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Campus Satuba é referência para profissionais da agropecuária atuando no Ifal

Além da própria unidade, egressos são responsáveis por equipamentos de outros campi

publicado: 29/10/2019 17h07, última modificação: 30/10/2019 10h49

Adriana Cirqueira, Gerônimo Vicente e Jhonathan Pino - jornalistas

Nesta terça-feira, 29, as histórias de cinco técnicos de Agropecuária irão encerrar a série de reportagens “2ª Casa”, que durante todo mês de outubro, em comemoração ao dia do Servidor, propôs resgatar depoimentos de profissionais que mantêm uma relação muito além da vida funcional com o Instituto Federal de Alagoas (Ifal). Aqui, estão presentes as trajetórias de pessoas que mudaram não só de cidade, como tiveram suas perspectivas de vida transformadas, quando ainda eram estudantes.

No período em que ainda se chamava Escola Agrotécnica Federal de Satuba (EAFS), o Campus Satuba recebia gente de todo o estado alagoano, muitos deles filhos de agricultores que queriam implementar conhecimento às atividades dos seus familiares. Em, 2001, por exemplo, Luciano de Araújo, aos 15 anos, iniciava sua trajetória na instituição, no curso técnico em Agropecuária. Naquela época, a fama da escola chegava a Mar Vermelho, município a 110 km da capital, onde morava.

Em razão da transformação que ela proporcionava na vida daqueles que nela estudavam. Assim, enxerguei no curso o caminho para buscar a minha independência e conhecer um mundo novo, onde eu pudesse visualizar quais caminhos poderia seguir, para alcançar meus objetivos”, pontua Luciano.

O servidor afirma que ao fazer o curso técnico de Agropecuária, abriu-se para ele um amplo rol de possibilidades de estudos e trabalho. “Mudou minha visão de mundo, em razão da experiência adquirida”, pontuaLuciano Araújo hoje é graduado em Gestão Pública e Direito, pós-graduado em Direito Administrativo e faz outras duas especializações, em Direito Público e Direito do Consumidor.jpg

Certificado como técnico, ele topou ir mais longe, o Espírito Santo, especificamente. Em 2006, Luciano ingressou no serviço público federal, na Escola Agrotécnica Federal de Santa Teresa (atual Campus Santa Teresa do Instituto Federal do Espírito Santo), mas com saudades de casa, Luciano pediu redistribuição para o Campus Satuba e retornou para o Ifal, em 2010.

Técnicos pesquisadores

De volta a Alagoas, Luciano iria reencontrar como colega de trabalho outro ex-aluno da unidade. Certificado no mesmo ano que o primeiro, 2003, Ademar Paulino da Silva preferiu não ficar longe da instituição por muito tempo e em 2005 já reingressara como servidor.

Embora chamemos de segunda casa, eu não conheço outro lugar, nem minha própria casa, onde tenha passado mais tempo. Não estou reclamando. Todo tempo que passei dentro dessa casa não remete a enfado, ou tédio”, exclamou Ademar.

Quando estudante ele foi bolsista, durante todo o curso. No primeiro ano, por exemplo, Ademar atuou no Laboratório de Avicultura, onde fazia a recepção de aves, vacinação, coleta de ovos e controle de produção, controle de mortalidade, alimentação e limpeza das instalações. No segundo ano, ele atuou no Laboratório de Bovinocultura e nesse espaço providenciava a ordenha diária,o  controle de produção leiteira, a alimentação dos bovinos, a limpeza das instalações e o manejo de reprodutivo, além de participar  das vacinações, aplicações de medicamentos e práticas como descorna, casqueamento, castração e contenção.Ademar Paulino repassa para os alunos conhecimentos práticos adquiridos quando era alumno do Campus Satuba.jpg

No terceiro ano do curso fui bolsista do laboratório de Ovinocaprinocultura, fazíamos a alimentação dos animais, controle de produção, manejo reprodutivo e limpeza das instalações”, ressaltou. 

Para ele, a atuação como bolsista o credenciou para  antecipar o contato direto com a atividade que viria a desempenhar no futuro. Quando empossado na unidade, em 2005, Ademar continuou sua formação na área, fez uma graduação em Agronomia, realizou mestrado e, desde 2009 vem participando de projetos de pesquisas e extensão fomentados pelo Ifal, na qualidade de orientador, coorientador ou voluntário.

Nesses últimos 18 anos de contato e convivência com a instituição tenho me visto crescer, evoluir, envelhecer, fazer colegas e amigos, trabalhar e trabalhar”, enfatizou o servidor.

O ano em que Ademar tomava posse como servidor do Ifal, 2005, também era o de estreia de Gabriel de Lima Faustino, na EAFS. Ele lembra, que apesar de Capela estar a 50 km de Maceió, não podia ficar em regime de internato porque a prioridade era para estudantes que moravam mais longe e isso fez com que tivesse que percorrer 100km  diariamente.

Apesar da rotina na estrada, segundo ele, o ensino técnico integrado ao médio, oferecido pela institituição, foi uma experiência muito enriquecedora e lhe ofertou novas oportunidades de vida, já que a escola pública que oferecia o ensino médio, em sua cidade natal, não contava com os professores de todas as disciplinas, o que afetaria suas possibilidades de ingressar no ensino superior.

Antes do Campus Satuba, Gabriel de Lima Faustino atuou no campus Piranhas.jpgFoi um marco na minha vida, uma transição, de adolescente para fase adulta, aprendendo a ter responsabilidades e os conhecimentos profissionais que hoje desempenho, e grandes amigos que cultivo até hoje”, explica.

Filho de agricultores, ele comenta que toda a perspectiva de vida mudou. “Pois se não fosse a EAFS, provavelmente eu não teria tido um ensino médio de qualidade. Ter passado pelo Ifal, me proporcionou bases sólidas para exercer a profissão de técnico em agropecuária, e também de conseguir entrar na faculdade de Agronomia”.

Após a graduação, Gabriel cursou mestrado em Produção Vegetal, e atualmente está doutorado, na mesma área, ao tempo em que divide sua rotina de pesquisa com as atividades de técnico em agropecuária, no Campus Satuba, como o manejo dos animais e das lavouras pertencentes ao campus.

Referências no agreste alagoano

Da mesma geração que Gabriel, o hoje técnico em agropecuária do Campus Santana do Ipanema, Rafael Balbino, teve um percurso similar. Natural de Pilar, ele deixou o emprego de guarda municipal na prefeitura de sua cidade para se dedicar à área que havia se formado. Para o sertão, ele iria carregar suas experiências em atividades extensionistas, ainda da época em que foi aluno do Campus Satuba, entre 2004 e 2006.

Estar lá na Agrotécnica era uma vitória e um motivo de orgulho para a minha família. Lá, eu tive um aprendizado muito bom e uma base muito boa, haja vista os resultados nos vestibulares que eu fiz”, pontuou Balbino.

Em sua declaração, o servidor se referia às aprovações obtidas em vestibulares. Após ter finalizado as o curso técnico, Balbino chegou a tentar o ingresso no curso de Tecnologia Lacticínios, ofertado na mesma unidade, mas não passou, no entanto, obteve êxito em outros três exames: Gestão Ambiental, na Unidade Marechal Deodoro; Biologia, na Universidade do Estado de Alagoas (Uneal) e Agronomia, na Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Rafael Balbino há quatro anos atua como coordenador de Extensão do Campus Santana do Ipanema.jpegEu terminei o ensino médio em dezembro e logo em fevereiro comecei a graduação na Ufal. Foi meio corrido, mas eu pude fazer o estágio para o curso técnico, no Ceca [Centro de Ciências Agrárias, da Ufal]. Fazer Agronomia foi uma consequência do curso técnico em Agropecuária”

Ao terminar as aulas de graduação, em 2011, Balbino postergou a entrega de seu Trabalho de Conclusão de Curso até 2013, quando já era servidor do Ifal.

Eu não sabia muita coisa sobre as provas, não era concurseiro e não tinha intenção de seguir a carreira, como servidor da rede federal, mas vi a oportunidade do Ifal, fiz a prova sem nenhuma expectativa de passar, não tinha experiência e fiz até sem estudar para o concurso. Eu digo até que foi uma sorte minha ele ter sido cancelado uma vez e aí eu tomei isso como sinal de que deveria me preparar melhor. Então utilizei o tempo entre esse cancelamento e a nova prova para estudar e acabei ficando em quarto lugar”.

Balbino foi chamado para voltar a área de Agrotécnica em 2013, mas disse que o contato com estudantes provenientes de famílias de agricultores rurais, ainda na época do ensino médio, facilitou a sua compreensão sobre a comunidade em que iria ser inserido, em Santana do Ipanema.

Eu já conhecia o Jonas [Batista Alencar], que já atuava como técnico na unidade e eu perguntei para ele como era sua atuação e a partir dele eu tive o primeiro conhecimento de como aconteciam as coisas no campus. Ele contribuiu no sentido de mostrar como era que aconteciam as coisas aqui”, recorda-se.

Já atuando em Santana, Balbino pôde fazer um mestrado no Programa de Pós-graduação em Agricultura e Ambiente, na Ufal, finalizado em 2016, e disse que a receptividade da unidade lhe faz querer continuar por lá.

Há quatro anos tive a oportunidade de assumir a Coordenação de Extensão, no dia 7 de abril de 2015, por um tempo com o professor Paulo Felisberto, que também foi meu professor lá em Satuba. É uma coordenação que me traz muitas alegrias, de ver o que é produzido, feito no Campus, sendo posto para a sociedade. São coisas que só me fortalecem e fazem com que eu queira fazer cada vez mais”, disse Balbino.No momento, Pedro Henrique está ajudando a equipar a unidade, atuando nosetor de compras com pesquisa de preços, adesão de atas..jpeg

Há cerca de dois anos, Santana conta outro técnico egresso do Campus Satuba. Pedro Henrique Silva também havia emendado o ensino técnico com uma graduação em Agronomia, que foi finalizada em 2014. Por um tempo, ele atuou fora da área, como agente público no município em que morava, Palmeira dos Índios, mas sua posse no Ifal, em 2017, fez com que mudasse de endereço e tornasse o Campus Santana a sua nova casa.

Desde então, Pedro Henrique atua na equipagem dos laboratórios de Bromatologia e de solos para práticas, como análise, checagem e classificação de solos.

A gente está fazendo registro de preços e adesão de abas. São materiais de laboratório e eu conheço eles, isso me ajuda bastante, porque não dependo dos professores para fazer a seleção do material”, pontuou.

Apesar de graduado, Pedro disse que a maior parte de seu conhecimento na área advém do curso técnico, realizado em Satuba.

Eu costumo falar que o conhecimento prático da área de agricultura e agropecuária, eu obtive muito mais no Ifal, do que no curso de graduação. Foi uma experiência muito boa. Foram, três anos de dificuldades, porque eu era interno e ainda tinha que pagar passagens. Trabalhava como bolsista na biblioteca e isso ajudou bastante, mas o que é importante lá é a estrutura que o campus oferta. Em cinco anos de Agronomia, eu não vi um terço do que vi no Campus Satuba. Isso foi uma parte que marcou muito a minha vida”.

Confira todas as reportagens da série aqui.

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