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Clube de Leitura Passarinhar: espaço de fomento à leitura no Ifal de Palmeira dos Índios
Em um país de não-leitores como o Brasil, as estatísticas, infelizmente, são negativas quando o assunto é leitura. Assim, um espaço de acesso e fomento à leitura vem para desconstruir e combater tais índices, fazendo com que haja a formação de novos leitores e que o hábito passe a ser diário para estas pessoas, além de haver o compartilhamento de novos conhecimentos. No Instituto Federal de Alagoas (Ifal) de Palmeira dos Índios existe este espaço e ele é conhecido por todos como: Clube de Leitura Passarinhar, que fica localizado próximo à cantina da instituição.
O clube foi fundado em 2011, após uma inquietação do ex-aluno do campus, Elton de Lima, que sentia necessidade de um local que envolvesse e incentivasse o acesso à leitura. O aluno, à época, sabia que o enfoque do instituto era a formação técnica, mas como amante das artes e das letras, resolveu levar sua reivindicação até a docente de Língua Portuguesa, Vanúsia Amorim.
“Como ótima professora e amante das letras que é, ela prontamente se identificou com minha queixa. Uniu forças com outros alunos e professores interessados em brigar pela causa de um Ifal com mais arte, escrita e leitura literárias e assim fundou o clube”, conta Elton. A docente, então, procurou a direção e levou a ideia. “Na ocasião, a coordenadora de Formação Geral, Edneide Torres, e o diretor-geral, Carlos Guedes, apoiaram o projeto e providenciaram um local para o clube funcionar”, completa Vanúsia.
Questionado sobre o poético nome “Passarinhar”, Elton disse que o título foi ideia de Edneide (ex-docente do campus), que nos projetos de arte e teatro, gerenciados por ela, tinha o costume de chamar carinhosamente seus alunos de passarinhos. “Além disso, o pássaro é uma imagem recorrente na poesia e na literatura, aludindo à ideia de liberdade, crescimento e beleza, coisas que a literatura fez e faz por todos. A ideia de que o clube seria como um grande ninho, a acolher os leitores-passarinhos também soou ideal”, explica o aluno egresso.
O desafio era distinguir o atendimento do Passarinhar do atendimento da biblioteca. Foi pensado num sistema de funcionamento diferenciado: além de o clube ser aberto para que o público lesse os livros lá, as obras seriam emprestadas com prazos mais flexíveis e longos (30 dias) do que o da biblioteca. “Isso foi feito porque se considerou as solicitações dos alunos que alegam que precisam de mais tempo para ler e que às vezes algum familiar queira ler um livro”, diz Vanúsia.
Atualmente, o clube de leitura conta com quase 2 mil livros, disponíveis para alunos, egressos e comunidade escolar do entorno. O espaço funciona de segunda a sexta, em dois turnos (manhã e tarde), sendo coordenado por Vanúsia, com o auxílio de dois bolsistas. Para fazer parte do clube, o interessado deve fazer um cadastro com nome, e-mail, telefone, e caso seja aluno, sua turma.
Reconhecimento
O projeto Clube de Leitura Passarinhar foi ranqueado pelo Prêmio Viva Leitura entre as cem escolas que mais promoveram leitura no biênio 2014/2015 no Brasil; recebeu o Prêmio Melhor Ação de Estímulo à Leitura de Alagoas em 2015 e também o prêmio Notáveis da Cultura Alagoana. A história do clube tem sido apresentada em congressos regionais, nacionais e internacionais, com o objetivo de incentivar a criação de outros espaços de leitura em ambientes escolares.
O promissor aluno
Após quase oito anos de fundação do clube, o ex-aluno e hoje psicólogo, Elton de Lima, nunca se desviou das letras, seja na leitura ou até mesmo na escrita. Poeta, ele escreveu e publicou dois livros de poesia e atualmente mantém o site junto com sua amiga, Anne Maia, ACPop, em que tratam sobre a Psicologia e a cultura pop (séries, livros, filmes, quadrinhos).
“Hoje sou psicólogo de formação, mas escritor e poeta de coração. O amor pelas letras me trouxe à Psicologia, e a Psicologia me reaviva o amor pelas letras. Meu trabalho de conclusão de curso foi sobre a representação da loucura nas histórias em quadrinhos. Escrevi e publiquei dois livros de poesia e, embora atue como psicólogo, volta e meia brinco de escrever. Ah, e de ler! Muito, claro, sempre. Não consigo conceber uma vida sem arte e sem livros”, conclui.