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Discursos e práticas integradoras marcam o encerramento do 1º Congresso Acadêmico do Ifal
No último dia de atividades do 1º Congresso Acadêmico do Instituto Federal de Alagoas - Ifal, ocorrido de 17 a 19 de agosto no Campus Palmeira dos Índios, a programação contemplou a socialização de práticas institucionais e discussões acerca da integração de saberes. Atrações culturais e homenagens também marcaram o desfecho do evento.
"É necessário construir redes", defendeu a professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, Jane Paiva, em sua exposição sobre o novo contexto da Educação de Jovens e Adultos. O teor agregador da palestra se confirmou na argumentação da educadora a favor de um sistema de acesso e igualdade de oportunidades para todos. "É a educação que faz a humanização dos sujeitos. Precisamos reconhecer os outros também como sujeitos de direitos", ela ressaltou, ao lembrar as dificuldades que grande parte da população passa para poder chegar à escola.
Para Jane Paiva, a cultura eurocêntrica impôs um modo de pensar a realidade, mas essa concepção deve ser questionada. "Precisamos ouvir as vozes do mundo. Há outros saberes além daqueles legitimados pela cultura dominante e eles devem permear a nossa prática. Devemos pôr em diálogo todos esses saberes no modo de pensar o currículo. Mais do que fazer um ranking de saberes, precisamos colocá-los em conexão", disse.
Do mesmo modo, a professora Maria do Socorro Ferreira, responsável pela condução do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica no Campus Marechal Deodoro, adotou um discurso com foco no potencial transformador da educação. Ela contou casos de sucesso e falou das dificuldades e desejos vivenciados por alunos do Proeja durante e depois da formação. "É possível fazer a diferença na vida desses alunos. É gratificante vê-los construindo, produzindo, apresentando resultados", comentou.
Última palestrante do terceiro dia de Conac, a presidente da Rede de Incubadoras de Empresas do Ceará, Técia Vieira Carvalho, analisou o cenário de incubadoras de empresas no Brasil. A profissional explicou a importância de aliar a formação empreendedora ao processo de ensino-aprendizagem e contou como sensibiliza estudantes para o tema. "A gente transforma ideias em negócios. É animador para o universitário perceber que seu projeto pode sair do papel e virar empreendimento. As incubadoras de empresa, inclusive, são uma forma de os institutos federais absorverem o capital intelectual que eles próprios estão gerando", concluiu.
Agradecimentos
O pró-reitor de Pesquisa e Inovação do Ifal, Carlos Henrique Almeida, encerrou oficialmente a primeira edição do Congresso Acadêmico do Ifal elogiando a diversidade de temas abordados e o caráter integrador do evento, que reuniu a 5ª Mostra de Extensão da instituição, o 4º Encontro de Inovação, Tecnologia e Inovação Científica, o 20º Fórum Permanente de Assistência Estudantil (Forpae), além de uma série de apresentações artísticas oriundas de diferentes campi e palestras de interesse de docentes, técnicos administrativos e gestores do instituto.
"Foi uma experiência muito rica, esperamos repetir ao longo dos anos. Nosso muito obrigado àqueles que contribuíram para que essas tantas atividades pudessem acontecer, em especial aos alunos que abraçaram a organização do evento", declarou o pró-reitor.
Homenagens
A emoção tomou conta em dois momentos do 19 de agosto, no Ifal Palmeira dos Índios. No período da manhã, o Grupo Resenhação, formado por estudantes do campus, apresentou o espetáculo teatral "Vamos Millorar". Inspirada em frases e textos do escritor Millôr Fernandes sobre a realidade brasileira, a peça foi idealizada pelo professor Jorge Schutze, que faleceu em março de 2016. "Começamos a ensaiar com ele e, depois que ele se foi, decidimos continuar em sua homenagem", explicou o discente Ícaro Kaíque, junto aos demais colegas de grupo. Eles dedicaram, no palco, a estreia da peça ao "Azul", termo como chamavam o docente que os inspirou, em referência à sua predileção por roupas azuis.
Já durante a tarde, a comoção ficou a cargo do reencontro de alunos da primeira turma do curso de Edificações da unidade de ensino, concluintes do ano de 1997. Os ex-alunos se reuniram para refazer a aposição da placa da turma, em virtude de problemas com a placa antiga.
O momento proporcionou a interação entre colegas que não se viam há quase 20 anos. Rose Mary Cavalcante saiu de Maceió até Palmeira os Índios para participar da reunião. "Dá uma sensação nostálgica, tem gente que eu não revia desde que nos formamos", afirmou.
O docente escolhido para nomear a turma, Luís Antônio Costa, fez questão de comparecer à aposição da nova placa. "Esses meninos me ensinaram a ser professor. É emocionante ter meu nome eternizado aí junto ao deles", comemorou. Para o ex-aluno José Everaldo Gomes, a amizade existente entre estudantes e professores naquela época criou vínculos que resistem até hoje. "O gás que eles nos deram foi um diferencial na nossa formação", complementou Renan Lima Silva.
Entre os presentes na ocasião, a maioria ainda atua na mesma área em que iniciou os estudos no campus. Questionados sobre a qualidade do ensino, todos consideraram que saíram de lá capacitados, com grande repertório de conhecimento e um saldo positivo de experiências. "Tanto é que retornei", brincou Jesimiel Pinheiro Cavalcante, ex-aluno e professor do Ifal Palmeira dos Índios há sete anos.