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Resgate da literatura de cordel é destaque em projeto de extensão

Inclusão social e formação para a cidadania são alguns dos pilares da ação

publicado: 28/06/2017 12h19, última modificação: 29/06/2017 10h02
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Bolsistas, professoras e crianças posam para foto no Arraiá do IFAL Santana

Um pouco de história 

Na Espanha, pliegos soltos; no Peru, o corrido; na França rural, a litteratue de colportage; em Portugal, folhas soltas ou manuscritos; no Nordeste do Brasil simplesmente literatura de cordel. Mundo afora, todas essas manifestações culturais guardam certa semelhança por tratarem de uma literatura popular que atende à diversidade de categorias, mas talvez nenhuma delas tenha tanta força quanto a que os nossos cordéis têm para o povo nordestino.

Foto exibe um dos cordéis criados por aluno do projetoTrazido para nossas terras pelos colonos portugueses entre os séculos XVI e XVII, a literatura de cordel foi sendo adaptada às necessidades dos nordestinos e se configurando como um tipo de literatura com características próprias e bem marcantes já no século XIX, desvencilhando-se do romanceiro popular português do qual foi originária. Recebeu esse nome porque os vendedores dos pequenos livretos com as narrativas de amor, guerras, religião, política, entre outros, eram pendurados em cordões; daí surge o termo literatura de cordel.

 

O projeto

 

Resgatar a literatura de cordel e reconhecer seu papel enquanto patrimônio histórico e cultural do povo brasileiro: esse pode ser considerado o marco do projeto de extensão “Meu mundo em versos: o resgate da literatura de cordel”, proposto pela professora Ana Lady da Silva, Mestra em Estudos Literários.

Desenvolvido para as crianças de 7 a 14 anos do bairro Alto Santa Luzia, no município de Santana do Ipanema, o projeto ocorre com a parceria do Centro Espírita Santa Bárbara, onde os encontros acontecem e avança adentro das questões pedagógicas, com a finalidade de desenvolver a sensibilidade e a capacidade reflexiva e criativa nos pequenos, que facilitam o processo de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, o Cordel possui uma contribuição de mão dupla, à medida que propicia o resgate de uma riqueza cultural nordestina e, ao mesmo tempo, promove o conhecimento dos aspectos históricos, políticos, econômicos, temas comumente abordados nesse tipo de literatura. É como se as crianças cultivassem o alimento e após a colheita já se alimentassem dele.

Entusiasta dessa tipologia da literatura, a Professora Ana Lady cita a relevância do projeto: “Por meio da poesia popular, as crianças poderão conhecer aspectos da história nordestina, refletir sobre temas do seu cotidiano e opiniões sobre o cordel em sua diversidade, tanto oral quanto escrita, pois o cordel como manifestação cultural retrata o cotidiano, a realidade do povo brasileiro e suas peculiaridades constituindo, dessa forma, uma relação que propicia troca de saberes, conhecimentos e experiências”.

Crianças durante execução de uma das etapas do projetoO projeto já dá seus frutos. No último dia 17/06, no Arraiá do IFAL - Campus Santana do Ipanema, as crianças expuseram e declamaram cordéis escritos por elas mesmas e impressionaram pela beleza da poesia popular. Enquanto constroem os cordéis, as crianças participam de debates relevantes, que potencializam seu papel cidadão na sociedade atual, uma vez que temas como solidariedade, discriminação racial, preconceito, protagonismo feminino, consciência ambiental, ética e combate às drogas entram em pauta, como a proposta descreve. O encerramento, programado para novembro,  prevê uma exposição dos trabalhos no bairro onde ele tem se desenvolvido, garantindo uma relação mais próxima do IFAL Santana com a comunidade externa, uma das marcas do trabalho de extensão.

Completam a equipe os bolsistas Vinicius Teodosio e Maria Larisse, dos Cursos Integrado e Subsequente em Agropecuária. A valorização do saber popular em tempos que pesquisas acadêmicas ganham cada vez mais força é decisiva para garantir a manutenção de uma cultura tão rica, a exemplo da nordestina, que tem sido vítima de recursos midiáticos que tendem a levar ao esquecimento aspectos tão essenciais da nossa história.

A inclusão social novamente aparece como marca destacada dos nossos projetos, tendo em vista o caráter cidadão contido nele, que luta para que os envolvidos reconheçam seu papel reflexivo numa sociedade cada vez mais baseada no conhecimento, além de desenvolver neles capacidades e habilidades significativas no processo de leitura e escrita.

“O contato com o Cordel também possibilitará uma visão mais humana das diferenças, que as relações entre os sujeitos possam ser realizadas com mais cordialidade e permitirá que o respeito e tolerância sejam alguns dos principais objetivos atingidos. A partir do contato com a Literatura de Cordel as crianças e jovens da comunidade serão capazes de refletir, indagar, questionar, escutar outras opiniões, articular e reformular seus pensamentos,” finaliza a proponente do projeto, Professora Ana Lady.

A apresentação dessa matéria faz parte da nossa série que traz à tona o trabalho de Extensão desenvolvido pelo campus e que continua trazendo benefícios à região do Sertão. Até o final de 2017 tem muita coisa positiva acontecendo! Vem ser IFAL Santana.


Por Diego Alves

Bolsista orienta as crianças