Você está aqui: Página Inicial > Campus > Maceió > Notícias > Pretas nas Ciências: Ufal e Ifal debatem conhecimento, resistência e ancestralidade
conteúdo

Notícias

Pretas nas Ciências: Ufal e Ifal debatem conhecimento, resistência e ancestralidade

Evento focou na visibilidade aos saberes-fazeres das mulheres negras
por Gabriela Rodrigues publicado: 02/09/2025 12h32, última modificação: 02/09/2025 13h28

Uma ação em sintonia com eventos locais e nacionais, um movimento integrador de saberes-fazeres das mulheres negras nas várias áreas do conhecimento e um espaço para refletir sobre relações de poder e domínio dos homens sobre as mulheres e demais identidades que não seguem o padrão normativo de raça, gênero e sexualidade: tudo isso construiu a 2ª edição do Pretas nas Ciências, evento que movimentou a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Campus A.C. Simões e o Ifal campus Maceió, nos dias 28 e 29 de agosto, e já é um marco no calendário das instuições.

Diretor Givaldo Oliveira destacou a importância do resgate histórico e reconhecimento dos saberes de mulheres negrasCom o apoio e a participação também de estudantes da Uncisal, Uneal e do Cesmac, o Pretas na Ciência reuniu programação diversa com oficinas, mesas, homenagens, exposições, debates e afrofeira, além de programação cutural, reafirmando o compromisso com a equidade racial e de gênero nas ciências. O encontro, que promove a inclusão e a valorização de várias áreas do conhecimento, enfatiza as ciências enquanto saberes universalizados acadêmicos e não-acadêmicos que são protagonizados por mulheres pretas.

A  professora Fátima Viana destacou a missão do Núcleo de promover a educação antirracista, ressignificando conceitos sobre racismo e preconceito, e valorizando o protagonismo da mulher negra em diversas áreas, incluindo ciência e tecnologia.  Na ocasião, a coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas - Neabi, professora Fátima Viana, destacou a missão do Núcleo de promover a educação antirracista, ressignificando conceitos sobre racismo e preconceito, e valorizando o protagonismo da mulher negra em diversas áreas, incluindo ciência e tecnologia.  "O Pretas nas Ciências visa trazer diferentes perspectivas de conhecimento, incluindo práticas tradicionais como a benzedeira e o uso de ervas medicinais, além da academia, mostrando que o conhecimento não é restrito a um único grupo. O principal objetivo é quebrar barreiras dentro do Ifal e de outras instituições que, apesar da evolução, ainda enfrentam desafios de machismo, e promover a colaboração de todos os grupos, especialmente com os alunos de nível técnico". A professora também destacou  a importância da educação e das políticas de ações afirmativas, como cotas, para garantir que as próximas gerações tenham acesso a oportunidades e superem a marginalização histórica da população negra. 

"As desigualdades persistem, inclusive dentro das próprias instituições de ensino, como na valorização de certos cursos. Há uma necessidade histórica de oferecer oportunidades e combater os preconceitos enraizados para quebrar os ciclos de exclusão, ao mesmo tempo em que lidamos com a lentidão da mudança na educação e na sociedade em relação à inclusão e ao combate ao racismo". A coordenadora do Neabi reforçou a importância do conhecimento sobre personalidades históricas e a necessidade de ações antirracistas em vez de apenas discursos, e eventos como o Pretas nas Ciências tratam dessas questões ao abordar ancestralidade, política e futuro.

Programação

A Mãe Mirian - Yabinan recebeu o título de Doutora Honoris Causa. Reconhecida como a yalorixá mais antiga de Alagoas em plena atividade, a homenagem celebra sua dedicação e energia na preservação dos cultos ancestrais afro-brasileiros.Durante a abertura do evento no campus A.C. Simões da Ufal, o Ifal marcou forte presença representado pela Pró-Reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação, Eunice Palmeira, pelo Diretor-Geral do Campus Maceió, Givaldo Oliveira, e pela professora Fátima Viana, representante do Neabi do Ifal Maceió. O Diretor de Extensão, Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação do Campus Maceió, Vinícius Dantas, também esteve presente. Após as formalidades de abertura, a conferência magna, ministrada pela professora Jamille Borges, abordou o tema Ancestralidade e Resistência, ressaltando a importância de reconhecer e valorizar a história e a luta das mulheres negras na sociedade. A programação da tarde seguiu com a mesa redonda "Os saberes das meninas e mulheres negras de Alagoas", que aprofundou as discussões sobre o conhecimento e a experiência dessas mulheres. O ponto alto do dia foi a cerimônia de entrega do título de Doutora Honoris Causa à Mãe Mirian - Yabinan. 

O tema do letramento racial da escravização até os dias atuais foi explorado pela  presidenta do Conselho Estadual de Promoção Salete Bernardo, professora da Uncisal

Reconhecida como a yalorixá mais antiga de Alagoas em plena atividade, a homenagem celebra sua dedicação e energia na preservação dos cultos ancestrais afro-brasileiros. Já no Ifal Maceió, o tema do letramento racial da escravização até os dias atuais foi explorado pela  presidenta do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial Salete Bernardo, professora da Uncisal. A programação foi seguida da mostra de trabalhos fotográficos do curso de Pedagogia em Educação escolar Quilombola - Uneal e da mesa de debate “Saberes ancestrais como ciência: curas, espiritualidades e tradição”, conduzida pela Mestra Zeza do Coco, patrimônio vivo da cultura popular de Alagoas. O Pretas nas Ciências foi coroado pela apresentação cultural da cantora, compositora e atriz Natalhinha Marinho e pela premiação “Mulheres de Saber”.