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Ifal alinha propostas para combater a pobreza menstrual na instituição

Membros da gestão, da Assistência Estudantil e servidoras interessadas conversaram sobre o tema e definiram encaminhamentos

por Roberta Rocha publicado: 25/10/2021 16h18, última modificação: 25/10/2021 17h08

Uma parceria institucional foi firmada, na última sexta-feira (22), visando o fortalecimento de ações com foco na dignidade menstrual no âmbito do Instituto Federal de Alagoas - Ifal. Gestão, Assistência Estudantil e servidoras sensíveis à temática se reuniram para discutir a institucionalização da política de distribuição de absorventes íntimos a alunas do Ifal.

As servidoras envolvidas na iniciativa são a pedagoga do Campus Maceió Elizabete Patriota e a professora do Campus Marechal Deodoro Lídia Fabiana Vasconcelos, ambas vinculadas a um programa de pós-graduação stricto sensu na capital alagoana, onde cursam a disciplina Seminários Temáticos. Como exigência desse componente curricular, elas precisariam desenvolver uma atividade de impacto na sociedade civil, sob o contexto da educação básica e do atendimento de grupos vulneráveis. Assim, as profissionais elaboraram a proposta de ampliação do debate a respeito da pobreza menstrual no Ifal e apresentaram na reunião de sexta-feira, que também contou com a participação da orientadora do trabalho, professora Daniela Kabengele (Universidade Tiradentes - Unit/AL). 

"A ideia surgiu como resultado da disciplina que é comum ao mestrado e doutorado da Unit- AL. O nosso projeto intitulado A Face Feminina da Pobreza tem como proposta fazer uma roda de conversa com os colegas que atuam na Assistência Estudantil do Ifal para discutir a temática pobreza e dignidade menstrual, bem como institucionalizar a política de distribuição de absorvente íntimo como elemento constitutivo da política de assistência às alunas do Ifal, associado ao projeto da Diretoria de Políticas Estudantis / Pró-Reitoria de Ensino", resumiu Lídia Vasconcelos.

De acordo com Elizabete Patriota, a decisão de desenvolver essa prática no Ifal tem relação também com o fato de que é a instituição quem financia a pesquisa das duas pós-graduandas por meio do Programa de Incentivo à Qualificação em Cursos de Pós-Graduação. "E qual o nosso grande objetivo? Institucionalizar a política de distribuição de absorventes íntimos para todas as alunas do Ifal, considerando que nossa clientela é majoritariamente formada por alunas oriundas da escola pública e das classes mais populares, das classes mais pobres. Então nossa pretensão é que a institucionalização da política se dê para todas as alunas, razão por que nós vamos enviar ao Conselho Superior uma proposta para que essa distribuição seja definitivamente incorporada à política de assistência do Ifal", destacou a pedagoga.

Preocupação institucional 

A proposta das servidoras se alinha a resoluções da Diretoria de Políticas Estudantis - DPE da instituição que já estão em andamento. Diretora em exercício da DPE, a assistente social Karine Santos apresentou, durante a reunião, o projeto vinculado ao Programa de Assistência à Saúde da Assistência Estudantil do Ifal que propõe a implementação de ações para minimizar a pobreza menstrual das discentes em situação de vulnerabilidade socioeconômica matriculadas na instituição.  

"A DPE encabeçou com a Proen e o reitor essa ideia, que já vinha sendo discutida há mais ou menos um mês, com contribuições do pessoal da Medicina e da Enfermagem. A Assistência Estudantil já tem uma ação que disponibiliza absorventes nos campi, nos setores de saúde, para distribuição emergencial. No entanto, a gente observou com o retorno da discussão sobre a temática da pobreza menstrual, que essa ação seria ainda pequena para as demandas que nós temos. Aí veio a proposta de atender também as estudantes que têm vulnerabilidade social", detalhou Karine.

Conforme a dirigente, a decisão de ampliar o público atendido veio com o aprofundamento dos diálogos sobre o tema, que favoreceu a quebra de tabus e revelou a importância da institucionalização da entrega dos absorventes íntimos. "A gente percebeu com o debate que só a disponibilidade emergencial nos campi ainda era uma ação muito inicial e que a gente precisava fortalecer. Como tanto a Pró-reitoria de Ensino quanto o reitor também demonstraram essa preocupação, a gente agora vai executar em termos financeiros e em termo de atendimento ao estudante, que tem que estar previsto na Política de Assistência Estudantil, tem que estar dentro do nosso programa, das áreas de atuação", apontou a diretora em exercício, acerca do planejamento para colocar as deliberações em prática.

Presente na reunião de exposição das propostas das servidoras e do DPE, o reitor do Ifal, Carlos Guedes, sinalizou positivamente quanto à disponibilidade de orçamento para aquisição de absorventes para atender estudantes em vulnerabilidade socioeconômica e também de espaços apropriados para acomodar os referidos itens nos banheiros femininos. 

POBREZA MENSTRUALSegundo Karine Santos, em 2021 foi incluído 500 pacotes de absorventes para compra pelo setor médico do Ifal, no entanto, como no processo licitatório não houve comparecimento de nenhum licitante ao certame, será necessário reorganizar uma nova compra. "A gente vai encabeçar um processo, para finalizar até o final do ano, para atender mais de 3.400 estudantes que estão em situação de vulnerabilidades", afirmou. O quantitativo em questão considerou o levantamento de alunas assistidas por programas de bolsas e auxílios na instituição.  

Entre os encaminhamentos tomados na reunião de alinhamento de iniciativas de combate à pobreza menstrual no Ifal, ficou acordado o envolvimento do Departamento de Comunicação em ações de mobilização sobre o tema e campanhas de divulgação com base nas ações que serão realizadas para o fortalecimento da dignidade menstrual no Ifal. "Vamos trabalhar com matérias jornalísticas, conteúdos para redes sociais e suporte em possíveis eventos", adiantou a chefe do DCE, Melissa Menezes.

Outro ponto pactuado foi a articulação de uma roda de conversa envolvendo vários segmentos profissionais do Ifal, como os da Assistência Social, da Pedagogia, da Psicologia, da Medicina e da Enfermagem dos campi, com o intuito de discutir a temática e fomentar o engajamento na causa. Ainda não há data agendada para a atividade.

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