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Em dia de posse, Campus Arapiraca recebe primeiro docente surdo da instituição

Alessandro Vasconcelos atuará como professor de Libras, do curso de Letras da unidade

por Jhonathan Pino publicado: 10/10/2022 11h10, última modificação: 11/10/2022 21h22

Recife e Feira de Santana são as origens dos novos servidores empossados no Instituto Federal de Alagoas (Ifal), na última sexta-feira (7). Enquanto o baiano Jonatas Gonzaga, novo analista de Tecnologia da Informação, do Campus Marechal Deodoro, tomou posse de surpresa, já que havia ido à Reitoria apenas para entregar os documentos pendentes, a chegada do pernambucano Alessandro Vasconcelos significa o fim de uma espera de mais de três anos, após ser aprovado como professor de Libras, no Campus Arapiraca.Alessandro Vasconcelos esteve acompanhado de sua mãe, André Vasconcelos, na cerimônia de posse.JPG

A cerimônia de posse, realizada pelo reitor Carlos Guedes e representantes das diretorias sistêmicas do Ifal, poderia ter sido apenas mais um momento de alegria para os envolvidos, não fosse um detalhe: o protagonismo de Alessandro, ao entrar no Ifal como o primeiro servidor surdo aprovado para atuar como docente na instituição. Acompanhado de sua mãe, Andréa Vasconcelos, ele lembrou que a acessibilidade ainda não é uma realidade comum.

“As minhas dificuldades não foram tantas, porque minha família deu todo o suporte. Desde criança, eu tive acompanhamento de fonoaudiólogos e aprendi a me comunicar de forma oral. Oralizo sempre que preciso, mas prefiro me comunicar em Libras. Por isso fico muito feliz por me proporcionarem esse momento acessível, na cerimônia de posse”, pontuou o docente.Natural de Recife, Alessandro Vasconcelos será o primeiro docente surdo da instituição.JPG

Os sinais de Alessandro foram interpretados por outros dois servidores do Ifal, Vinícius Leonam e Charridy Max, que saíram respectivamente dos campi Marechal Deodoro e Maceió, para receber o novo docente com a acessibilidade devida. Ao se revezarem no papel de intérpretes em Libras, eles deram a oportunidade para que os membros da gestão conhecessem a atuação e trajetória acadêmica do recém-chegado.

“Tenho formação em Logística e Letras Libras. Também tenho especialização em Educação em Libras e no momento faço uma especialização e mestrado, este último na área de Linguística. Atuei como professor substituto na Universidade Federal de Pernambuco e também sou professor no meu estado de origem", detalhou Alessandro.Cerimônia da posse foi realizada de forma híbrida na úlima sexta (7).JPG

Inclusão e acessibilidade no Ifal

Na cerimônia, a diretora de Gestão de Pessoas (DGP), Adriana Nogueira ressaltou que a política de inclusão do Ifal já vinha contando com intérpretes de Libras nos últimos anos, para receber alunos surdos, no entanto, a chegada de Alessandro significaria um passo à frente, em relação à acessibilidade.

“A gente fala muito em inclusão dentro da nossa instituição. Ela é um de nossos propósitos: a inclusão de nossos alunos, como também dos educadores. Não é uma tarefa fácil: tem muitos obstáculos, mas a trajetória de Alessandro demonstra que esse processo faz parte da promoção de uma educação pública, de qualidade e inclusiva, que estamos vivenciando aqui. Eu espero que essa casa realmente possa ser inclusiva, que possa dar continuidade a essa formação pelo qual ele já vem passando; que ele possa ocupar nossos espaços e ajudar nesse papel de proporcionar a acessibilidade que temos”, comentou Adriana.Cledilma Costa pontuou que posse só acontece  porque unidades cederam o código de vagas para o Campus Arapiraca.JPG

A Pró-reitora de Ensino, Cledilma Costa, lembrou o papel que a mãe de Alessandro teve em sua trajetória. “Me permita incluir nessa cerimônia a mãe dele, Andréa. Eu lembro das ligações telefônicas dela, anos atrás, perguntando sobre a posse, que só foi possível agora, diante do panorama do cenário adverso que enfrentamos no Governo Federal. A posse do servidor de hoje é possível porque o código de vaga foi cedido por um outro Campus, apesar de todo o planejamento pelo qual o curso de Letras é marcado. Assim como o período de gestação de nove meses foi grande, para Andréa, o nosso período de espera pelo Alessandro foi ainda maior, mas só foi possível porque havia a vontade em comum de vários atores da instituição", pontuou.

Tecnologia da InformaçãoJonatas Gonzaga é natural de Feira de Santana, Alessandro, de Recife

Apesar da excepcionalidade do momento de recepção do primeiro docente surdo, o reitor Carlos Guedes lembrou que a chegada de mais um analista de tecnologia também é parte do processo de inclusão, pois ele irá desempenhar uma atividade meio em uma área ainda deficitária na instituição. “A entrada de Alessandro e do Jonatas se encaixa numa grande missão da instituição. Nosso principal objetivo é assegurar o acesso à permanência dos estudantes, para que possamos promover a transformação social. Uma missão que precisa da atuação de vocês dois”, pontuou o reitor.