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Aquecimento global pode reduzir produção agrícola no semiárido alagoano, mostram pesquisas do Ifal
Estudos conduzidos pelo professor Stoécio Malta analisam impactos em seis cidades alagoanas e em outros estados do Nordeste
Estudos realizados pelo Instituto Federal de Alagoas (Ifal) durante os últimos três anos mostram que as mudanças climáticas provocadas pelo aquecimento global podem reduzir a produção agrícola no semiárido nordestino. Até agora, as pesquisas se concentraram em seis cidades de Alagoas (Santana do Ipanema, Delmiro Gouveia, Pariconha, Batalha, Inhapi e Traipu), além de cidades na Paraíba e na Bahia.
Quem coordena os estudos é o professor Stoécio Malta, do Ifal - Campus Marechal Deodoro. As análises têm sido feitas junto com estudantes e em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). O professor explica os estudos buscam responder duas perguntas principais: Qual o impacto do aquecimento global sobre o nosso ecossistema, mais especificamente sobre o solo? E qual a contribuição da agricultura no semiárido nordestino para o aquecimento global?
Na última terça-feira (23), ele concedeu à TV Gazeta sobre o tema, no programa Bom Dia Alagoas.
"Ainda estamos tentando responder, mas os resultados até agora são preocupantes. Ele nos permitem estimar que, se o aquecimento global continuar acontecendo, a emissão de gases de efeito estufa do solo vai se elevar em até 15% no semiárido alagoano, o que é muito representativo", afirmou Stoécio. "E se as práticas agrícolas continuarem as mesmas diante deste cenário, perderemos até 26% de carbono do solo, ou seja matéria orgânica. Isso pode ter impacto crucial sobre a produção agrícola e a produtividade do semiárido".
O professor ressalta que, apesar de as pesquisas terem referência a área rural, os impactos serão sentidos por toda a sociedade, já que o problema é global. "Mas já existem práticas e técnicas alternativas, como rotação de cultura, sistemas agroflorestais, sistemas agroecológicos, agricultura orgânica, são sistemas que tendem a reduzir esse impacto e até reverter", pondera o pesquisador, que possui doutorado e pós-doutorado na área de ciências agrárias.
Stoécio Malta é atualmente professor do curso superior tecnológico em Gestão Ambiental do Ifal – Campus Marechal Deodoro e um dos coordenadores da sub-rede Agricultura da Rede Clima (Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais), ligada ao governo federal.