Você está aqui: Página Inicial > Notícias > Egressa do Ifal lança livro sobre as mulheres e a luta agrária
conteúdo

Notícias

Egressa do Ifal lança livro sobre as mulheres e a luta agrária

A roda de conversa contou com importantes discussões sobre a resistência feminina nos assentamentos agrários de Alagoas
publicado: 09/11/2025 15h46, última modificação: 09/11/2025 15h46

Durante a 11ª Bienal  Internacional do Livro de Alagoas, no estande do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), uma das programações contou com com bastante música, luta e resistência. A roda de conversa “Vivências e atuações de mulheres em assentamentos de Alagoas”, mediada pela coordenadora do Projeto Mulheres Mil,  Crísea Cristo, do campus Murici, contou com a participação de vários membros dos Assentamentos Dom Elder, de Murici, Padre Emílio April, de União dos Palmares e Nova Jerusalém, em Maragogi.

Todas tiveram espaço de fala, principalmente mulheres como Maria Rita Rosa (Assentamento Dom Elder), Edclaudia Rocha, Edcleide Rocha, Madalena da Silva (Assentamento Padre Emílio April), Maria Jaqueline Vicente e Maria de Jesus (Assentamento Nova Jerusalém) , que puderam contar  suas experiências como agricultoras e as histórias que resistem do lugar em que vieram. 

No primeiro momento, foi exibido o documentário “Cultiva, Maria!”, da egressa do curso técnico em Agroecologia, Leonarda Rodrigues, do Ifal Campus Murici, sob a orientação da professora e pesquisadora Géssika Carvalho.  Projeto este que nasceu do Programa Institucional de Bolsas de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti),e foi selecionado para 15ª Mostra Sururu de Cinema Alagoano, que aconteceu em dezembro de 2024. Depois de uma chegada marcada pela mística apresentada por integrantes de várias idades dos assentamentos, enquanto estendiam a bandeira roxa do Movimento de Mulheres Camponesas, a egressa Leonarda lançou o seu  livro
físico “Semeando Resistência: A História do Assentamento Padre Emílio April - Sítio Gordo”.

Segundo Leonarda, a ideia de desenvolver o livro surgiu quando, em uma visita ao assentamento, a líder do local mostrou que eles já tinham um livro feito a mão pelos próprios moradores, que se chama “Semeando Memórias”: “Então a gente teve a ideia de pegar esse livro como base e fazer um novo livro, expandindo essa história e captando mais detalhes”, conta a autora do livro. Ediclaudia da Rocha, integrante do assentamento Padre Emílio April, do
município de União dos Palmares, que segurou durante toda a conversa o livro original em suas mãos, explica que a história conta todo processo passado pelo assentamento, desde a época de foreiros até se transformar em assentamento. “Contar a história hoje  em livro é poder dizer que temos continuidade na história, para que nossas crianças futuramente tenham acesso a todo o processo.” 

Sobre a importância do livro, Leonarda explica que a narrativa traz uma perspectiva feminina da história do assentamento. “Além de mostrar a história do assentamento que, em si, já é de muito valor, ele mostra a partir da visão feminina, que geralmente é muito invisibilizada. Normalmente a história é escrita por homens, como se apenas eles fossem protagonistas, e na história do assentamento a gente percebe que o protagonismo é majoritariamente feminino, então se essa história fosse contada por homens eu acredito que ela não teria o impacto e a quantidade de detalhes que tem sendo contada pelas próprias autoras”.

A professora Géssika Carvalho, que se emocionou durante toda a conversa, conta que seu objetivo é dar voz e visibilidade às mulheres do assentamento. “A gente sabe que ao longo da história, as mulheres foram silenciadas, e
muitas vezes os trabalhos das mulheres agricultoras não eram vistas como trabalho. Então, todos os projetos que venho desenvolvendo são para isso, dar voz e visibilidade às mulheres agricultoras”, aponta a pesquisadora. 
“Vão a luta, a gente vai estar aqui do outro lado, na academia, sempre integrando com vocês, mostrando o caminho, orientando, levando o conhecimento e trazendo o conhecimento de vocês para a sociedade. Nós somos meio, mas vocês são início”, finaliza Leonarda. Esta atividade ocorreu no último dia 04 de novembro.

* sob a supervisão de Adriana Thiara Oliveira