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VI Semtecc equilibra a magia escolar com o científico do ensino técnico
Programação festiva da Semana Tecnológica e Cultural do Ifal Piranhas fecha programação de eventos de 2018
O Ifal Piranhas realizou entre 4 e 7 de dezembro a VI Semana Tecnológica e Cultural (VI Semtecc), maior evento do campus. A Semtecc teve, em sua programação, palestras, minicursos, oficinas, salas temáticas, mostra de trabalhos acadêmicos e dois festivais culturais para encerrar a programação. O evento teve a seriedade e o nível de congressos e seminários universitários, sem perder a magia do lúdico e do criativo tão presentes em eventos escolares. As palestras dialogaram com a temática dos cursos técnicos oferecidos pelos campus, nas áreas de agroecologia, alimentos e agroindústria. Já os minicursos passaram por temas mais amplos, como aplicações do Raio-X na ciência e tecnologia, introdução ao pensamento metacultural de Freud, a história do samba e também as manifestações culturais no sertão para além do forró.
As oficinas trouxeram o conhecimento prático, desde a produção de iogurte grego com leite de cabra até a realização e ambientação de trilha ecológica e jogos tradicionais na cultura popular. A Semtecc englobou eventos menores, como a Mostra de Ensino, Pesquisa e Extensão, que reuniu os trabalhos desenvolvidos no campus. Na mostra, os alunos puderam expor seus resultados em banners e apresentá-los ao público, tal qual fazem nos congressos científicos que participam. As salas temáticas eram um show à parte. Elas traziam aquele clima de feira de ciências que a maioria das
escolas tradicionais têm. Os visitantes entravam em um mundo particular dentro das salas e a ideia, segundo a comissão organizadora do evento, era mergulhá-los em conhecimento. O público passou pela crueldade da ditadura na sala Censurada, vivenciaram as necessidades específicas com o NAPNE, entenderam o que é energia limpa, mas mergulharam também nos malefícios da poluição, na sala Lixo. Os universos da Agroecologia e da Agroindústria também foram explorados, assim como os jogos matemáticos e a topografia, no fim, a Semtecc foi uma grande aventura do conhecimento, como levou o nome a sala que tratou da história da Ciência.
Na sala temática “Aventura do Conhecimento”, o visitante era recebido por mascarados e uma moça com pernas de pau. Um clima circense recepcionava o público, mas os truques expostos na sala não eram de mágica, eram de química. Segundo o professor Ronny Francisco, a proposta da sala era mostrar ao público uma visão histórica da ciência, mostrar o conhecimento científico através de grandes nomes da área e também de experimentos práticos. E, para a retomada histórica do conhecimento, os alunos foram assessorados pelo professor de filosofia, Luiz Márcio. Já, para a mostra prática de experimentos científicos, eles contaram com a orientação e supervisão da professora de química, Cínthia Régia.
Das atrações do show de química, a que o público mais se atraiu foi a que pôs fogo nas mãos dos visitantes. Em um experimento com “bom ar”, detergente e água, os visitantes viam suas mãos pegarem fogo sem queimar. A equipe de aprendizes de cientistas fez tudo quimicamente calculado para não machucar ninguém.
A sala temática “Jogos matemáticos: práticas, táticas e estratégias” mostrou que a matemática é feita de jogos e que é possível praticar a disciplina, brincando. O Ueldo Mariano, do 1° ano de Agroecologia, visitou a sala e adorou. Ele não conhecia os jogos, mas gostou de experimentá-los. “Eu descobri que a matemática pode ser divertida. Se as escolas trabalhassem a matemática assim desde a infância, as pessoas gostariam mais da matéria”, afirmou Ueldo. A maior parte dos jogos e materiais disponíveis na sala fazem parte do acervo do laboratório da disciplina no campus. A equipe de docentes da matéria busca mostrar, em sala de aula e em eventos como a Semtecc, que a matemática está mais próxima dos alunos do que eles imaginam.
Em enquete no Instagram, o público escolheu a melhor sala temática e a que mais impressionou foi a sala “Censurada”. A sala tratou sobre a Ditadura Militar no Brasil. Segundo o professor Gerardo Neto, algumas pessoas nem conseguiram terminar o percurso da sala, saíam chorando e impactadas com as cenas fortes que viram. O professor Thyago Ruzemberg explica que há uma crescente onda "revisionista" e "negacionista" na cultura histórica brasileira atual, na qual, afirma-se que o país não viveu uma Ditadura, ou que o Regime Militar foi brando e procuram justificar o governo ditatorial implantado no Brasil. “O nosso objetivo é mostrar que houve ditadura civil-militar no Brasil e mostrar, principalmente, as ações de repressão implantadas. Porém, não queríamos trabalhar esse conteúdo de forma expositiva, procuramos trabalhar a sensibilidade, a empatia”, explica Thyago.
Para encerrar a semana, dois festivais foram realizados: o Festival de Música Internacional e o Festival de Cultura e Arte. O primeiro fazia parte de atividade avaliativa da disciplina de Língua Inglesa e envolveu 12 turmas de 2° ao 4° dos Cursos Técnicos Integrados em Agroecologia e Agroindústria. A proposta dos professores Lia Nara Figueredo e André Cordeiro era que os alunos trabalhassem clássicos do cinema e sua trilha sonora, contextualizando os filmes e os representando através de danças, músicas, interpretações e montagem de figurino e cenário. O público foi ao delírio com Frozen, O Rei Leão, Dirty Dancing e outros clássicos do cinema e os alunos usaram e abusaram da criatividade nas apresentações. Para Lia Nara, sair um pouco das quatro paredes da sala de aula ajuda muito no ensino de língua inglesa e associar isso a uma abordagem lúdica atrai muito a atenção e a participação dos alunos. “A intenção é sempre fazer com que os alunos tenham mais contato com a língua estrangeira e a sua cultura, e, misturando música com dança e com cinema, o clima contagia a todos. Sabendo que arte está em tudo e que os jovens se atraem muito por ela (e eu também), percebi que era possível desenvolver um projeto nesse sentido. Esta já é a segunda edição do evento e eu estou muito satisfeita com o resultado”, afirma a professora.
Para a professora Lia, os Institutos Federais tem um caráter diferente das escolas tradicionais e das universidades, embora tenha também cursos de nível superior. O Instituto é uma instituição híbrida e esse hibridismo é, claramente, visto em seus eventos, que equilibram o científico das universidades e o lúdico das escolas. “O IF é uma instituição bem diferente e acredito que nós, como parte do IF, devemos manter o compromisso com a educação de qualidade e ter sempre o foco nos estudantes, o IF existe para eles e, por isso, acho que eventos como este fazem com que eles percebam que têm o poder de serem atuantes e que são eles que podem fazer as coisas acontecerem. A escola em si já é um lugar mágico, é o ensaio da vida, por isso cada desafio, cada obstáculo vencido vale a pena”, explica Lia. E os desafios foram vários, relatou a professora: os estudantes planejaram as apresentações em duas semanas ou menos, resolveram problemas interpessoais que surgiram do trabalho em grupo e produziram cenário durante a madrugada. “Quando eu e o professor André propusemos o Festival, sabíamos que seria difícil, mas também sabíamos que os nossos meninos e meninas dariam conta! E deram! Deram show! Eu ainda estou extasiada com as apresentações”, conclui a professora de Língua Inglesa.
O Festival de Cultura e Arte foi o último evento da programação da Semtecc e trouxe atrações culturais de outros campi, como a Trupe Sonora do Ifal Palmeira dos Índios e o Grupo de Teatro do Ifal Penedo, que apresentou duas peças do dramaturgo francês, Molière. Após apresentação dos grupos convidados, alunos do Ifal Piranhas e de outras escolas da região participaram de um show de talentos, onde se apresentaram por categorias (instrumental; música individual e em grupo; dança individual e em grupo; e poesia). Cinco jurados convidados votaram no melhor candidato de cada categoria e a plateia deu seu voto através do Instagram do campus para premiar os primeiros colocados. O público ficou até o fim do festival, mesmo com o avançar do horário, mantendo a animação e vibrando a cada apresentação e premiação.