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Professora do Ifal vence etapa regional e segue para final do prêmio Educador Inspirador
O Instituto Federal de Alagoas (Ifal), em Palmeira dos Índios, mais uma vez é destaque no estado no que se refere ao trabalho desempenhado por seus professores. Mais especificamente da jovem doutora Sheyla Marques, coordenadora do curso de Engenharia Civil do campus. Indicada ao prêmio Educador Inspirador, promovido pela Quizlet (plataforma de aprendizagem), ela acaba de vencer a fase regional, e por isso, representará Alagoas na disputa final, em que concorrerão os representantes escolhidos de cada estado.
Sheyla segue para a última fase que constará de uma análise do perfil de cada participante por consultores da revista Nova Escola. O resultado do concurso será divulgado em 18 de dezembro, levando o professor com o aluno que o indicou a uma viagem aos Estados Unidos para conhecer a sede da Quizlet. A docente explica que para ela este reconhecimento traz uma realização imensa e a certeza de continuar fazendo o que tanto ama.
“O maior presente para um professor é ver a conquista dos seus alunos e o brilho no seu olhar a cada vitória. Fico emocionada só de lembrar o que eles escreveram ao me indicar para o prêmio. Disseram que eu os inspiro a ser melhor, a buscar algo melhor para suas vidas. Com certeza já ganhei o maior prêmio ao ouvir isso deles. Então o que vier na próxima etapa já me deixará muito feliz”, conta Sheyla.
Além de coordenadora do curso de Engenharia Civil, atualmente ela ministra disciplinas como Materiais de Construção I e II, Empreendedorismo e Inovação, TCC e também é professora no mestrado de Tecnologias Ambientais, do campus de Marechal Deodoro. Na execução de suas aulas, Sheyla adota a metodologia de ensino PBL (Problem-Based Learning), em que o aluno é confrontado com um problema tendo que o resolver.
O método alia teoria e prática e foi aprendido por ela durante uma viagem em 2015 para Finlândia, onde fez uma especialização na área de Educação. “Sem dúvidas, a educação finlandesa é referência e nesta metodologia o aluno é o centro das atenções, diferente do que ocorre no Brasil em que o professor é o centro e o aluno é o sujeito passivo do processo ensino-aprendizagem. Eu lanço problemas e os alunos terão que resolvê-los, construindo com isso seu conhecimento”, destaca a docente.
A professora ainda explica que sempre procurou ensinar da maneira como queria aprender enquanto aluna e para isso o PBL foi fundamental. “É importante que o aluno não fique naquela situação de inércia, se sentindo cansado ou desmotivado. Para que isso não ocorra eu utilizo várias ferramentas de ensino a exemplo de jogos educacionais”, destaca Sheyla, que levou esta metodologia para os professores do campus através de um curso em que tratava do PBL e falava de suas experiências na Finlândia.
Para o estudante de Engenharia Civil Emanuel Amaral, um dos responsáveis pela indicação ao prêmio, Sheyla inspira todos que estão a sua volta, tendo comprometimento com a instituição e com seus alunos. Ele ainda garante que antes de cursar Engenharia não objetivava a carreira acadêmica, mas percebeu que o mercado exige uma atualização constante e a professora foi importante para essa escolha.
“Sheyla busca sempre se atualizar e implementar as mais variadas técnicas em sala de aula. Contudo existe algo mais importante que supera a sua capacidade técnica: o amor empenhado em tudo que faz. Por isso não tive dúvidas ao indicá-la, quando tomei conhecimento do prêmio. A abertura de espaço para a carreira acadêmica surgiu no Ifal e sobretudo pelas oportunidades e orientação dela, responsável por abrir minha mente e novos horizontes”, conta Emanuel.
Tijolo ecológico: do sustentável ao social
A pesquisa com tijolos solo-cimento, utilizando bagaços de cana-de-açúcar, introduzida por Sheyla no estado de Alagoas, é famosa nacionalmente, através dos programas globais Caldeirão do Huck, Como será? e do jornalístico, Jornal Hoje. “Quando passei para o concurso do Ifal em 2010, percebi que precisaria de um plano de atuação profissional, por isso resolvi adaptar minhas pesquisas que utilizavam resíduos de poços de petróleo para fabricação de tijolos e passei a usar em substituição o carro-chefe de Alagoas que é a cana-de-açúcar, mais especificamente as cinzas do seu bagaço”, esclarece.
A docente explica que a matéria-prima tem efeito pozolânico, comparado ao endurecimento do cimento, assim o tijolo fica mais barato pois tira um percentual do cimento original, que é o responsável pelo encarecimento do produto final. Em um comparativo: enquanto o tijolo convencional custa 39 centavos, o elaborado por Sheyla custa apenas seis centavos. A proposta, então, é utilizar o material na própria região na construção de casas populares – objetivo de um outro trabalho realizado pela professora: o Projeto Construir.
“Este ano, entregamos a primeira casa viabilizada através deste projeto. Trata-se de uma parceria com a ONG Alcance Foundation, cujo objetivo é instruir a comunidade para produzir os tijolos para construção de suas casas. Não fazia sentido limitar este projeto apenas para a academia. Fazemos a capacitação com a população, ensinamos a produzir os tijolos, acompanhamos toda a execução, e também a construção das casas, até sua finalização. Em outubro, entregamos a primeira casa e a proposta é construir mais 11, através desta parceria”, finaliza.