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Medalhistas de olimpíadas de conhecimentos são os responsáveis por laboratórios do Ifal
Seis histórias de ex-alunos curiosos que descobriram como transformar suas próprias vidas
Acássia Deliê, Elaine Rodrigues e Monique de Sá - jornalistas
Estudar, se formar e voltar como servidor para o mesmo campus da instituição é um presente para poucos, mas hoje podemos ver como a qualidade de cursos técnicos em Eletrotécnica, Informática e Eletrônica possibilitou ao Instituto Federal de Alagoas (Ifal) tornar essa trajetória algo comum, ao contar em seu quadro pessoal com dezenas de profissionais formados dentro da própria instituição.
O Campus Arapiraca, por exemplo, possui três egressos certificados na própria unidade. Carlos Victor Pereira, Irineu Ferreira Júnior e Wagner Bispo iniciaram seus cursos técnicos quando o campus funcionava com instalações provisórias, o que não lhes tiraria a motivação para continuar os quatro anos de estudos e ainda terem vontade de voltar.
Wagner Bispo foi da turma de Informática de 2012. Ele lembra que o instituto sempre estimulou os alunos a participarem de competições de cunho científico, foi por isso que, que pôde participar de Olimpíadas Brasileiras de Informática, Matemática, Biologia e de Foguetes.
“O Ifal é diferente das outras escolas, pois o aluno consegue desenvolver seu potencial, em qualquer área, seja na área de humanas, seja na área de exatas, etc. No meu caso foi o esporte e Informática”, pontua.
Wagner participava dos jogos de handebol e basquete, ainda no Colégio São Francisco, umas das sedes temporárias do campus. Ele foi selecionado para integrar a equipe de basquete da Unidade Maceió e obteve uma terceira colocação na etapa Nordeste, dos Jogos de Institutos Federais.
“Foi uma das melhores experiências da minha vida, viajei para competir em João Pessoa, junto de toda a delegação alagoana. No outro ano, fui convocado novamente e competi em Teresina”.
Como técnico de laboratório de informática, há dois anos, Wagner sabe que agora tem outro papel, mas ele comenta que sua gratidão pela instituição só aumentou.
“O Ifal é uma excelente instituição, que capacita não apenas os alunos, mas os servidores também para melhorar a qualidade dos serviços prestados. É uma experiência incrível trabalhar lado a lado dos meus ex-professores. Nesse tempo, trabalhando, consegui pôr em prática vários dos assuntos abordados quando eu era aluno, realizei diversos projetos para melhorar a estrutura de Tecnologia da Informática do campus e até estou passando um pouco de experiência aos alunos”.
Estimulados pelo conhecimento
No mesmo ano em que Wagner ingressou como aluno de Informática, 2012, a turma de Eletroeletrônica contava com outro estudante que viria a ser servidor. Irineu Ferreira Júnior era morador da zona rural de Girau do Ponciano, quando passou a frequentar os corredores do Ifal. Ele precisava viajar cerca de uma hora para chegar à instituição, mas isso não o impediria de participar de um projeto de Biologia, conseguir um ouro na Olimpíada Brasileira de Astronomia, uma menção honrosa na Olimpíada Brasileira de Matemática e também participar das Olimpíadas de Física e Química.
“Os professores divulgavam e incentivavam a gente na busca pelo aprendizado. Foi uma maravilha estudar aqui, tive um bom ensino e foi melhor ainda quando consegui passar no concurso, para trabalhar no Ifal. Já pensava nisso antes, já era uma meta”, revelou o técnico de laboratório.
Interessado em aumentar seu conhecimento na área, ele ingressou no curso de Sistemas Elétricos, em 2016, ofertado pelo Campus Palmeira dos Índios, ao tempo que também se preparava para prestar concurso para a mesma instituição.
Em 2017, Irineu tomou posse na unidade de Arapiraca, no ano seguinte, foi a vez de outro ex-aluno egresso do curso de Eletroeletrônica fazer o mesmo. Carlos Victor Pereira foi estudante entre 2013 e 2016 e em comum com os seus colegas, também participou de projetos de extensão, monitoria, ganhou medalhas de nas Olimpíadas Brasileiras de Astronomia e de Física, além de menção honrosa na Olimpíada de Biologia e na Alagoana de Química. Ele acredita que foco nos estudos o ajudou na disputa por uma vaga no ensino superior.
Carlos conseguiu ingressar no curso de Medicina, na Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), em andamento; Engenharia Civil, pelo Ifal; Engenharia Elétrica, em Campina Grande; Engenharia do Petróleo, pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal); Engenharia Mecatrônica; e Odontologia, na Universidade Tiradentes (Unit).
“A instituição me ajudou e ajuda a cada dia a ver que a educação é essencial para a formação da vida das pessoas, dos estudantes, dos pais dos estudantes, dos profissionais que estão envolvidos nessa conjuntura toda. Sou fruto de uma ótima qualidade de ensino, tendo me auxiliado muito onde estou e para onde irei, pois com uma base forte o caminho é visto de uma maneira melhor. Com certeza posso dizer que o Ifal me vem ajudando a ser um ótimo profissional. Através das experiências da vida e dos ensinamentos recebidos nessa instituição, aprendo a cada dia a ser um profissional empático e compreensível”, contou o hoje técnico de Eletroeletrônica do Campus Arapiraca.
Alçando voos mais altos
Atuando na mesma função, porém na unidade de Palmeira dos Índios, Kátryson Muniz também acredita que ao optar pelo curso técnico em Eletrotécnica, poderia alçar voos maiores e transformar sua realidade. Com 13 anos, o jovem ingressava no Centro Federal de Educação Tecnológica de Alagoas (Cefet). Ele disse que terminou o curso em 2010, mas antes disso já havia passado em um concurso na área na antiga Companhia Energética de Alagoas (Ceal).
No ano seguinte, a facilidade de aprendizado e o sonho da carreira pública levaram o jovem a prestar concurso para técnico em eletrotécnica do Ifal. Ao ser empossado, Kátryson retornava para o campus em que havia estudado.
Hoje, o técnico atua na Coordenadoria dos Laboratórios de Processos Industriais, no bloco de ensino do campus e atua no controle do fluxo de materiais e equipamentos, sob sua guarda, manutenção dos aparelhos, suporte aos laboratórios e acompanhamento das aulas dos docentes, além das funções administrativas.
Mesmo com a aprovação em sete concursos, Kátryson afirma que sua escolha sempre foi pelo Ifal. “Entrei jovem aqui e vivi diferentes momentos. É óbvio que o Ifal mudou minha vida, tanto na minha educação quanto em questões financeiras. Sou grato ao instituto por tudo isso!”, reflete o técnico.
Atualmente, Kátryson também é graduado em Arquitetura. Ele comentou que o sonho da verticalização na área de eletrotécnica não foi possível, pois na época em que prestou vestibular, Alagoas não ofertava, em uma instituição pública, o curso de Engenharia Elétrica.
Entre cidades
No Campus Marechal Deodoro, o técnico em eletrotécnica, Islan Silva, é mais um ex-aluno do Ifal que retornou a casa para contribuir com o crescimento da instituição. Ele tomou posse este ano, depois de batalhar por emprego e salário justo, durante quase sete anos.
“Vivi na pele a grande dificuldade de arranjar um emprego, mesmo tendo dois cursos superiores e um curso técnico. Por isso, nunca me arrependerei de ter me dedicado bastante aos estudos”.
Qualificação e dedicação ao jovem nunca faltaram. A partir de 2010, quando entrou no Ifal, ainda adolescente, Islan começou a estudar no curso de Tecnólogo em Construção de Edifícios, no período da tarde, ao mesmo tempo em que fazia o curso subsequente em Eletrotécnica, pela noite. Como morava em Boca da Mata, fazia o percurso diariamente para Maceió até o ano passado, quando concluiu um novo curso superior, de Engenharia Civil.
Segundo ele, mesmo com duas graduações e um técnico no curriculo, ainda assim existia a dificuldade para encontrar trabalho, principalmente pela falta de experiência. “Como eu tinha pouca experiência, as empresas sempre viam isso como um entrave, na hora de contratar. Então, depois de trabalhos de curtos períodos, resolvi me dedicar aos concursos”, diz.
E a experiência como servidor público tem sido ótima, diz Islan. “O ambiente de trabalho é maravilhoso, me identifiquei com o campus e tenho certeza que foi o melhor lugar que eu poderia encontrar. Tenho o pensamento de sempre melhorar a cada dia e buscar cada vez mais aperfeiçoamento na área, dar o melhor de mim, buscando cursos especializados e outras coisas afins”, conclui.
A estrada continua sendo algo cotidiano na vida Gustavo Luz. Logo cedo, ele se acorda, arruma-se e “pega a estrada”. São 38 km que separam as cidades de Bom Conselho-PE, onde reside, e Palmeira dos Índios, onde trabalha. Mas essa rotina não é nova para o jovem de 22 anos, técnico de Informática do Campus Palmeira dos Índios, porque aos 15, em 2012, quando passou no Exame de Seleção do Instituto, a viagem tornou-se diária entre os municípios alagoano e pernambucano.
O servidor confessa que à época não sabia muito bem o que o técnico de Informática fazia, mas das opções ofertadas pela Unidade (Eletrotécnica e Edificações) era a que mais se encaixava em seu perfil. Logo após concluir o curso técnico, ele resolveu tentar o concurso para o Ifal e a aprovação veio no ano seguinte, em 2016, com um 1º lugar, em um disputado concurso público.
“Como aluno, tive professores que me incentivaram na área e eu passei a compreender mais o universo da Internet e dos computadores. Um ano após eu ter concluído o técnico, veio a notícia do concurso do Instituto. Resolvi tentar e estudei para a prova. Lembro que muitos assuntos que caíram, eu tinha os visto nas aulas”, conta o técnico.
De tão apaixonado pelo mundo computacional, Gustavo resolveu fazer uma graduação em Ciências da Computação, na Universidade Federal Rural de Pernambuco. Como a sede do curso fica em Garanhuns, o servidor teve que incluir mais uma cidade em seu roteiro diário. Apesar da rotina pesada, de continuar morando em Bom Conselho-PE, trabalhar em Palmeira-AL e estudar em Garanhuns-PE, Gustavo não pensa em deixar a unidade.
“Já tive a chance de ter uma redistribuição para Pernambuco, mas minha história é aqui. Devo muito ao Ifal, por estar aqui hoje, como servidor, tanto aos meus professores, quanto à direção da época. Tenho familiaridade com a estrutura e com as pessoas que aqui trabalham”, relata o garoto, que é o orgulho de toda uma família do interior pernambucano.