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Abertura da 2ª Seagro coloca em pauta os desafios do semiárido alagoano
Evento segue até quinta-feira, 15
Professor Daniel Duarte vestiu-se a caráter para proferir a palestra "Conservação do bioma Caatinga"
"Quando a gente vê uma semana científica se materializando, a gente vê que nada aqui é em vão, estamos construindo algo muito forte". Com essas palavras, o diretor-geral do Campus Piranhas do Instituto Federal de Alagoas - Ifal, Iatanilton Damasceno, resumiu a satisfação de todos os envolvidos em promover a 2ª Semana de Agronomia da unidade de ensino. O evento iniciou nesta terça-feira, 13, e se estende até o dia 15, com programação diversificada e a participação de estudantes, pesquisadores, técnicos e agricultores interessados em discutir temas do universo agronômico e áreas afins.
Na cerimônia de abertura, os pronunciamentos e discussões deram ênfase aos desafios da convivência com o semiárido. Os primeiros palestrantes do dia concentraram a abordagem na riqueza da biodiversidade do bioma Caatinga e na urgência de sua conservação.
Para o professor Daniel Duarte Pereira, os impactos resultantes da intervenção humana na região são preocupantes. Ele apontou problemas como o pastoreio extensivo, assoreamento de rios e açudes e a fragilização do solo por falta de manejo adequado. "Se olharmos a produtividade do feijão, são 164 kg de solo utilizado para cada quilo de feijão produzido. Existe sustentabilidade nisso? Não. E são instituições como essa e profissionais como vocês que têm que conter isso", exemplificou.
Durante a explanação, o docente falou de alternativas de convívio sustentável com o semiárido e de possibilidades de geração de renda a partir do uso de espécies típicas da região para a produção de doces, alimentos e bebidas, artesanato, o uso medicinal e para paisagismo. "É possível produzir dentro da Caatinga? Sim. A mesma mão que destrói é a mão que constrói. E muito disso está nas mãos de vocês que estão concluindo os cursos nesse instituto. É preciso uma outra vestimenta, outro olhar para os materiais da Caatinga. Isso também é conservação", destacou.
De acordo com o deputado Inácio Loiola, que também palestrou na abertura da Seagro, o futuro do Nordeste está no bioma Caatinga. "Esse evento veio mostrar as potencialidade da nossa região. Temos água, estrada e energia. O que precisa é um plano de desenvolvimento", afirmou.
Atenta à pauta do dia, a aposentada Anete Miranda concordou com as alegações dos especialistas. "Gostei muito do debate sobre a conservação do solo. O tema tem relação com os problemas do meu dia a dia no campo. Falta é manejo das coisas".
Aos 67 anos, a pequena produtora rural tem experiência com o cultivo da terra e já participou de associação de produtores. "De menina, eu já plantava mandioca, feijão, milho. Sempre gostei de cuidar do meu roçado. Agora tenho um sobrinho que estuda Engenharia Agronômica aqui no campus", comentou a participante, sobre o histórico familiar de conexão com as práticas agrícolas
Programação diversificada- A estreia da Seagro 2019 contou com a apresentação cultural da professora do Ifal Piranhas Andréa Aragão acompanhada do estudante Franklin, no estilo voz e violão, e também com a participação de Sivaldo Aboiador. O artista entoou rimas retratando de forma poética o cotidiano sertanejo.
A mesa-redonda a respeito de agricultura familiar e comercial reuniu no palco representantes do Movimento Sem-Terra de Canindé/SE e da Emater, respectivamente, Avelange Santos e Nicholas Costa, além do professor do Ifal Marechal Deodoro Lúcio Bastos. Na discussão das duas vertentes de agricultura, os profissionais abordaram estratégias de empoderamento do produtor rural.
Outro momento de destaque da programação foi a palestra do pesquisador da Embrapa José Coelho Filho acerca dos solos do semiárido, onde foram discutidos os limites e potencialidades agroecológicas de chapadas e planaltos da região. A programação completa da Seagro 2019 está disponível AQUI.
Mesa diretora - Os discursos da cerimônia de abertura reforçaram a importância da existência da Seagro como espaço de diálogo e consolidação de saberes voltados à construção de uma identidade geográfica. Na fala do coordenador do evento, Samuel Silva, os espectadores tiveram acesso a dados comprovando a capacidade integradora da iniciativa. "Recebemos 58 trabalhos científicos e quase 60% é daqui do Campus Piranhas. Entre os inscritos, temos gente da UFRPE - Campus Garanhuns, do Cariri, da Uneal, do Ceca - Ufal, da Universidade Federal de Sergipe", enumerou.
O coordenador do curso de Engenharia Agronômica do campus, Fabiano Prates, declarou em seu pronunciamento que a Semana de Agronomia busca também firmar a presença do estudante na área. De acordo com o assessor especial de gabinete da Prefeitura de Piranhas, Cleriston Amorim, "eventos como esse só têm a somar para a região".
O pró-reitor de Extensão do Ifal, Abel Coelho, representou o reitor da instituição, Carlos Guedes, na solenidade. O dirigente compartilhou a identificação com a docência e colocou a pasta que comanda à disposição da comunidade acadêmica. Além de Abel Coelho, Iatanilton Damasceno, Inácio Loiola, Samuel Silva, Cleriston Amorim e Fabiano Prates, compuseram ainda a mesa de honra da abertura da Seagro 2019 o gerente regional do Sebrae Vitor Pereira, a coordenadora pedagógica do Ifal Piranhas Renata Rocha e o presidente do centro acadêmico do curso de Engenharia Agronômica do campus, Ivan Araújo.