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Ex-alunos relatam experiências empreendedoras que surgiram com a pesquisa nos Institutos Federais
Ideias que surgiram da pesquisa iniciada nas salas de aula dos Institutos Federais e se transformaram em iniciativas inovadoras e rentáveis: este foi o foco da palestra “Casos de sucesso de alunos e ex-alunos”, apresentada na manhã de quarta-feira (7) dentro da programação do 11º Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação – Connepi, no Hotel Ritz Lagoa da Anta. Os casos foram relatados pelo analista de Tecnologia da Informação, Uziel Silva Barbosa, do Instituto Federal de Alagoas – Ifal e pelo engenheiro em telecomunicações Rogério Guerra Diógenes, do IFCE. Ambos apresentaram experiências exitosas que iniciaram nos Institutos e geraram empresas consolidadas em tecnologia e inovação.
Doity: gerenciando eventos de forma inovadora
Uziel Silva Barbosa foi aluno do curso técnico em Informática e do bacharelado em Sistemas de Informação no IFAL Campus Maceió. Ainda enquanto estudante, em 2011, Uziel desenvolveu um sistema para gerenciar o evento “Circuito Alagoano de Tecnologia da Informação”. A ideia era de uma plataforma virtual que reunisse site personalizado para o evento, fichas para inscrições, descrição de atividades e regulamento, lista de frequência e emissão de certificados. Daí surgiu a plataforma Doity. O sistema deu tão certo que, em 2012, foi utilizado para gerenciamento do “1º DemoDay”, o chamado Desafio de Ideias, e ficou conhecido como inovação no início do movimento de startups na área de tecnologia. A plataforma foi alavancada, cresceu progressivamente e passou a ser utilizada de forma comercial pelo portal IMasters, um dos primeiros clientes da Doity. “Foi o nosso primeiro grande desafio. Queríamos um mês e meio para desenvolver a proposta solicitada mas eles exigiram uma semana. E conseguimos”, relata o empreendedor Uziel, destacando como a plataforma Doity passou a ter utilização expandida por empresas, instituições e organizadores de eventos.
A Doity é genuinamente alagoana e hoje é amplamente utilizada para a realização de eventos em todo o Brasil, chegando a atingir mais de um milhão de usuários. Já são mais de 16 mil eventos cadastrados, sendo mais de oito mil nos últimos doze meses. A maior parte dos eventos cadastrados é de clientes do Estado de São Paulo: 54%. A plataforma consegue unificar em um único sistema ferramentas e informações que facilitam ao usuário o acesso, a participação e o gerenciamento do evento. Uziel destaca que o “know how” obtido ao longo de anos de estudo no IFAL foi fundamental para transformar em realidade o projeto inovador. “Para se consolidar no mercado, é preciso que a ideia desenvolvida seja factível, possível. Para atrair investimentos que possam alavancar a ideia também é preciso ter foco, conhecimento de mercado e do público a ser atingido”, avalia o analista de T.I.
Hexa e a energia sem fim
Ex-aluno do Instituto Federal do Ceará – IFCE, o engenheiro em telecomunicações Rogério Guerra Diógenes é fundador e diretor comercial da empresa cearense Hexa Energia sem Fim, criada como “spin-off” a partir de pesquisas e soluções em energia desenvolvidas no Laboratório de Inovação Tecnológica – LIT, do IFCE. Desde 2002 com experiências em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D&I), o LIT foi concebido para aproximar o setor produtivo das áreas de energia elétrica, TI e telecomunicações com o setor acadêmico. Ao longo de 12 anos de existência, já foram realizados mais de 30 projetos com importantes parceiros nacionais.
A partir dos estudos desenvolvidos no Instituto, alunos e professores passaram a desenvolver na Hexa produtos e serviços novos para o setor de energia elétrica, com o intuito de ofertar soluções inovadoras para o setor energético e informações confiáveis que facilitem a tomada de decisões e contribuam para a eficácia das organizações.
Rogério Guerra relata que o primeiro produto da Hexa foi um religador para falhas em baixa tensão, ou seja, um equipamento que permitiu constatar, durante o seu funcionamento, que 77% das ocasiões em que clientes ficam sem energia são ocasionadas por falhas temporárias na rede elétrica de baixa tensão. A ideia se aperfeiçoou, passou por reengenharia em 2014 e, com isto, a empresa foi conquistando clientes interessados nesta e em outras inovações.
O engenheiro em telecomunicações destaca também que as principais dificuldades para consolidar a empresa são a falta de aporte para produção de equipamentos em grande escala e os prazos de fornecedores que nem sempre são cumpridos, atrasando a entrega do produto ao cliente. “Há muitos desafios, muitas dificuldades, mas acredito que a maior delas ainda é a venda do produto. É um trabalho gradativo”, avalia Rogério, informando que a Hexa consolidou-se como a continuidade das pesquisas desenvolvidas no IFCE.
O produto mais recente da Hexa é também o maior sucesso da empresa: chama-se Smart Quadro, uma tecnologia desenvolvida para monitoramento de consumo de energia. Trata-se de um equipamento substituto dos disjuntores tradicionais, mas com dimensões e sistemas similares, que trazem como inovação a função de medir e monitorar o consumo de energia e enviar os dados deste consumo a um aplicativo ou webrowser, no qual o usuário poderá perceber as situações, horários e motivos que provocaram aumento ou desperdício no consumo de energia. O sistema também funciona com uma inteligência de agendamentos por meio do qual é possível o “bloqueio” do fornecimento de energia elétrica em residências, instituições ou estabelecimentos comerciais, caso sejam constatados desperdícios ou usos indevidos.
Políticas para o empreendedorismo
Ao final de suas exposições, os empreendedores do IFCE e do IFAL destacaram a importância da instituição de políticas de incentivo ao empreendedorismo, que, aplicadas de forma unificada, possam transformar projetos da rede federal em realidades de sucesso. Os pesquisadores também destacaram o apoio de empresas investidoras como ponto importante para o desenvolvimento das pesquisas e concretização das ideias desenvolvidas.
Mais informações acesse o site Connepi 2016