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Conif parabeniza institutos federais pelos 10 anos
O dia 29 de dezembro de 2018 pode significar, para muitos, apenas a contagem regressiva para o ano que se aproxima, mas, para quase um milhão de jovens e adultos brasileiros a data é simbólica, pois representa acesso à educação pública, gratuita e de qualidade, o sonho de um diploma de ensino superior e a esperança de uma vaga de emprego no mercado de trabalho.
Há exatos 10 anos, com a Lei nº 11.892, 31 centros federais de educação tecnológica (Cefets), 75 unidades descentralizadas de ensino (Uneds), 39 escolas agrotécnicas, sete escolas técnicas federais e oito escolas vinculadas a universidades se uniram para formar os 38 Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia.
Atualmente, os institutos federais – pulverizados em 589 campi – atuam junto com outras instituições para atender à demanda educacional em todas as regiões do País. Os institutos oferecem 10.643 cursos e contabilizam 947.792 matrículas, segundo a plataforma Nilo Peçanha, que apresenta um panorama de toda a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica vinculada ao Ministério da Educação (MEC).
O reitor do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), Jadir Pela, ex-diretor-geral do Cefet do Espírito Santo, acompanhou de perto a transição dos centros federais de educação tecnológica em institutos. Ele lembra, inclusive, de como se deu a escolha do termo “reitor” para os gestores máximos dos institutos. “Lembro-me bem que a decisão partiu do então ministro da Educação, Fernando Haddad. Os institutos geralmente têm presidentes, mas, de acordo com o ex-ministro, seria estranho chegar ao MEC e se apresentar com aquela designação, por isso a opção por reitores de institutos federais”, explicou. “O mais importante na ocasião foi a garantia de que, na lei de criação dos institutos, ficasse clara nossa vocação para ensino, pesquisa e extensão, porque tínhamos e temos estrutura, pessoal e competência para isso”, acrescentou.
Marcos dos IFs – Depois de criados, os institutos federais foram incorporando instrumentos com a finalidade de contemplar novas demandas da sociedade brasileira. É o caso, por exemplo, da Educação a Distância (EaD) e dos Polos de Inovação. No que diz respeito à EaD, um grupo de trabalho (GT) concentra-se com foco na institucionalização da modalidade de ensino. No caso dos polos, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Emprapii), nos últimos três anos foram constituídas nove unidades voltadas para o desenvolvimento da pesquisa aplicada, ampliação da produtividade e competitividade da indústria nacional.
Conquistas – O trabalho dos institutos federais é baseado, destacadamente, na formação de profissionais de excelência com instrução cidadã. Nas unidades, os cursos são implantados de forma estratégica para atender aos arranjos produtivos locais e, dessa maneira, ajudar no desenvolvimento da comunidade. Mas, quem ingressa em um dos mais diversos cursos ofertados, pode vislumbrar muito mais. Foi o caso dos estudantes Juliana Davoglio Estradioto, do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), e Leonardo Silva de Oliveira, do Instituto Federal do Ceará (IFCE).
Juliana, aluna do 4º ano do curso Técnico Integrado em Administração do campus Osório do IFRS, conquistou o 1º lugar na categoria Estudante do Ensino Médio do Prêmio Jovem Cientista com o trabalho “Desenvolvimento de Filme Plástico Biodegradável a partir da Fibra Residual do Maracujá”, orientado pela professora Flávia Santos Twardowski Pinto. E Leonardo, aluno do 6º semestre do curso Técnico Integrado em Informática do campus do Cedro do IFCE, ficou em 3ºlugar na mesma categoria. Ele desenvolveu a pesquisa “Aquameaça: uma aplicação Android para identificação e monitoramento participativo dos Ecossistemas Aquáticos”, orientado pelos docentes Humberto Beltrão e Evaldo Lira.
Quando soube da premiação, a jovem Juliana, de 17 anos, declarou: “é meu primeiro contato com a ciência. Eu identifiquei esse problema do desperdício e descarte das cascas de maracujá, após a produção de sucos e geleias, na região onde moro (Osório-RS). Foi graças ao contato com minha orientadora que eu descobri esse mundo da ciência, uma jornada de descobertas através da pesquisa.”
Nos institutos federais, o incentivo à criatividade, inovação e visão do futuro ultrapassa as paredes das salas de aula. Exemplos dessa prática são evidenciados todos os anos em eventos, concursos, disputas e divulgados pela imprensa como a fralda biodegradável feita a partir do amido da mandioca desenvolvida por um grupo de estudantes do Instituto Federal de Mato Grosso (IFTM). O material pode substituir o plástico, que é feito de petróleo, e, assim, ajudar nas questões ambientais.
O modelo de educação implantado também estimula projetos inclusivos, bem como incentiva a capacitação e qualificação dos servidores. Recentemente, um grupo de alunos do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) criou equipamentos automatizados para facilitar a rotina dos profissionais das Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae). Os primeiros quatro aparelhos resultaram da disciplina de Projeto Integrador, no qual os estudantes de Engenharia Mecatrônica aplicam o conhecimento adquirido ao longo do curso.
A reitora do Instituto Federal Catarinense (IFC), Sônia Regina de Souza Fernandes, afirma que a criação dos institutos federais representou um marco histórico no campo da educação, especialmente no Brasil, onde, segundo ela, foi negado, por muito tempo, o direito ao acesso à educação pública. “É um privilégio fazer parte desses dez anos para alguém como eu, que defende a educação, que é profissional da área educacional, e que se encontra na condição de dirigente máximo de uma instituição. É um orgulho e uma responsabilidade saber que eu e os demais reitores fazemos parte de uma política pública que transcendeu as grandes capitais, o litoral brasileiro, e que está presente em todo o País”, declarou.
O presidente do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), Roberto Gil Rodrigues Almeida, reitor do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), teve a oportunidade, durante sua gestão em 2018, de levar ao Pleno do Conselho, dentre outros assuntos, questões pertinentes às comemorações da primeira década dos institutos.
De acordo com Gil, os institutos federais são um projeto bem-sucedido, visto que levam oportunidade de aprendizado a cidadãos que vivem em locais remotos do Brasil. “Uma das características que destaco é o aspecto social das nossas instituições, que viabilizam ensino gratuito e de qualidade para aqueles em vulnerabilidade social. Além disso, nos últimos anos, temos investido na internacionalização, criando chances de capacitação de professores e estudantes em instituições de outros países. Parabéns a todos aqueles que se dedicaram e trabalham em prol da excelência dos institutos federais”, disse.
Fotos: Institutos Federais e Conif – divulgação
Fonte: Ascom Conif