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Professor lança livro que aborda luta camponesa pela terra no Sertão de Alagoas
Obra está disponível para download gratuito na internet
Foi lançado na última quarta-feira (14), o livro "Resistência do campesinato em meio à contrarreforma agrária no Brasil: da luta pela terra á luta para permanecer nos territórios dos assentamentos rural no Sertão de Alagoas", de autoria de Claudemir Martins, professor de Geografia do Instituto Federal de Alagoas - Ifal Campus Piranhas. A obra encontra-se disponível para acesso gratuito na página eletrônica da Editora da Universidade do Ceará - EdUECE.
Em mais de 600 páginas, o docente apresenta um panorama histórico da luta pela reforma agrária em Alagoas, com foco na saga do campesinato sem-terra em busca do direito à terra. O trabalho é fruto da tese de doutorado de Claudemir Martins, desenvolvida entre os anos de 2015 e 2019, no Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), e parte dos estudos foram executados por meio de projetos de pesquisa e extensão no Campus Piranhas.
A partir dessas iniciativas institucionais, o autor diz ter se aproximado da realidade do campo no Sertão alagoano. "De 2016 a 2017, coordenei o programa Minha Comunidade, onde nós escolhemos um assentamento em Olho D'água do Casado e fizemos um trabalho de um ano, projeto que foi premiado no Encontro de Agroecologia do Nordeste. Desenvolvi pesquisa também junto com os estudantes em assentamentos rurais, inclusive no Assentamento Lameirão, sobre as experiências agroecológicas e agroindustriais desenvolvidas pela agricultura camponesa no sertão. E esse é um dos elementos abordados no livro", aponta.
Motivação - Para Claudemir, a motivação em demarcar sua análise no Sertão alagoano não se resume ao fato de estar lotado em uma unidade de ensino nessa região. O Sertão, de acordo com o docente, foi invisibilizado em estudos anteriores envolvendo o estado.
"Historicamente, os trabalhos intelectuais em Alagoas concentraram sua atenção no leste alagoano, no litoral, na área de monocultivo da cana. Quando fui pesquisar, vi que existem poucos trabalhos sobre o Sertão alagoano, a luta pela reforma agrária no Sertão alagoano. E isso me estimulou muito a escrever. Quem são essas famílias camponesas que hoje estão nos assentamentos rurais? De onde elas vieram? Por que ingressaram na luta pela reforma agrária? Então, quem é esse campesinato assentado?".
Claudemir aponta que o Sertão foi berço da luta pela reforma agrária no estado, em meados dos anos 80, com o surgimento dos primeiros assentamentos de luta na cidade de Delmiro Gouveira. Chamados Peba e Lameirão, ambos os assentamentos são contemplados no livro.
Outra reflexão presente na obra é sobre a relação entre a democratização da terra e o acesso à agua. "A luta pela terra traz outra luta junto com ela, a luta pela água. Aqui no semiárido, tem assentamentos que foram conquistados há muito tempo e que estão próximos do Rio São Francisco ou do Canal do Sertão, mas não têm água ainda, para produzir, para irrigar. Então a luta pela terra e pela água estão muito juntas, imbricadas", defende o autor, que já publicou artigo específico acerca da questão.
Confira a obra completa aqui.