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Em entrevista ao Ifal Piranhas, professor dá dicas para redação do Enem

O professor de Redação, Vitor Mata, do Colégio da Polícia Militar, em Maceió, esteve no campus para oficina de produção textual para alunos do 4° ano

publicado: 02/11/2018 12h38, última modificação: 02/11/2018 12h38
Professor convidado dá dicas de redação para o Enem

Professor convidado dá dicas de redação para o Enem

O Enem está chegando e a redação é sempre uma preocupação dos candidatos. Com a intenção de acalmá-los e dar as últimas dicas e orientações antes da prova, o professor de Língua Portuguesa, Diogo Souza, promoveu a segunda edição da Oficina de Produção Textual para o Enem, nesta quinta-feira (1). Diogo recebeu mais uma vez o professor de Língua Portuguesa, Redação e Literatura do Colégio da Polícia Militar Tiradentes (Maceió-AL), Vitor Mata, para ministrar a oficina com ele para os alunos do 4° ano. Quem não é do 4° ano e queria ter participado da oficina pode pegar algumas das dicas do professor Vitor na entrevista abaixo, que a assessoria de comunicação do Ifal Piranhas fez com o docente.

Qual a intenção do professor Diogo, ao promover esta oficina poucos dias antes do Enem?

Vitor Mata: Ano passado, eu vim para essa mesma oficina, às vésperas do Enem e a ideia do Diogo de convidar alguém de fora para este momento é para que os alunos tenham outra perspectiva de um outro professor que vai referendar ou explicar de outras maneiras as coisas que eles já vinham aprendendo ao longo do ano. Nesta etapa, de véspera do Enem, há um nervosismo natural que os alunos costumam trazer e a gente, fazendo esse trabalho a quatro mãos, dá uma segurança maior para eles. Essa troca entre professores é algo bem interessante, pois redação e o estudo de língua portuguesa também se fazem num contexto de debate, de troca.

 

Qual o foco da oficina?

Vitor Mata: A gente tem focado mais na questão de como propor uma intervenção aos problemas. A redação do Enem tem 5 competências e uma delas exige que o aluno faça uma proposta de intervenção sobre um problema real que aflige o Brasil. Nosso alunado como um todo está conseguindo discutir as questões e buscar informações sobre o que está acontecendo ao redor deles, só que propor soluções aos problemas tem sido um desafio. Tem sido mais fácil, às vezes, desconstruir algumas coisas que propor ações construtivas. Então, nesta oficina de hoje a gente focou, bem especificamente, na elaboração de propostas de intervenção para que eles entendam quem são os agentes sociais que podem intervir em diferentes problemas de saúde, educação, segurança pública e quais são os efeitos pretendidos com isso. É comum não saber para quem recorrer ou onde se deve reclamar... a gente sabe os problemas, sabe falar sobre eles, sabe as origens deles, mas não consegue propor uma intervenção que os resolva. Por isso, a gente focou muito nessa quinta competência do Enem que tem um peso muito grande e é onde os alunos costumam ter insegurança, pois fazem uma discussão bem bacana ao longo do texto e quando chegam no final do texto, bate aquela ansiedade.

 

Para ser uma redação nota mil é preciso estar atento a qual detalhe?

Vitor Mata: A primeira competência é o diferencial entre uma boa redação que recebe mil e outra que não recebe. É ela que avalia os desvios gramaticais e o uso da norma padrão do português. A hora do exame vem carregada de ansiedade, de nervosismo e, às vezes, os alunos não conseguem dar uma revisada no texto para que ele não contenha erros ortográficos e faltem vírgulas, por exemplo. Muitas vezes, eles se preocupam com o conteúdo da redação e não com o formato dela. Então, é muito fácil que eles deixem passar uma acentuação, um hífen no lugar errado e isso, às vezes, é o que impede que uma redação seja nota mil. A gente costuma treinar muito ao longo do ano para que eles resolvam essas questões que trazem ao longo da vida escolar, mas sabemos que na hora da prova o que vai contar muto também é que eles façam essa redação com calma, lembrando dessas regras todas e que deem importância à revisão textual. Geralmente, a pessoa faz o rascunho e o transcreve sem fazer uma revisão atenta para perceber erros que eles sabem que são erros. Tem algumas falhas na hora da prova que não é algo que eles cometem todos os dias. Eles falam “poxa! Mas eu não erro isso e na hora da redação eu errei” e isso acontece muito porque essa prática de escrita e leitura que eles fazem não está muito atrelada à prática de revisão.

 

Há um tempo limite recomendado para a redação?

Vitor Mata: Então… essa prova é uma tonelada de informações, porque é prova de linguagens, prova de ciências humanas e a prova de redação em um dia só. É muito texto para ler e um texto para escrever e as pessoas têm estratégias diferentes de como trabalhar a questão do tempo na prova. Tem gente que grifa tudo e deixa a redação para fazer por último; tem gente que lê a proposta de redação primeiro, vai fazer a prova, enquanto pensa, e depois volta para redação; tem gente que prefere fazer logo o rascunho da redação para depois fazer a prova. A metodologia é bem pessoal e a gente respeita, porque cada um tem sua maneira de sentir mais conforto. Se a gente passar uma receita isso pode castrar um pouco a maneira das pessoas de fazer seu próprio texto, mas o que se recomenda, já que o tempo não é infinito, pelo menos na fase de escrita do texto final, é que o aluno não demore mais que meia hora. Então, no rascunho (construção do texto), geralmente, ele gasta um tempo maior, mas na hora de transcrever ele deve fazer isso com calma, dentro de um prazo de 20 a 30 minutos. É um tempo razoável, considerando que a redação tem 30 linhas, você pode gastar até um minuto para escrever cada linha, o que não dá é para demorar muito tempo nessa transcrição.

 

Que dica você deixa para os nossos alunos, além do que já foi discutido sobre as competências?

Vitor Mata: Os bons escritores de redação escolar, são os bons leitores (aqueles que costumam ter curiosidade, não ficar satisfeitos com respostas simples, sempre correndo atrás de bons veículos de comunicação, atentos a séries, filmes, bons podcasts, que são formas interessantes de se informar). A dica é utilizar sempre o tempo que sobra para fazer uma leitura interessante ou até mesmo ter uma conversa interessante com as pessoas e ir atrás de informação de qualidade. Você pode colocar um podcast legal para ouvir, enquanto lava uma louça, por exemplo.

 

Há espaço para criatividade na redação do Enem ou é melhor seguir sempre uma fórmula para não se arriscar?

Vitor Mata: Sim! Há mais espaço do que se imagina, a fórmula, em geral, está muito sujeita a modismos e costuma caducar depois de um tempo, então, a gente costuma ver que esses modismos acabam deixando o texto muito frio, enrijecido. Por exemplo, tem muitos filósofos que aparecem na redação do Enem com a mesma citação. Immanuel Kant, com a citação “o homem é aquilo que a educação faz dele”, virou um chavão de redação do Enem; todo mundo coloca isso nos textos, sendo que tem muito mais de filosofia e muito mais de Kant do que apenas essa citação. Então, tem gente que está citando, por exemplo, raps, obras literárias, filmes… e isso é uma maneira criativa de se utilizar áreas do conhecimento e seu repertório sociocultural e fazer um texto de qualidade.