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Alunos do Ifal elencam longa-metragem produzido por realizadores internacionalmente premiados

Tárcia Clara Andrade e Alaylson Emanuel de Cerqueira fizeram parte de “Sem Coração”

por Jhonathan Pino publicado: 04/11/2022 12h33, última modificação: 04/11/2022 16h19

Apesar de serem estudantes do mesmo curso, Edificações, Tárcia Clara Andrade e Alaylson Emanuel de Cerqueira não se conheciam, quando foi iniciada a seleção de elenco para a produção do filme “Sem Coração”. Trata-se de uma obra criada originalmente como curta-metragem, de nome homônimo, sob a codireção de Nara Nomande e Tião, e premiado em 2014, na Quinzena dos Realizadores de Cannes, que está novamente sendo produzida no formato de longa-metragem. 

Antes de começar as filmagens, a equipe de produção já havia percorrido toda a região Nordeste e mapeado centenas de pessoas para o elenco, quando entrou em contato com o Instituto Federal de Alagoas (Ifal), em busca de novos atores. Dezenas de estudantes do Ifal fizeram entrevistas de forma presencial e remota, e entre elas estava Tárcia, sobrinha do professor de teatro, Tom Torres, que a avisou da seleção no Campus Maceió. Apesar de se conheceram há pouco tempo. os alunos de Edificações do Ifal desenvolveram amizade no set de filmagem.JPG

Ele praticamente me obrigou a fazer o teste. Disse, ‘vá, vai ser uma seleção massa!’. Eu fui, cheguei lá, fiz, mas não curti tanto. Na hora, eu pensei, ‘caramba, quanta gente! O que estou fazendo aqui?’. Mas fui, para deixar meu tio sossegado, para que ele soubesse que eu tentei, no entanto, eu passei”. 

A estudante já fazia teatro, com o tio, dentro do Ifal, mas nunca havia pensado em fazer um filme. Ao contrário de Alaylson, que sequer havia se inscrito para o teste, mas no fim do dia da seleção resolveu acompanhar suas colegas. Ele acabou sendo escolhido para o elenco. “Até então, eu não sabia do que se tratava. Então elas me arrastaram para o auditório, para fazer a entrevista”, recorda.

Alaylson lembra que o primeiro contato com a produção foi muito natural. Depois da entrevista, eles passaram por semanas de ensaio, em agosto passado, para que pudessem iniciar as filmagens, que duraram 35 dias.

Os ensaios, a gente pensava de uma forma, mas nas cenas ocorriam de forma diferente. Não havíamos lido o roteiro, para que na hora de produzir a cena ficasse o mais natural possível, mantendo a nossa personalidade”, comenta.

Os ensaios foram marcados pela parceria no elenco. Eles duravam horas, com repetições, até que as cenas ficassem como desejado e aconteciam em horários alternados aos de aula, para que os dois não fossem prejudicados no curso de Edificações.Tárcia e Alaylson passaram por uma seleção com centenas de candidatos, por todo o Nordeste, e depois tiveram um mês de preparação para as filmagens.jpeg

As gravações, em si, não eram cansativas, o negócio é que a gente tinha que trocar figurino, maquiar, passar protetor, comer. Às vezes, tínhamos que esperar a hora de contracenar, o que muitas vezes acontecia só no fim do dia. Na maior parte das vezes tínhamos que chegar às 5h da manhã e sair às 5h da tarde”, detalha Alaylson.

Tárcia completa que durante as gravações aprendeu a lidar com os conflitos pessoais. “A gente aprendeu que quando um estiver fazendo a cena, não se pode deixar para lá, quando não for a nossa hora. Ainda que não esteja no plano, é necessário estar atento para não atrapalhar a cena”, pontuou.

Seleção no Ifal

Além do Campus Maceió, o Campus Marechal Deodoro abriu as portas do Instituto para a produção do filme. “Em Maceió, estivemos em muitos bairros, conhecendo escolas, grupos de teatro, e talentos espalhados pela cidade. O Ifal foi um dos lugares onde recebemos mais suporte. Conhecemos diversos estudantes extremamente talentosos. Não à toa dois deles integraram o elenco principal e um foi selecionado para o elenco de apoio. E muitos outros agora fazem parte de um banco de talentos, que vai alimentar outros filmes em breve”, comentou um dos produtores contratados para o filme, Rafhael Barbosa.divulgação sem coração.png

A obra se passa no nordeste do Brasil, verão de 1996, quando uma das personagens aproveita o fim das férias em Alagoas. Um dia, ela ouve falar de uma menina com uma cicatriz no peito, apelidada de "Sem Coração", e acaba criando um elo de amizade forte com ela.

Nesse filme, Rafhael atuou como produtor de elenco para a produtora independente pernambucana Cinemascópio, criada por Kleber Mendonça Filho e Emilie Lesclaux, realizadores já reconhecidos internacionalmente, por trabalhos como "O Som ao Redor" (2013) e "Aquarius" (2016). Para ele, o cinema de Alagoas vive hoje um momento de intensa atividade. “Temos mais de 100 filmes sendo rodados, entre curtas, médias e longas”, comenta Rafhael.