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Em dia de posse, Campus Arapiraca recebe primeiro docente surdo da instituição
Alessandro Vasconcelos atuará como professor de Libras, do curso de Letras da unidade
Recife e Feira de Santana são as origens dos novos servidores empossados no Instituto Federal de Alagoas (Ifal), na última sexta-feira (7). Enquanto o baiano Jonatas Gonzaga, novo analista de Tecnologia da Informação, do Campus Marechal Deodoro, tomou posse de surpresa, já que havia ido à Reitoria apenas para entregar os documentos pendentes, a chegada do pernambucano Alessandro Vasconcelos significa o fim de uma espera de mais de três anos, após ser aprovado como professor de Libras, no Campus Arapiraca.
A cerimônia de posse, realizada pelo reitor Carlos Guedes e representantes das diretorias sistêmicas do Ifal, poderia ter sido apenas mais um momento de alegria para os envolvidos, não fosse um detalhe: o protagonismo de Alessandro, ao entrar no Ifal como o primeiro servidor surdo aprovado para atuar como docente na instituição. Acompanhado de sua mãe, Andréa Vasconcelos, ele lembrou que a acessibilidade ainda não é uma realidade comum.
“As minhas dificuldades não foram tantas, porque minha família deu todo o suporte. Desde criança, eu tive acompanhamento de fonoaudiólogos e aprendi a me comunicar de forma oral. Oralizo sempre que preciso, mas prefiro me comunicar em Libras. Por isso fico muito feliz por me proporcionarem esse momento acessível, na cerimônia de posse”, pontuou o docente.
Os sinais de Alessandro foram interpretados por outros dois servidores do Ifal, Vinícius Leonam e Charridy Max, que saíram respectivamente dos campi Marechal Deodoro e Maceió, para receber o novo docente com a acessibilidade devida. Ao se revezarem no papel de intérpretes em Libras, eles deram a oportunidade para que os membros da gestão conhecessem a atuação e trajetória acadêmica do recém-chegado.
“Tenho formação em Logística e Letras Libras. Também tenho especialização em Educação em Libras e no momento faço uma especialização e mestrado, este último na área de Linguística. Atuei como professor substituto na Universidade Federal de Pernambuco e também sou professor no meu estado de origem", detalhou Alessandro.
Inclusão e acessibilidade no Ifal
Na cerimônia, a diretora de Gestão de Pessoas (DGP), Adriana Nogueira ressaltou que a política de inclusão do Ifal já vinha contando com intérpretes de Libras nos últimos anos, para receber alunos surdos, no entanto, a chegada de Alessandro significaria um passo à frente, em relação à acessibilidade.
“A gente fala muito em inclusão dentro da nossa instituição. Ela é um de nossos propósitos: a inclusão de nossos alunos, como também dos educadores. Não é uma tarefa fácil: tem muitos obstáculos, mas a trajetória de Alessandro demonstra que esse processo faz parte da promoção de uma educação pública, de qualidade e inclusiva, que estamos vivenciando aqui. Eu espero que essa casa realmente possa ser inclusiva, que possa dar continuidade a essa formação pelo qual ele já vem passando; que ele possa ocupar nossos espaços e ajudar nesse papel de proporcionar a acessibilidade que temos”, comentou Adriana.
A Pró-reitora de Ensino, Cledilma Costa, lembrou o papel que a mãe de Alessandro teve em sua trajetória. “Me permita incluir nessa cerimônia a mãe dele, Andréa. Eu lembro das ligações telefônicas dela, anos atrás, perguntando sobre a posse, que só foi possível agora, diante do panorama do cenário adverso que enfrentamos no Governo Federal. A posse do servidor de hoje é possível porque o código de vaga foi cedido por um outro Campus, apesar de todo o planejamento pelo qual o curso de Letras é marcado. Assim como o período de gestação de nove meses foi grande, para Andréa, o nosso período de espera pelo Alessandro foi ainda maior, mas só foi possível porque havia a vontade em comum de vários atores da instituição", pontuou.
Tecnologia da Informação
Apesar da excepcionalidade do momento de recepção do primeiro docente surdo, o reitor Carlos Guedes lembrou que a chegada de mais um analista de tecnologia também é parte do processo de inclusão, pois ele irá desempenhar uma atividade meio em uma área ainda deficitária na instituição. “A entrada de Alessandro e do Jonatas se encaixa numa grande missão da instituição. Nosso principal objetivo é assegurar o acesso à permanência dos estudantes, para que possamos promover a transformação social. Uma missão que precisa da atuação de vocês dois”, pontuou o reitor.