que o ensino remoto aconteceu de forma estruturada, com treinamento para o corpo docente, tempo de organização para os campi e oferta do Auxílio Conectividade para os discentes. A preocupação agora, para ele, é tornar as aulas cada vez mais atrativas, considerando o momento atípico de pandemia.
"Busco ter uma interação agradável com os alunos. Então eu brinco, uso máscaras. E toda aula é uma expectativa de qual é a fantasia que vou utilizar naquele dia. Incluo jogos. Tudo isso para que a gente possa ofertar aos nossos alunos as melhores possibilidades, com participação nos fóruns, lendo tópicos, assistindo vídeos, fazendo resumo, respondendo questionários, com atividades interativas. Na disciplina de Tecnologia de Açúcar, por exemplo, os alunos puderam na sua própria casa fazer pequenas experiências, para que não percam a chance de exercitar a prática", descreveu .
Processo de ambientação - A solidez na implantação do ensino remoto, conforme Magno Abreu, veio de um percurso longo de preparação. As discussões sobre a plataforma a ser utilizada iniciaram no último mês de maio, até chegar à decisão do uso do Google Classroom como ferramenta auxiliar. A partir daí, professores e estudantes do campus passaram a se familiarizar com as funcionalidades disponíveis. Também durante esse período, foram oferecidos cursos pela Pró-Reitoria de Ensino do Ifal ao corpo docente do Instituto, relacionados às ferramentas de suporte, metodologias ativas e o sistema acadêmico da instituição, o Sigaa.
"Quando iniciamos o ensino remoto no Campus Batalha, a gente já tinha uma certa aptidão com o sistema, justamente porque já estávamos trabalhando com ele. Os cursos e estudos preliminares deram uma visibilidade muito boa de quais ferramentas a gente poderia utilizar para adotar um ensino remoto de qualidade dentro da instituição". Na prática, Magno tem explorado as facilidades tecnológicas que tem à disposição. "Eu exponho os slides através de mesa digitalizadora, assim consigo descrever, calcular, escrever dentro e fora dos slides. Utilizo outro monitor para que eu consiga ver a apresentação e acompanhar a reação dos alunos também, porque a gente consegue ter o feedback, com a resposta facial", finalizou.
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