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Casa sustentável atrai visitantes à Mostra Tecnológica do 11º Connepi
Sistema computacional de controle de uso de energia elétrica, que pode ser usado tanto em residências
Por Suely Leitão- Ifap - jornalista
Um dos projetos que mais atraíram visitantes na Mostra Tecnológica do 11° Congresso Norte-Nordeste de Pesquisa e Inovação (Connepi) foi “Casas Sustentáveis: Geração de Energia Alternativa, Tratamento e Utilização de Água, Coleta Seletiva de Lixo, Agricultura Familiar e Tratamento de Esgoto”. De autoria do professor de sociologia Pedro Aquino, do campus Macapá do Instituto Federal do Amapá (Ifap), chamou a atenção por reunir, numa proposta sustentável real de moradia, diversas soluções tecnológicas para resolver problemas ambientais dos espaços urbanos brasileiros. Para viabilizar o projeto, Aquino, que não tem formação acadêmica na área de engenharia, utilizou conhecimentos acumulados em sua experiência de vida, no que ele chama de “sociologia aplicada”.
A casa sustentável é um contêiner instalado sobre um terreno alagado em uma comunidade de ocupação situada em Área de Proteção Permanente (APP), exatamente ao lado do campus do Ifap, na rodovia BR-210, em Macapá-AP. O próprio pesquisador construiu e mora na casa, onde implantou isolamento térmico com caroço de açaí e manta térmica dupla face feita com caixas de leite longa vida, sistema de tratamento de esgoto com produção de gás e fertilizante, reaproveitamento da água, geração de energia e coleta seletiva do lixo.
“Minha casa é produzida a partir de lixo, um contêiner vencido desde 2013. Moro numa ocupação, com mais 34 famílias, para ter uma amostra real da cidade de Macapá. O ambiente é de área de proteção permanente, a fim de obter resultados da convivência humana utilizando métodos adequados de uso dos recursos naturais. O sistema de fossa já está sendo construído para todas as famílias”, relata.
Quando perguntado sobre o que o levou a desenvolver esse projeto enquanto opção de vida, Pedro Aquino une a vivência de educador e pesquisador. “O projeto visa buscar solução para a situação das famílias que vivem em áreas alagadas, de ressaca, criando tecnologias que as tornem capazes de conviver com o meio ambiente sem degradar, usando todos os recursos da natureza e devolvendo-os. Trabalhar a partir do microambiente para o macro, ou seja, a partir da célula familiar. Tratar o esgoto sanitário para que essa família não venha a poluir o lençol freático. Não desperdiçar a água. Gerar energia. Ter tratamento do lixo orgânico e a coleta seletiva. Para que a gente possa viver em um ambiente harmônico com a natureza”, explica, antes de concluir: “Entendo que a melhor forma de educar é demonstrar esse conhecimento na prática”.
Entre os visitantes do estande da “Casa sustentável”, esteve o diretor de Políticas de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação, Valdeci Carlos Tadei, para quem o projeto reuniu uma diversidade de tecnologias que deverão ser transformadas em conhecimentos capazes de promover a melhoria da qualidade de vida da população. “Já tinha visto uma casa sustentável, mas não tão completa como essa”, declarou.
Para a presidente do Fórum Nacional de Gestores de Inovação (Fortec) - associação dos Núcleos de Inovação Tecnológica -, Cristina Quintella, o professor Pedro Aquino “faz parte de um grupo de brasileiros com mais de 40 anos com uma experiência riquíssima e que está convertendo isso em soluções ambientalmente corretas, sustentáveis, que permitem que a qualidade de vida da população de renda familiar baixa, como a maioria, tenha uma condição melhor com geração de energia e água, isolamento térmico e, sendo a casa palafita, esteja preparada para regiões onde o fluxo normal dos rios é encher e esvaziar, preservando as margens dos rios”.
A professora da Universidade Federal da Bahia recomenda que o Núcleo de Inovação Tecnológica do Ifap avalie o que é novo no projeto do professor Pedro Aquino no sentido de fazer patentes a serem disponibilizadas à sociedade de forma controlada. “Patentear não é querer ganhar dinheiro. É controlar quem usa, evitando que empresas não muito honestas possam decidir copiar e depois vender de uma maneira que explore quem não tem condições de adquirir essa tecnologia”, ressaltou.
Temporizador de energia
No estande do Ifap na Mostra Tecnológica do 11º Connepi, outro projeto também apresenta viés de sustentabilidade. É um sistema computacional de controle de uso de energia elétrica, que pode ser usado tanto em residências como em outros ambientes fechados. Desenvolvido por estudantes do curso técnico de Redes de Computadores do campus Macapá, João Marcos de Oliveira Santana e Lúcio Flávio Cutrin Henderson, sob a orientação do professor Thiego Maciel Nunes, o projeto consiste no controle temporizado e digital da energia elétrica.
“Através do dispositivo que pode ser acionado de um computador ou smartphone, o funcionamento de um aparelho eletrônico pode ser programado para um período de tempo adequado ou mesmo desligado a distância. Isso evitará o consumo desordenado de energia”, explicou o professor Thiego. “Numa escola como o próprio Ifap, podemos controlar que as lâmpadas ou os aparelhos de central de ar condicionado fiquem ligados somente no horário das aulas”, exemplificou.