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Técnicos atuam em laboratórios onde tiveram suas primeiras experiências de formação
Servidores participam da manutenção de equipamentos e ajudam estudantes em aulas práticas
Gerônimo Vicente, Monique de Sá e Roberta Rocha – jornalistas
Reportagem da série "2º Casa" de hoje resgata as histórias de quatro servidores que atuam em diferentes áreas, mas que têm a mesma função, de resguardar os espaços para as atividades práticas dos alunos, na instituição. Para cumprir tal missão, os técnicos Damazio Alencar, Jussara Ferreira, Pabllo Henrique de Souza e Lucrécio Santana utilizam-se de um conhecimento obtido aqui mesmo, no Instituto Federal de Alagoas (Ifal).
Pablo Henrique de Souza, por exemplo, faz parte da primeira geração de formados do curso integrado em Agroindústria, ofertado no Campus Murici. Ele ingressou lá, como aluno, em 2010, como aluno no curso integrado em Agroindústria e nesse tempo participou por dois anos de projetos de extensão, sendo monitor das disciplinas de Princípios de Tecnologia em Alimentos (PTA) e ainda em Química no período de 2012 a 2013.
Certificado do curso técnico, Pablo não quis deixar a área e partiu logo para uma graduação que pudesse acrescentar a sua curiosidade. Em 2014, ele entrou no curso superior em Tecnologia em Alimentos, no Campus Maceió. Novamente foi bolsista, agora de pesquisa, entre 2015 e 2018.
Mas seria a sua formação anterior que iria abrir novamente uma oportunidade. Em 2016, um concurso realizado pelo Ifal iria atraí-lo para ocupar o cargo de técnico de laboratório em Agroindústria, o que aconteceria no ano seguinte, em 2017. Mas Pablo lembra que isso não o impediu de continuar com seus estudos.
Ao terminar a graduação, em 2018, foi novamente na instituição em que fora aluno por duas vezes que ele mais uma oportunidade de qualificação. Atualmente Pablo realiza mestrado em Análise de Sistemas Ambientais, por meio do programa de incentivo do Ifal, o Programa de Incentivo à Qualificação e Pós-graduação (PIQPG).
"Acredito que por ter tido tantas oportunidades como monitoria e participar de projetos de pesquisa, moldaram-me para uma pessoa mais engajada. Não consigo descrever a satisfação de fazer parte por tanto tempo no instituto (quase 10 anos). A instituição me proporcionou vários momentos de crescimento pessoal e profissional. Foi o Ifal que me proporcionou a primeira viagem para congresso, além de outros momentos tão importantes. Hoje estou como coordenador dos laboratórios de Agroindústria, espero retribuir e conseguir ajudar no crescimento do campus”, relata.
A segunda e provável melhor opção
Quando entrou no Campus Palmeira dos Índios, em 2011, como aluna do curso técnico subsequente em Segurança do Trabalho, Jussara Ferreira já tinha uma relação de proximidade com o Ifal. Egressa do curso de Eletrotécnica, do antigo Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet), ela voltava para a instituição porque não se sentia realizada como profissional da área da Zootecnia, em que havia se graduado e esta frustração daria espaço a uma carreira nunca imaginada por ela.
Incentivada pelo irmão, Jussara topou voltar para a sala de aula naquele ano, mas ao contrário do curso anterior, ela disse ter sentido uma identificação imediata com a área de Segurança de Trabalho, tanto que começou a estagiar logo no início do curso.
“As oportunidades foram surgindo e eu as agarrei. Fui a primeira pessoa de Segurança do Trabalho a estagiar no Hospital Regional Santa Rita e lá pude ver na prática, o conhecimento adquirido em sala”, diz a técnica.
A empolgação com o curso foi tanta que logo Jussara se motivou para atuar profissionalmente. Ainda estudante, ela chegou a passar para o cargo de técnico em Segurança do Trabalho, em um concurso do Banco do Brasil, mas não conseguiria atuar porque sua formação ocorrera só dois anos depois, em 2013. Uma espera que parecia longa, mas que não tiraria dela a vontade de tentar novas seleções.
Ao concluir o curso, em 2013, Jussara logo conseguiu um trabalho, no mesmo hospital onde estagiou, mas foi em 2015 que finalmente conquistaria seu maior objetivo: ser servidora da rede federal, como Técnica em Segurança do Trabalho.
“Fiz o concurso para o Instituto Federal da Paraíba (IFPB) e passei em 1º lugar. Lembro que na prova, havia questões que vi nas aulas, então me senti sortuda por ter estudado no Ifal. Trabalhei com muito prazer no campus João Pessoa e tive uma experiência fantástica atuando no setor de Gestão de Pessoas, que atendia a 720 servidores. Lá pude elaborar situações inéditas em Segurança do Trabalho, mas a vontade de estar em casa (Palmeira dos Índios) era grande”, lembra Jussara.
Mesmo com a vida profissional bem-sucedida, Jussara sentia que faltava ainda alguma coisa. Ela continuou almejando estar em sua terra natal e isso foi parcialmente solucionado em 2018, quando a servidora solicitou uma cooperação técnica com o campus Palmeira.
“E aqui estou eu em minha segunda casa. Fico lotada na Formação Geral e desenvolvo todas atribuições inerentes a um técnico: das questões administrativas aos laboratórios. É bom voltar, rever professores e amigos, inclusive que estudaram comigo. É no campus Palmeira que conquistei meus objetivos e, sem dúvidas, minha vida tem uma pontinha daqui”, sorri, ao lembrar da sua época de aluna.
Outro profissional que teve que fez o caminho de volta para casa foi técnico do Laboratório de Edificações, Lucrécio Santana Júnior. Ele morava em Arapiraca, quando iniciou em 2008, o curso de Edificações, no Campus Coruripe, e fazia diariamente o trajeto de ida e volta entre as duas cidades. “Acordando às 5h da manhã, voltando muitas vezes à noite”, ressalta.
Na época, Lucrécio era apenas um adolescente de 16 anos, mas já possuía foco para aproveitar as oportunidades oferecidas pela instituição. Atuou com monitoria e projeto de pesquisa, e quando formado, levou essa experiência para trabalhos com construção civil, em empresas privadas, onde atuou até surgir uma oportunidade para voltar para sua “segunda casa”.
Há dois anos, o servidor é responsável por dar suporte às aulas práticas no Laboratório de Edificações, no Campus Coruripe, e se orgulha da trajetória inspiradora, capaz de motivar novos alunos. “Estar todos os dias junto a bons professores e colegas interessados em alcançar seus objetivos motiva muito. E o Ifal sempre reuniu bons alunos e professores”, resume.
Uma extensão para a vida profissional
A notícia da aprovação no concurso para técnico do Laboratório de Agroecologia do Ifal Piranhas chegou para Damazio Alencar quando ele estava participando de um evento acadêmico na capital alagoana, em 2016. “Foi uma emoção muito grande, um êxtase. Tinha uma piscina do lado, pensei até em pular. Fiquei muito feliz por ter passado”, conta o egresso do curso de Agroecologia.
Um ano depois, ele assumia as funções no campus do alto sertão alagoano, onde havia concluído o curso técnico em Agroecologia, apenas dois anos antes. “Entrei no Ifal em 2012, tinha 15 anos. Eu queria ter um curso técnico, mas foi também pela estrutura que o Instituto oferecia. Vi como uma grande oportunidade, porque venho da zona rural: eu trabalhava com minha mãe na roça, então era uma forma de ajudar minha família com o conhecimento técnico”, conta sobre a escolha.
Prestes a concluir o curso técnico, ele desempenhou o papel de monitor de Matemática no ProIfal, programa preparatório para estudantes de baixa renda que desejam participar do Exame de Seleção e ingressar na instituição. Ainda com o desenrolar do curso, veio a paixão pela área e pela vivência extensionista.
“Uma das coisas que mais me encantaram [na época de estudante] foram os projetos de extensão, a possibilidade de trabalhar com a comunidade, ajudar as pessoas, levando o conhecimento”, afirma Damazio.
Esse compromisso em atuar além dos muros da escola e gerar impacto social positivo, o técnico mantém ainda hoje. Ele e Hugo Araújo, outro servidor que é egresso da instituição, coordenam atualmente o projeto de extensão Ações de Conscientização Ambiental em Piranhas.
Para Damazio, o saber faz mais sentido quando é compartilhado. “Eu sei que eu posso servir de inspiração para os meninos daqui, por ter sido aluno. Hoje como técnico, vejo muitos dos que dei aula no ProIfal estudando aqui, tendo aula prática no laboratório, acho marcante. Para mim, é uma realização. Não sei o quanto influenciei, mas sempre dava meu melhor”, aponta o servidor.