Você está aqui: Página Inicial > Notícias > Destinação sustentável de embalagens contaminadas de cimento tem pedido de depósito de patente requerida pelo Ifal
conteúdo

Notícias

Destinação sustentável de embalagens contaminadas de cimento tem pedido de depósito de patente requerida pelo Ifal

Inovação é uma das 122 propriedades intelectuais da instituição
por Jhonathan Pino publicado: 14/08/2024 11h41, última modificação: 19/08/2024 15h18

Como forma de enfrentar o descarte de material e diminuir o impacto ambiental da área da Construção Civil, desde 2015 um professor do Campus Palmeira dos Índios vem desenvolvendo uma forma de lidar com a destinação de embalagens de papel contaminadas pelo cimento. A solução encontrada pelo professor Ricardo Calheiros Soares tornou-se um pedido de depósito de patente do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) registrado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi).

“Os sacos de papel Kraft, contaminados com cimento, que tem hoje como destinação mais adequada a incineração térmica (que é de alto custo e causadora de impacto ambiental), são resíduos sólidos descartados na maioria das obras. Só no Brasil, estima-se que são descartados quase 1 bilhão de sacos/ano, de acordo com os últimos relatórios do SNIC [Sindicato Nacional da Indústria do Cimento [SNIC]”, explica Ricardo.

A solução encontrada pelo docente para o problema foi o pedido de depósito requerido como “Processo de obtenção de compósito através do processamento de papel Kraft contaminado com cimento portland após tratamento com hidróxido de sódio (NaOH)”.

Por meio dela, os sacos são submetidos a uma solução de hidróxido de sódio (NaOH), que causa determinados efeitos físico-químicos, transformando o material para baixa granulometria. Como resultado, o material triturado reduz significativamente o volume dos sacos de cimento: um recipiente de 1m³ pode ser armazenado mais de 5 mil sacos processados.

Pedido de depósito de patente contou com colaboração de alunos e diferentes instituições

Antes de se transformar em patente, o material processado já foi validado como isolante termoacústico em estudos realizados no Laboratório Nacional de Engenharia Civil Universidade de Lisboa, em Portugal, onde o docente fez pesquisas com o auxílio da Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e o apoio técnico da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde realiza o doutorado. O produto funciona pode ser usado como isolante termoacustico

Ricardo lembra que o processo de elaboração da solução até o patenteamento não foi tão simples, mas o trabalho com os alunos é responsável pelo êxito obtido.

“Houve várias tentativas para tratamento dos sacos utilizados inteiros, usados outros compostos como HCl [ácido clorídrico]. O efeito foi percebido com NaOH [hidróxido de sódio], uma concentração ótima foi encontrada nas pesquisas de Póbito [Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação], do TCC [Trabalho de Conclusão de Curso] dos alunos. Então também estiveram envolvidos alunos e professor Luciano Queirós. O método foi aprimorado até ser viabilizado como isolante termoacústico. Após entender o processo de forma linear e não encontrar nas buscas de patente, esta foi pedida junto ao núcleo”, recorda-se.Teste com os tijolos produzidos a partir de solução patenteada, no laboratorio da Universidade da Lisboa, Portugal

Assessoramento do NIT

Ricardo refere-se ao Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT), setor responsável pelo auxílio nos processos de registro de programas, desenhos industriais e depósitos de patentes. Em cinco anos, já foram registados/depositados 122 ativos de Propriedade Intelectual (PIs), sendo 81 registros de programas de computador, 30 depósitos de patentes e 11 registros de desenhos industriais.

“Isto demonstra a capacidade da nossa comunidade acadêmica em desenvolver soluções científicas, tecnológicas e de inovação, distribuída nos diversos campi do Ifal. Essas PIs são resultados de projetos desenvolvidos por meio de diversos espaços acadêmicos, iniciativas e políticas institucionais”, ressalta o coordenador do núcleo, Marcos Charles.

Evolução do número de registros de propriedade intelectual do Ifal - Fonte PRPPI.pngCom essa atuação, o Ifal não só passou a ser referência em diversas áreas, como se tornou o Instituto Federal que mais registrou Desenho Industrial em toda a rede federal. A pró-reitora de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação (PRPPI), Eunice Palmeira, comemora os números.

Essa marca é mais do que um número. Ela simboliza o resultado de políticas institucionais bem estruturadas e o esforço coletivo de nossa comunidade acadêmica, formada por docentes, pesquisadores, técnicos e estudantes, que se dedicam a transformar conhecimento em soluções concretas para a sociedade. Cada uma das propriedades intelectuais é um elemento do poder criativo e inovador da nossa instituição. Portanto, essa marca de 122 propriedades intelectuais é uma conquista de todos nós e nos motiva a continuar inovando, criando e contribuindo para uma sociedade mais justa, desenvolvida e sustentável”, enfatiza Eunice.