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App Jogo de Linguagem é criado a partir de pesquisa do Ifal Piranhas e consegue registro no INPI

Software pretende ajudar usuário a melhorar competência linguística

por Roberta Rocha publicado: 29/08/2022 18h18, última modificação: 29/08/2022 18h36

Quem prestigiou, de 22 a 25 de agosto, a programação do 9º Encontro de Inovação, Tecnologia e Iniciação Científica (Eitic) com as bancas examinadoras dos projetos de pesquisa executados no Instituto Federal de Alagoas - Ifal Campus Piranhas, conheceu em primeira mão o aplicativo Jogo de Linguagem - um trabalho conduzido pelos docentes Ana Luiza Fireman (Língua Portuguesa) e Luiz Felipe Naziazeno Neto (Informática), em parceria com os estudantes João Pedro Santana (Licenciatura em Física) e Lucas Akira Tanabe (Bacharelado em Engenharia Agronômica). 

Criado a partir de projeto de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti) da instituição, o dispositivo pretende ajudar falantes da língua portuguesa a melhorar sua competência linguística e teve seu registro aprovado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), no último mês de julho. Esse procedimento garante a proteção dos direitos do software por um período de 50 anos.

Trata-se do segundo registro de software realizado a partir de projeto de pesquisa desenvolvido no Campus Piranhas, sendo o primeiro o aplicativo Cálculos de calagem e adubação de culturas agrícolas (conheça aqui). 

Concepção - A ideia de um jogo na área de linguagem que desviasse de treinos de vocabulário ou gramática, como é comum no mercado, para focar na problematização do uso da linguagem, era um sonho antigo da professora Ana Luiza. Estudiosa do Pós-estruturalismo, corrente teórica que vê a linguagem como veículo de intervenção na realidade, a docente elaborou para o aplicativo situações de fala onde os usuários pudessem desconstruir antigas concepções de linguagem e perceber que os sentidos da palavra estão no seu uso. 

"O ensino [escolar] ainda tem uma perspectiva estruturalista da linguagem, que a restringe como instrumento de representação da realidade ou como meio de comunicação. A concepção de linguagem pós-estruturalista vai além disso: o sentido da palavra está dentro do contexto, é adquirido a partir da linguagem em uso. E perceber que fazer uso da linguagem é uma ação estratégica gera uma tomada de consciência", explica a profissional.

As atividades do projeto de pesquisa iniciaram em agosto de 2021, de forma remota, em decorrência da pandemia de coronavírus. De lá para cá, o bolsista João Pedro teve o desafio de fazer muitas leituras na área de Linguística para atuar na iniciativa. Licenciando em Física, ele vinha de uma sequência de três anos de monitoria em disciplinas da área de exatas quando se deparou com o convite para integrar a equipe do Jogo de Linguagem.

"A forma como a gente percebe a linguagem, muda [a partir da prática do jogo]. É possível ver como, com a linguagem, você atua sobre o outro", afirma Ana Luiza Fireman.

A vivência no projeto trouxe aprendizados até para a vida pessoal do estudante. "Eu fui percebendo no dia a dia como eu falava, observando os aspectos da linguagem na relação com o meu irmão", conta.

De acordo com Ana Luiza, proporcionar reflexões sobre o uso da linguagem no cotidiano é exatamente a proposta do Jogo da Linguagem.

A partir dos 12 enunciados contidos no aplicativo, o usuário terá múltiplas alternativas de escolha e poderá analisar as diferenças de significação nos contextos apresentados, considerando componentes como a intencionalidade de quem fala, as relações de poder entre os sujeitos envolvidos etc. A docente aponta que isso possibilita um exercício de competência linguística, isto é, um estímulo para que o falante vá além do uso intuitivo da linguagem e tente explorá-la de forma estratégica. "Vai ser muito útil em sala de aula, como ferramenta pedagógica", conclui.

Desenvolvimento -  Para chegar ao protótipo de jogo apresentado no IX Eitic, Ana Luiza e João Pedro contaram com as habilidades técnicas de programação do docente Luiz Felipe e do estudante Lukas Akira. O grupo se reunia periodicamente para planejar as especificidades do aplicativo, as regras, os objetivos, as situações de fala presentes nas dinâmicas do jogo, além de buscar compreender conceitos linguísticos subjacentes às ideais propostas.

Para os dois desenvolvedores, que também integraram a equipe do app de calagem e adubação de solo criado no Ifal Piranhas, o maior desafio na construção do Jogo de Linguagem foi a utilização do Unity, software direcionado ao desenvolvimento de jogos. A ferramenta em questão envolveu, segundo eles, um grau maior de dificuldade em comparação ao aplicativo anterior.

"Estou feliz com esse projeto. É interessante ver como outros códigos [de programação] trabalham. O jogo ficou simples, mas ficou bonito", afirmou Lucas, que defende o aperfeiçoamento do design do dispositivo. Essa e outras melhorias estão previstas na chamada fase 2 do projeto.

Com a recente aprovação da iniciativa no edital Pibic/Pibiti 2022-2023, há perspectivas de aprimorar o modelo atual do Jogo de Linguagem e implementar novas funcionalidades. "Pretendemos também colocar em teste para estudantes e professores", destaca o professor Luiz. Ele esclareceu que até então os próprios desenvolvedores se encarregaram de testar algumas versões do aplicativo e realizar as modificações necessárias. 

Registro de Propriedade Intelectual 

Para garantir a segurança jurídica em casos de necessidade de comprovação da autoria ou titularidade do invento, a equipe do Jogo de Linguagem seguiu o fluxograma estabelecido pelo Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do Ifal, com o intuito de receber o registro de programa de computador concedido pelo INPI.

A padronização dos fluxogramas das solicitações de registro de software facilitou o trâmite processual, conforme Luiz Felipe. "O NIT deu todo apoio e o processo [de pedido de registro] foi aberto pelo SIGAA. Tudo muito prático". 

Como órgão da Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação (PRPPI) da instituição, o NIT é responsável direto pelo gerenciamento da política de inovação do instituto e por promover a proteção das invenções geradas no âmbito acadêmico.