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Experiência de reúso de material de construção civil do Ifal é publicada em revista dos EUA
Artigo desenvolvido por Ricardo Soares e docentes da UFBA foi aceito em periódico qualis B1
O professor Ricardo Calheiros Soares, do Campus Palmeira dos Índios, teve um artigo publicado no The Journal of Solid Waste Technology and Management, revista científica dos Estados Unidos com qualis B1 voltada às ciências ambientais. O trabalho foi realizado com outros três docentes da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde atualmente realiza o doutorado, são eles: Rosana Lopes Fialho, Ava Santana Barbosa, Jardel Pereira Gonçalves.
Denominado Portland Cement Packaging Reuse in the Production of Pre-Castbeams for Non-Structural Masonry, o artigo apresenta os resultados de experimentos realizados no Campus Palmeira dos Índios e em laboratório da UFBA, voltados à reutilização da embalagem de cimento do tipo Portland, na produção de vigas pré-fundidas para alvenaria não estrutural.
Ao longo da pesquisa, os autores procuram apontar uma alternativa para parte dos resíduos não recicláveis produzido pela indústria da construção civil. Apenas no Brasil, no ano de 2016, aproximadamente 45 milhões de toneladas de material utilizado nesse setor foram perdidos, aponta o artigo.
Como forma de tentar repensar o consumo de recursos naturais, Ricardo aproveitou os restos de obras no Campus Palmeira dos Índios, especificamente as embalagens de cimento Portland, para a produção de vigas pré-moldadas. Além de não recicláveis, essas embalagens são consideradas resíduos perigosos, por isso geralmente passam por incineração térmica após o seu uso, um processo que apresenta alto impacto ambiental, mas na unidade, há pelo menos cinco anos elas estão ganhando outra finalidade.
“Na construção do bloco de engenharia do Campus Palmeira, desde 2016, eram descartadas várias embalagens, as quais eram separadas para projetos em laboratórios, sendo objeto de estudo de iniciação científica e TCC [Trabalho de Conclusão de Curso]. As embalagens já foram processadas de várias formas nos laboratórios do Campus, para tentar viabilizar o reúso (principalmente em materiais de construção, como: argamassa, piso intertravado, concreto, etc) e também já foram caracterizadas no laboratório de Química do Campus Maceió”, recorda-se Ricardo.
O trabalho publicado na revista estadunidense é derivado das várias fases desses estudos. Nele, é demostrado que os modelos de vigas produzidos com o reaproveitamento das embalagens de cimento mostraram-se viáveis para as condições testadas. A verga produzida a partir das embalagens é mais leve que a tradicionalmente produzida e acarretou em uma economia do concreto utilizável.
Além disso, quando se trata da destinação correta das embalagens, houve uma redução nos custos para a sua destinação. Em Marechal Deodoro, por exemplo, são cobrados R$ 6 mil para que seja incinerado 1m³ de embalagens de cimento, o que torna comum descarta-las como lixo comum.
“Esses modelos demonstraram a redução do consumo de areia e granizo, bem como a viabilidade para destinação final (disposição) das embalagens de cimento, utilizando-as na composição do concreto e na estrutura da viga para os tipos de alvenaria não estrutural testado”, conclui.
Esse modo de reutilização da embalagem de cimento na produção de vergas não só foi elogiada pelos revisores da revista, como também rendeu uma patente que foi depositada junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).