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Projeto trabalha inclusão social com o ensino de Libras
Ação acontece em escola no município de Major Izidoro
Projeto insere inclusão para surdo em escola no município de Major Izidoro
Quando criou a primeira escola de surdos, em 1857, na cidade do Rio de Janeiro, é possível que Dom Pedro II não imaginasse que um século e meio depois a inclusão deles dentro do sistema educacional fosse ainda um dos maiores desafios. Com o crescimento demográfico do país, o número de surdos aumentou significativamente. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (2010), o Brasil tem 9,7 milhões deles, o que representa pouco mais de 5% da nossa população.
Os dados indicam a necessidade de fortalecer políticas públicas que incluam os surdos dentro das escolas, como a Declaração dos Direitos Linguísticos, assinada pela UNESCO em 1996, em Barcelona. Ali houve o reconhecimento da língua como direito humano. Mais tarde, a Lei nº 10.436, de 2002, reconheceu a Linguagem Brasileiras de Sinais - LIBRAS como meio legal de comunicação e expressão no país, devendo compor os currículos da formação de docentes no país. Anos depois, o Decreto nº 5.626, de 2005, regulamentou a lei e trouxe elementos importantes, como a obrigatoriedade da oferta, desde a educação infantil, do ensino de LIBRAS como segunda língua para os surdos.
12 anos depois, porém, o cenário ainda é desafiador. Faltam intérpretes da língua de sinais em grande parte das instituições de ensino, fato que dificulta a inclusão dos surdos em palestras, seminários, atividades extraclasse. A acessibilidade consagrada na legislação esbarra no descumprimento da própria lei.
O projeto
Incluir as pessoas com deficiência dentro da escolar regular é um pressuposto básico da educação no Brasil. No que se refere à inclusão dos surdos na escola, trazer à tona o conhecimento da Língua Brasileira de SINAIS - LIBRAS é o caminho para uma escola cidadã. Dentro dessa perspectiva, o projeto de extensão "Arte Libras - a arte de aprender e se comunicar com a Língua Brasileira de Sinais", desenvolvido pelo Campus Santana, insere o conhecimento sobre a linguagem na Escola Municipal Adovaldo Albuquerque Alves, localizada no município de Major Izidoro. A unidade de ensino, que possui casos de alunos surdos, motivou a ação.
A sensibilização da comunidade escolar para inclusão de alunos surdos é uma das marcas do projeto, que leva conhecimento aos alunos dos 6º e 7º anos. O projeto apresenta, de forma fácil, conceitos básicos de LIBRAS, como o alfabeto, números, cores, meses do ano, saudações e termos próprio do ambiente escolar e do cotidiano. Coordena a ação o Professor Fábio Henrique Sales de Lima Lau, que conta com os bolsistas Júlia Heloizy Bezerra e Eduardo Silva de Farias Júnior, alunos do Curso Técnico Integrado em Agropecuária.
Material impresso, vídeos, exercícios, entre outros mecanismos, tornam fácil o aprendizado dos alunos, viabilizando a comunicação em LIBRAS e a inclusão educacional de surdos. A iniciativa do Campus Santana tem um viés inclusivo, marca dos nossos projetos de extensão. A responsabilidade pela inclusão dos surdos é de toda sociedade, mas a escola desempenha um papel de protagonismo nessa tarefa. O último dia 26 marcou o 160º aniversário da criação da primeira escola de surdos no país e, por isso mesmo, é anualmente celebrado como o Dia Nacional dos Surdos.
O ensino de LIBRAS dentro do Campus Santana
Reduzir as barreiras educacionais e incluir surdos no ensino regular, garantindo o efetivo processo de ensino-aprendizagem, passou a ser um desafio ainda maior no Campus Santana. Em 2015, nossa escola recebeu sua primeira aluna com deficiência auditiva. Camila Maria Santos Silva é discente do Curso Técnico em Agropecuária e possui deficiência auditiva total bilateral.
O caso de Camila gerou um importante debate dentro da escola e recebeu grande atenção do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas, que lutou pela chegada de um Intérprete de LIBRAS. A situação chegou, inclusive, para o Ministério Público Federal em Alagoas, que recomendou a contratação. Pouco mais de dois anos depois, a realização: o Campus Santana tem autorizada a contratação do profissional e será o primeiro do Ifal a receber um intérprete de sinais. O processo seletivo está em andamento, sendo composto por prova objetiva e de títulos.
O valor da comunicação na formação humana é destaque na fala do Diretor do Campus, Gilberto Gouveia Neto: "O intérprete de LIBRAS é o profissional que possibilita a comunicação e a interação dos surdo dentro da escola e a chegada desse profissional no Campus vem consolidar a missão do Ifal na região, que cumpre sua função social", destacou o gestor. Essa é a sétima matéria da série sobre os projetos de extensão do Campus Santana.