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Plantando conhecimento: projeto de extensão trabalha conscientização ambiental

Ação mergulha no universo das abelhas sem ferrão

publicado: 07/11/2017 09h39, última modificação: 07/11/2017 09h39
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Projeto trabalha para o equilíbrio da biodiversidade e do meio ambiente

Elas são pequeninas, quase imperceptíveis a olho nu, mas desempenham um papel gigantesco na reprodução de espécies da flora brasileira: estamos falando das abelhas. Os insetos são os grandes responsáveis pelo processo de polinização, que é o transporte do grão de pólen (masculino) até o órgão feminino da flor, garantindo assim a fecundação da semente. Estima-se que 80% da realização desse processo fica a cargo de agentes animais, sendo as abelhas nativas as principais polinizadoras.

Um dos projetos de extensão do Campus Santana mergulhou no universo das abelhas sem ferrão, típicas da Caatinga sertaneja, para realizar um relevante trabalho sobre o tema. "Conscientização sobre a importância das abelhas nativas para o equilíbrio da vida ambiental" é o nome do projeto, que estampa nossa série sobre as ações da extensão desenvolvidas no Ifal em Santana do Ipanema.

A fertilização das plantas depende das abelhas, especialmente em países tropicais, como o Brasil. No caso do nosso projeto, o estudo reside sobre uma espécie peculiar conhecida como meliponíneos, que é um grupo de abelhas sem ferrão, representados em nossa região pelas abelhas Jandaíra e Mandaçaia. Esse grupo específico dos insetos tem como característica o fato de viverem em grandes sociedades, construindo seus ninhos em diferentes locais e tendo a capacidade de estocar grande quantidade de mel.

Se você liga a imagem das abelhas àquela ferroada dolorida, pode esquecer essa fama. Nossos meliponíneos não precisam do ferrão para produzir aquele mel considerado por especialistas o melhor do mercado, tanto em lucratividade quanto em propriedades benéficas à saúde. É certo que o preço do quilo do mel das abelhas sem ferrão custa quatro vezes mais que as espécies comuns. Esse fato pode, em parte, ser explicado pela produção anual da espécie, que chega a 1,5 kg, enquanto as espécies com ferrão alcançam índices bem maiores, com 25 kg produzidos ao ano. Outro fator que dá destaque ao mel das abelhas sem ferrão é a aceitação num nicho de mercado que cresce volumosamente: o da alta gastronomia. Com uma doçura singular e uma textura específica, o mel ganhou o paladar dos chefes renomados e às mesas dos melhores restaurantes. Soma-se a isso as propriedades medicinais do produto, utilizado na fabricação de remédios, possuindo propriedades antibacterianas.

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Mas para que essas abelhas nativas sem ferrão possam continuar desempenhando seu papel decisivo na conservação do meio ambiente precisamos repensar nossas ações. O desmatamento e outras ações humanas, como as queimadas, precisam ser contidos. Esse é o principal objetivo do projeto de extensão, coordenado pela Professora Dra Cláudia Miranda. "Muitos estudos têm alertado que a extinção das abelhas silvestres compromete a manutenção da cadeia biológica restante – a ausência delas prejudica a reprodução de muitos vegetais e a falta de sementes e frutos afeta a sobrevivência dos animais que os consomem. Assim, se faz necessário que seja desenvolvida uma consciência de preservação, pois a maioria da população desconhece a importância biológica desses insetos. Há também a necessidade de ampliar o número de áreas protegidas, gerando a cultura dos povos margeantes para que ajudem na vigilância desse patrimônio natural", explicou a docente, que conta com os alunos João Pedro Santos Queiroz, Luana Silvestre e Natanael Barbosa, ambos discentes do Curso Técnico em Agropecuária, no desenvolvimento das atividades, além da colaboração do Professor Juliano Molino.

Os trabalhos são desenvolvidos junto aos estudantes do assentamento Poço Salgado, na Camoxinga, zona rural do município de Santana do Ipanema. Na região, existe uma pequena reserva de mata nativa, onde a conscientização é feita junto aos alunos, do 6º ao 9º ano, da Escola Municipal Senhora Santana, que possui área verde para o cultivo de flores atrativas.

 Se por um lado o projeto desenvolve importantes noções de preservação ambiental, por outro deixa um legado que pode ser essencial na geração de renda e exploração econômica sustentável do mais caro e procurado mel. A iniciativa tem previsão de ser encerrada no próximo mês, com a elaboração de uma cartilha informativa, após várias outras ações, que incluíram trilhas dos estudantes para conhecer as abelhas sem ferrão em seu habitat natural, visitas de campo com pequenos produtores rurais, construção de meliponário e cultivo de plantas.

O projeto é mais uma prova valorosa do importante trabalho extensionista da instituição. Do processo de polinização e da manutenção das espécies de abelhas nativas vem muito mais que a garantia do mais puro e saudável mel, com propriedades medicinais: estamos falando da atividade agrícola, das árvores frutíferas e de grande parte da produção alimentícia. O equilíbrio dos ecossistemas e da biodiversidade é mais uma marca e compromisso do Campus Santana para com a região do sertão alagoano.