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Campus Murici realiza evento voltado à diversificação alimentar em Alagoas

publicado: 12/06/2019 13h17, última modificação: 19/06/2019 10h22

Araruto, moringa, taioba, ora-pró-nobis e begônia foram apenas algumas das hortaliças que entraram no vocabulário dos alunos do Instituto Federal de Alagoas (Ifal), esta semana. É que o Campus Murici, desde a última terça-feira, 11, está recebendo pesquisadores, agricultores e empresários para discutir formas de viabilizar a “Democratização dos sistemas agroalimentares", tema da 6ª Semana de Agroecologia e Agroindústria, (Semagri), que acontece até esta quinta-feira, 13, juntamente com a 2ª edição do Panc nas Alagoas.

As espécies citadas acima são parte das Plantas Alimentícias Não Convencionais (Pancs), culturas tradicionais em diversas regiões brasileiras, mas que não fazem parte das grandes cadeias produtivas. Nos últimos anos, elas vêm despertando o interesse e reunindo esforços da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para a sua catalogação.  Foi para falar sobre elas que pesquisador da instituição, Nuno Madeiro, realizou a palestra de abertura da Semagri.O pesquisador da Embrapa, Nuno Madeiro, abordou as facilidades de plantio e consumo das Pancs.JPG

“A Embrapa tem objetivo de manter a coleção dessas hortaliças. Começamos com uma horta com 11 espécies, em 2008, com a ajuda da Emater, de Minas Gerais. Mas hoje levantamos cerca de 300 variedades, de 80 espécies”, pontuou o pesquisador.

Nuno lembra que muitas dessas espécies eram produzidas dentro dos próprios quintais, pelas gerações anteriores. Algumas delas sequer exigiam o cultivo, pois brotavam espontaneamente, no entanto, o processo de urbanização e o estímulo ao consumo de produtos das grandes cadeias produtivas fez com que se perdesse o hábito do consumo de muitas das Pancs.

“Queremos fazer o resgate dessas culturas esquecidas, como forma de aproximação da agricultura urbana com essas espécies, dada a facilidade de plantio e colheita dessas hortaliças, em espaços pequenos”, explicou Nuno.

Agricultores, empresários e pesquisadores num só objetivoNide Lins quer conhecer novos alimentos que valorizem a culinária regional.JPG

Na plateia, além dos estudantes, estavam representantes da agricultura familiar, como os produtores dos assentamentos rurais Flor do Bosque de Messias e Dom Helder, de Murici. Ao lado deles, nomes conhecidos da culinária alagoana, como o proprietário do Restaurante Divina Gula, André Generoso e a crítica de Gastronomia, Nide Lins. Ambos revelaram o interesse em aproveitar as culturas presentes na região para incrementar a culinária local.

“Hoje, eu compartilho da ideia de quanto mais natural a alimentação, melhor. Então já existe um movimento das plantas alimentícias não convencionais, aquilo que seria visto como mato, mas que na verdade é possível de se comer. Mas é necessário incentivar quem produz, ir atrás de quem vende e divulgá-los, para que os restaurantes também abracem essa ideia, porque é o caminho da gastronomia, que ela seja cada vez mais natural, para ser respeitada”, pontuou Nide.

Generoso confirma o potencial de uso dessas espécies, para diversificar a culinária nos restaurantes de Alagoas. Conforme o empresário, trata-se de uma valorização da culinária tradicional, que busca proporcionar uma alimentação mais saudável e de custo mais acessível. Durante a tarde do primeiro dia do evento, ele participou do painel “Mercado e Cenário para Panc em Alagoas”, falou sobre sua experiência, no plantio de algumas daquelas espécies e de sua utilização na gastronomia.Proprietário do Divina Gula, restaurante de Maceió, levou suas experiências de uso de ervas e sementes na culinária local.JPG

“Eu participo desse movimento desde o ano passado, quando fizemos o primeiro encontro de Pancs, de Maceió e realmente fico muito feliz em saber que existe essa geração, porque o uso dessas plantas depende muito da divulgação, e nada melhor que os estudantes, que estão sendo formados agora, recebam este tipo de instrução”, disse Generoso.

O empresário lembrou também que sempre defendeu criação de hortas em escolas públicas e as Pancs poderiam facilitar isso. “Eu pessoalmente, tenho uma horta em casa, sou cozinheiro, mas Engenheiro Florestal, de formação. Fico muito triste, ao ver o desinteresse dos meus filhos, por exemplo, pelo cultivo das hortas urbanas. Eu acho esse trabalho maravilhoso e surpreende a estrutura que o Ifal tem, para a realização de eventos como este”.

Exposição e degustação de alimentosLetícia Emanuele e Maria Juliana levaram os bolos feitos com produtos orgânicos do assentamento rural Dom Helder.JPG

Durante toda a semana, o Campus Murici também abriu espaço para que agricultores dos assentamentos rurais também pudessem expor e vender seus produtos orgânicos, como vinho; a casquinha de laranja desidratada; a geleia de hibisco e manga; os sucos orgânicos, sem água e açúcar; os pães de moringa e batata; as farinhas de banana verde, maracujá, coco; a manteiga; a pimenta calabresa; o café caseiro; o vinagre de banana e o colorau. Todos produzidos a partir da agricultura familiar, colhidos nos assentamentos rurais da região e livres de agrotóxicos.

O professor da unidade e presidente da comissão organizadora do evento, Victor Andrade, lembra que a programação da Semagri é bem diversa e tem a capacidade de receber até 500 pessoas ao dia, com atividades como a produção de Kombucha, a fabricação de cerveja artesanal, a organização espacial da bacia leiteira de Alagoas, entre outros.

Victor Andrade  lembra que maior evento do Campus Murici, a Semagri está aberta a toda a comunidade.JPG“Todos os anos, nós ofertamos para a comunidade um evento gratuito, sempre trazendo palestras, oficinas, minicursos, com pessoas renomadas da área. Nesse ano, especificamente, a gente aborda nos primeiros dias as Pancs, porém, nos demais dias, a gente vai diversificar o máximo possível as opções de alimentação. A ideia é que o conhecimento sobre as diversas formas de produção, seja na parte agrícola, ou na indústria, atenda a vários nichos da população”, detalhou Victor.

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