Você está aqui: Página Inicial > Notícias > Do Conhecimento à Autonomia: O Impacto do Programa Mulheres Mil no Ifal
conteúdo

Notícias

Do Conhecimento à Autonomia: O Impacto do Programa Mulheres Mil no Ifal

A educação e a inclusão social estão ajudando mulheres em situação de vulnerabilidade a se tornarem protagonistas de suas histórias
publicado: 06/10/2024 21h20, última modificação: 06/10/2024 21h20

Por Laís Marques, estagiária de Jornalismo*

O Programa Mulheres Mil, instituído nacionalmente em 2011, tem como objetivo formar profissional e tecnologicamente mulheres em situação de vulnerabilidade social, permitindo, assim, a elevação da escolaridade, a inclusão social e a inserção dessas mulheres no mercado de trabalho. Além disso, o projeto possibilita, de acordo com suas diretrizes, a redução das desigualdades sociais e econômicas das mulheres, a defesa da igualdade de gênero, o combate à violência contra a mulher e a promoção do acesso ao exercício da cidadania.

No Instituto Federal de Alagoas (Ifal), em seu primeiro ciclo, ofereceu 288 vagas para mulheres de quatro municípios: Arapiraca, Maragogi, Piranhas e Satuba. Na fase inicial, alguns dos cursos disponibilizados foram: Promotora de Vendas; Agricultura Orgânica; Produtor de Derivados do Leite; Horticultor Orgânico, entre outros. Segundo dados da Pró-Reitoria de Extensão (Proex), estima-se que, neste ciclo, 80% das mulheres matriculadas concluíram o curso.

No segundo ciclo, que teve início em setembro deste ano, foram oferecidas 519 vagas em sete municípios, entre os quais estão Girau do Ponciano, Maragogi, Satuba, Mata Grande, Palmeira dos Índios, Batalha e Viçosa, com os seguintes cursos: Promotora de Vendas; Agricultura Orgânica; Produtora de Derivados de Leite; Artesã de Bordado à Mão; Assistente Escolar; Editor de Vídeo; Cuidar de Idoso; Agricultor Orgânico; Agente de Recepção e Reservas em Meios de Hospedagem; e Vendedor.

Os cursos dispõem, em média, de 72 vagas e possuem uma carga horária fixa de 160 horas, podendo durar entre três eAluna do Mulheres mil quatro meses, e são escolhidos de acordo com as vocações econômicas de cada região. Segundo a Supervisora Pedagógica do programa, Maria Betânia Vilar, as capacitações oferecem insumos para as estudantes, que incluem duas fardas, uma bolsa, um caderno e lápis; além disso, é ofertada uma bolsa de estudos simbólica que cobre os custos de passagem e alimentação nos dias de aula.

Não se limitando apenas aos conteúdos voltados à capacitação, as mulheres que participam do curso também recebem aulas de empreendedorismo e inclusão digital, o que possibilita a venda dos serviços ou produtos que produzem, além de facilitar a inserção no mundo digital, auxiliando nas vendas e na divulgação das produções, tornando-se uma maneira de incluí-las na sociedade. “Para a gente, ver a importância. A gente acha que é uma coisa tão banal, tão simples, e para elas foi assim, outra visão de mundo. Não é só o ler e o escrever, é o social, é você se sentir participante do mundo”, pontuou a supervisora pedagógica.

Sobre a evasão nos cursos do programa, Maria Betânia afirma que, quando acontece, é por conta das dificuldades diárias dessas mulheres, seja pela falta de alguém para cuidar dos filhos ou porque encontraram trabalho e não conseguem conciliar, entre outras razões. “Então, as causas da evasão são mais por ter que cuidar dos filhos e pela falta de transporte. É basicamente isso. Porque a gente observou na nossa realidade lá em São Luís do Quitunde, e principalmente lá, que, na Agricultura Orgânica, quando chega o período do plantio, o pessoal diz: ‘Ah, tem que aproveitar que está chovendo e tem que ir para a roça. Se eu não plantar essa semana, não vai dar, né?’”, frisou Betânia.

Dentre todos os benefícios provenientes do Programa Mulheres Mil dentro do Ifal, o mais importante está vinculado ao social, na construção do empoderamento e da independência das alunas, incluindo-as na sociedade e no mercado de trabalho, tudo isso através da educação.

“Para mim, a maior importância desse programa é o resgate social. A amizade que a gente vê que elas fazem. Quando elas recebem a farda e veem o material, parece que estão recebendo um diploma de nível superior. Eu ouvi o depoimento de uma pessoa que dizia assim: ‘A gente sabia plantar, mas a gente não sabia que só precisava colocar três caroços de feijão’. Então, é um momento muito rico de aprendizagem, onde elas aprendem e a gente também aprende com elas. É uma troca de experiências. E algumas disseram: ‘A gente chegou aqui e não sabia de nada, hoje a gente sai doutora’.

São esses depoimentos que a gente ouve, dizendo que o curso foi bom, que foi produtivo, que elas agora têm outra visão. A gente levou uma palestra sobre violência doméstica, e uma aluna disse: ‘Se eu soubesse disso, já tinha deixado meu companheiro há mais tempo’. Quer dizer, elas começam a ter mais consciência do seu papel perante a sociedade, começam a dizer: ‘Eu tenho direito, eu mereço ser respeitada, eu agora sou alguém que ninguém vai mais pisar, pois eu sei o que eu quero e posso correr atrás’”, finalizou a supervisora.

*Sob a supervisão de Sâmia Cardeal, jornalista