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Evento do Ifal Piranhas aborda respeito à identidade e estratégias para educação inclusiva e antirracista

Mostra de Diversidade e Inclusão reuniu sala temática, apresentação de capoeira e mesa-redonda em sua programação

por Roberta Rocha publicado: 28/01/2023 18h35, última modificação: 28/01/2023 18h35
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A 3ª Mostra de Diversidade e Inclusão do Instituto Federal de Alagoas - Ifal Campus Piranhas, realizada na última quarta-feira (25), foi marcada por atividades e discursos que problematizaram a invisibilização, nas ciências e no currículo escolar, da atuação de mulheres, de negros/as, indígenas, de pessoas com deficiência e da comunidade LGBTQIA+. Também constaram, na pauta do dia, reflexões sobre estratégias de inclusão e de respeito à diversidade no ambiente educacional e social. 

Sala temática recebeu visitantes durante toda a tardeO evento foi organizado pela Licenciatura em Física do Campus Piranhas. A programação teve início com a abertura da Sala Temática "Ciências e Inclusão", onde ocorreu uma exposição sobre as trajetórias e as produções científicas de personalidades com as identidades mencionadas, além de experimentos com materiais inclusivos nas ciências. 

No turno da noite, o auditório do campus sediou a apresentação do grupo Capoeira Brasil, sob o comando do capoeirista Carcará, e os pronunciamentos da mesa diretora da solenidade. Em seu discurso, o coordenador da Licenciatura em Física, Ricardo Batista, falou da necessidade de "repensar o modo como a gente ensina, pensar em um modo mais democrático" e defendeu que os docentes que irão se formar nas licenciaturas do Ifal Piranhas tenham "essa formação integral, mais inclusiva".

Diretor-geral do campus encerrou as falas da mesa diretora do eventoO diretor-geral do Ifal Piranhas, Iatanilton Damasceno, destacou a importância de discutir os temas propostos pelo evento durante a formação dos novos docentes. "Não basta só reconhecer a diversidade, é preciso acolhê-la. Nós acreditamos que as barreiras só serão enfrentadas com a educação. E é esse processo contínuo que a instituição vem fazendo", acrescentou.

"Educação, Diversidade e Inclusão"

A mostra encerrou com uma mesa-redonda abordando os tópicos "Cultura e território: uma análise da cena K-cover da Grande Aracaju", "Educação Inclusiva e as possibilidades no Ensino das Ciências da Natureza" e "A importâncias das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008 - reflexões sobre a aplicabilidade no ensino da Física". 

Como mediadora da atividade, a docente Ana Luíza Azevedo apontou que a escola deve ser um espaço de problematização das relações de opressão e que a inclusão precisa ser concebida como um ato político. "Não apenas como um gesto de empatia", defendeu. 

Pesquisadora Ana Luísa Souto trouxe dados de sua investigação sobre K-popA primeira debatedora da mesa, Ana Luísa Couto, apresentou os resultados da sua pesquisa de conclusão do bacharelado em Relações Internacionais. Na ocasião, a profissional fez o mapeamento da cena k-cover na região metropolitana de Aracaju/SE, isto é, investigou o perfil socioeconômico de grupos covers de dança do gênero musical sul-coreano K-pop atuantes naquela localidade. 

A partir dos dados obtidos sobre raça, identidade de gênero, orientação sexual, grau de escolaridade e renda familiar, Ana Luísa Souto observou que a maior parte do público objeto do seu estudo pertencia a alguma minoria sexual ou de gênero e era de baixa renda. Para ela, essas pessoas que "normalmente são excluídas" socialmente, encontraram na cena K-cover "um espaço onde se sentem incluídas, se sentem seguras".

Quem também falou sobre as implicações positivas de se sentir incluído, mas com ênfase no ambiente escolar, foi a coordenadora do Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas - Napne do Ifal Piranhas, Virgínia Gomes. Ela deu um relato pessoal da síndrome auditiva com a qual lidou até os 5 anos de idade e as dificuldades enfrentadas na instituição de ensino que frequentava, na época. 

Pedagoga Virgínia Gomes contemplou tópicos de educação inclusiva

Conforme Virgínia, é impossível homogeneizar o processo de ensino-aprendizagem, pois mesmo quando não há estudantes com necessidades específicas, "são variadas formas de pessoas e variadas formas de aprendizado" convivendo em sala de aula. "Quando se fala de inclusão é dar recursos necessários para as pessoas com deficiência acompanharem a prática educativa", pontuou.

A coordenadora abordou legislações brasileiras que embasam a política de educação inclusiva e convocou os licenciandos presentes a se atualizarem sobre o tema. "Como profissionais da educação, precisamos acompanhar as mudanças da sociedade, porque ela é dinâmica".

Educação Antirracista

Último debatedor do evento, o coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas - Neabi do Ifal Piranhas, Thyago Ruzemberg, explanou sobre as leis responsáveis por tornar obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena nos ensinos fundamental e médio. O docente falou do Estatuto da Igualdade Racial - Lei nº 12.288/2010 como fruto da luta de movimentos sociais para mudar o ensino no Brasil e lembrou a importância de haver um componente curricular para discutir as relações étnico-raciais, especialmente nas licenciaturas. 

"Nosso currículo é colonial. Ele é eurocentrado. Para ter mudança de postura [quanto à igualdade racial], é preciso ter compreensão de certos fatores: da importância de instituir leis, da mudança nos currículos e na formação de professores", afirmou.

Thyago argumentou que o racismo estrutural atinge a sociedade, a educação e a ciência. Dentre os exemplos trazidos, ele mencionou como o conhecimento europeu, Ocidental e branco é visto como universal e científico, enquanto os saberes e conhecimentos negros, indígenas e Orientais são vistos como místicos, religiosos e folclóricos. "A dificuldade de não tratar isso é fazer com que nossos estudantes negros vejam a ciência como um espaço de conhecimento branco".

O palestrante reforçou que é papel do educador combater as desigualdades, colaborar com a formação identitária e de valorização dos estudantes negros e indígenas. Para alcançar isso, segundo ele, é preciso garantir espaço para o conhecimento público sobre cientistas negros e indígenas e para as técnicas, ciências e filosofias africanas no currículo escolar. "Nossa educação reproduz o racismo. É necessário combater o racismo com seu currículo, com suas práticas pedagógicas", ressaltou, aos presentes.