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Inpi registra móvel multifuncional desenvolvido em monografia de curso no Ifal
Modelo inovador é feito com madeira de pinus, espaguete de PVC e ferro
Quem vê a mobília idealizada pelos concluintes do curso de Design de Interiores do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) Claire Sant'Ana e Elder Duarte possivelmente se pergunta: é um banco? É uma estante? É uma mesa? A resposta é que a peça pode ser tudo isso e muito mais. Batizada de Covo, a criação é fruto do Trabalho de Conclusão de Curso da dupla, com a orientação da professora Áurea Rapôso, e já deu orgulho de sobra para seus inventores: garantiu nota 10 na defesa da monografia e o registro do desenho industrial no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi), em fevereiro passado.
Da concepção da ideia até chegar ao produto final, foram meses de trabalho e um processo de muitas etapas. A primeira delas envolveu a escolha de um espaço de referência, para servir de inspiração ao projeto. Os laços que a estudante Claire Sant'Anna possuía com o bairro de Jaraguá, em Maceió, em função de sua família ter vivido lá, pesou na decisão.
O ponto de partida para idealizar a peça estava então decidido, seria aquele cenário histórico e litorâneo, abrangendo a comunidade de pescadores, suas ferramentas de trabalho e o “fazer manual” típico desse ofício. Daí surgiu o nome do móvel projetado: covo é um tipo de gaiola com armação em rede, utilizada para pesca, onde há uma abertura por onde o peixe ou marisco entra mas não consegue sair.
"Eles fizeram visita técnica ao local, observaram texturas, cores, formas. E todos esses elementos formaram aquilo que chamamos de painel semântico, uma ferramenta utilizada para gerar significados que acabam se transformando em conceitos”, explica a orientadora da iniciativa.
Aliado ao uso de outras técnicas de criação em design, a dupla de inventores avaliou tendências de mercado, construiu perfis de cliente para o projeto, decidiu os materiais a serem utilizados e elaborou os desenhos técnicos. Enquanto isso, a pesquisa bibliográfica acontecia concomitante ao processo.
Com os croquis em mãos, Claire e Elder saíram em busca de parceiros para confeccionar o produto. “Procuramos profissionais que manipulassem os materiais selecionados e trabalhassem de forma artesanal, pequenos produtores”, conta o rapaz. Ele e a colega de TCC acompanharam a execução das partes do móvel com capoteiro, serralheiro e marceneiro, cada um desses desenvolvendo separadamente o que lhe foi designado, sem tomar ciência da totalidade da peça. Tudo para garantir o sigilo da obra. De posse dos componentes prontos, os inventores montaram a mobília e partiram para os testes.
Para Claire, esse foi o momento de maior dificuldade. “Fizemos a peça para ter um custo acessível, mas no teste de execução, não conseguíamos dar estabilidade, então precisamos estudar a relação custo-benefício ligada ao material”, relata.
O problema foi resolvido depois de três execuções, com o uso de múltiplos testes e ajustes dimensionais. Ao final, a composição do Covo contou com madeira de pinus, espaguete de pvc e ferro. O modelo é modular, durável, ergonomicamente correto e utiliza materiais que podem ser reutilizados, além de ser adequado a pequenos espaços, segundo os criadores.
“Eles conseguiram chegar ao protótipo funcional, abraçaram o processo de design completo, do criar ao executar. Até chegar ao modelo de três dimensões, em escala real, o fizeram em escala reduzida, primeiramente, depois passaram por duas etapas de experimentação, em relação ao uso de materiais e então, o acabamento”, relembra a docente, que acompanhou o surgimento do Covo desde quando ele era apenas resposta ao desafio feito em sala de aula de desenvolver um micromóvel, ou seja, antes de a experiência ser ampliada para um TCC.
Para Áurea, o esforço de um semestre inteiro valeu a pena. “É um produto que tem característica de atemporalidade, contemporaneidade e tem aspectos bem regionais, do nosso litoral, da nossa cidade, com referência a um bairro importante, que já foi celeiro de entrada e saída de tudo que circulava aqui”, diz.
A história do banco que vira estante e tem múltiplas funcionalidades chegou ao Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do Ifal. A partir daí, foi feita uma pesquisa de similares e, comprovado o caráter inovador do produto, o depósito do desenho industrial no Inpi aconteceu. É o primeiro passo para possibilitar a produção e comercialização do Covo. “O produto da pesquisa é o móvel, mas a gente consegue a partir do método adotado em todo esse processo, criar qualquer coisa, qualquer produto”, anima-se Elder.
Para proteger a propriedade intelectual da invenção, a foto do Covo não poderá ser publicada.