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Um negro, duas mulheres, um indígena: conheça a equipe referência em tecnologia que tem levado o Ifal Piranhas a posições de destaque

Grupo atua no Laboratório IF Maker do campus

por Roberta Rocha publicado: 28/01/2023 15h37, última modificação: 07/02/2023 16h41

Aracelle Alves, graduanda em Engenharia Agronômica; Eduarda Souza, do curso técnico em Agroecologia; Moabio Rodrigues, licenciando em Física; Pedro Ayrwan, do curso técnico em Agropecuária. O que esse quarteto discente do Instituto Federal de Alagoas - Ifal Campus Piranhas tem em comum? Além da atuação como bolsistas no Laboratório IF Maker da unidade de ensino e a da participação em eventos para expor as inovações produzidas no local, o grupo compartilha o gosto pela tecnologia, a inclinação autodidata e o pertencimento a minorias sociais.

São duas mulheres, um negro e um indígena, respectivamente, conquistando espaço onde pessoas com suas identidades comumente encontram barreiras: a indústria tecnológica.

Representatividade - Em relação ao gênero, a disparidade começa no ambiente educacional. De acordo com pesquisa realizada em 2015 pelo National Girls Collaborative Project, a participação de mulheres em cursos de graduação na área de ciências da computação correspondia a 18% e em engenharias, 20%. Já no mercado de trabalho, o relatório Global Gender Gap 2022 do Fórum Econômico Mundial aponta que a porcentagem de mulheres formadas em Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) é de 1,7% em comparação com 8,2% dos homens formados e, em Engenharia e Manufatura, os números são de 24,6% para os homens e 6,6% para mulheres.

IFMaker"Eu me sinto empoderada. E viva o empoderamento feminino! Porque é muito difícil ter mulheres na tecnologia, realmente. Quando eu falo 'olha, eu faço isso, isso e isso', o povo fica sem acreditar. Porque eles imaginam: 'poxa, não é uma menina que está fazendo isso, deve ser um homem'. Só que eu fico me sentindo incrível, porque sou eu que faço, sou eu que estou aqui", comentou Eduarda, sobre programar o Arduino, que é uma plataforma de prototipagem eletrônica utilizada no desenvolvimento de projetos robóticos e de automação residencial.

A estudante defendeu a ampliação do acesso à tecnologia, como forma de flexibilizar os parâmetros de participação no ramo e fazer com que mais mulheres, homens negros e indígenas tenham a percepção de que esse setor é ambiente para eles e elas.  

"Eu me sinto quebrando o racismo de algumas pessoas. Porque muitos veem a imagem de um indígena como uma pessoa muito primitiva, que não consegue mexer nas coisas", apontou o estudante responsável por programar sistemas geradores de comandos em variados dispositivos.

Para o discente Pedro Ayrwan, indígena da etnia Fulni-ô (fixada no município de Águas Belas-PE), a sensação de integrar um grupo de atuação no ramo tecnológico também é de estar rompendo paradigmas. "Algumas pessoas acham estranho quando veem eu mexendo em tecnologia. 'Como assim, um índio consegue entender uma coisa assim?'. Eu me sinto feliz por isso [combater o preconceito]".

Já a graduanda Aracelle, que opera a impressora 3D do laboratório, disse ser uma conquista pessoal lidar com equipamentos eletrônicos de alta performance. "Eu me sinto grata, pelo fato de ter vindo de uma família simples e hoje estar em um projeto com tanta tecnologia, aprendendo algo novo, que posso mostrar à minha família", destacou.

Os estudantes se tornaram bolsistas do Laboratório IF Maker mediante edital de seleção e a configuração diversificada que o grupo adquiriu também chama a atenção do licenciando em Física, Moabio Rodrigues, reconhecido pelo domínio da tecnologia 3D. "O laboratório inclui todos. Todo mundo que quer participar vem aqui: estuda com a gente, aprende com a gente. E assim a gente vai aprendendo, acolhendo todos.  Seguindo justamente a cultura maker, de aprender fazendo, colocando a mão na massa... Todo mundo em conjunto!", resumiu.

Destaques da atuação

Bolsistas do Laboratório IF Maker na companhia do coordenador Samuel Silva e do docente Aristófanes Matias, apoiador da iniciativaNa última semana de janeiro, os quatro bolsistas do Laboratório IF Maker do Campus Piranhas estiveram em Maceió/AL para representar o Instituto Federal de Alagoas - Ifal no evento Inova Escola Brasil 2023, organizado pelo governo estadual. Junto à equipe do Campus Rio Largo, o grupo fez demonstrações de robótica e programação, apresentando a tecnologia desenvolvida em ambas as unidades de ensino. 

Na semana anterior, o docente Samuel Silva, coordenador do IF Maker do Alto Sertão de Alagoas, abriu as portas do laboratório para mostrar à própria comunidade do Campus Piranhas as inovações que o quarteto tem produzido: sensor de presença, sistema de irrigação automática, sensor de tonalidade, receptor infravermelho com tela digital, sistema que recebe funções do computador e emite sons de notas musicais, além de diversas impressões em 3D.

A ocasião serviu para os visitantes tirarem dúvidas e darem sugestões, especialmente outros discentes e docentes da unidade com noções de linguagem de programação. 

Aprendizado - Para desenvolver as tecnologias que foram elogiadas pelos espectadores dos dois eventos, o grupo fez treinamento institucional específico para atuar no IF Maker e cursos online por conta própria. 

O Laboratório IFMaker é um espaço de inovação presente na Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, com tem o objetivo de disseminar os princípios que norteiam o ensino Maker, onde o aluno é protagonista no processo ensino-aprendizagem ao envolver-se em projetos com aplicabilidade em problemas reais da sociedade. A iniciativa estimula o desenvolvimento da cultura learning by doing  (aprenda fazendo) e da Aprendizagem Baseada em Projetos.