Você está aqui: Página Inicial > Campus > Maceió > Notícias > Pesquisa do Ifal desenvolve peneira automatizada para facilitar comercialização do sururu
conteúdo

Notícias

Pesquisa do Ifal desenvolve peneira automatizada para facilitar comercialização do sururu

Feita com materiais sustentáveis, peneira pode ser utilizada ao longo de toda a cadeia produtiva

por Gabriela Rodrigues publicado: 16/11/2022 18h03, última modificação: 14/12/2023 16h51
Exibir carrossel de imagens Pesquisa reúne bolsistas de Engenharia Civil, Eletrotécnica e Mecânica

Pesquisa reúne bolsistas de Engenharia Civil, Eletrotécnica e Mecânica

Pescar o sururu da lagoa. Lavar, cozinhar, limpar, separá-lo da casca, prepara-lo para o comércio: Pode parecer uma sequência simples, mas trata-se de uma cadeia produtiva que causas lesões nos músculos e tendões de vários alagoanos/as, envolve trabalho infantil e é a garantia do sustento de centenas de famílias que há anos sobrevivem da venda deste marisco em comunidades periféricas às margens da Lagoa Mundaú, no bairro do Vergel do Lago, na orla lagunar de Maceió.

Alunos acompanharam cadeia produtiva do sururu na comunidade do Vergel do LagoFoi observando esta realidade que alunos e pesquisadores do Grupo de Pesquisa em Redes Inteligentes do Campus Maceió – GPRI, desenvolveu uma peneira automatizada para separação do sururu de sua casca, em projeto aprovado no Edital do Instituto Federal do Espírito Santo – Ifes,  das Oficinas 4.0. O projeto começou a ganhar corpo a partir de observações do professor de Eletrotécnica Allisson Luiz Nascimento da Silva sobre dados de uma outra pesquisa desenvolvida no curso técnico de Segurança do Trabalho, cujos relatos traziam evidências de esforço e sofrimento físico em todos os momentos da cadeia produtiva do sururu. A constatação foi feita pelo grupo formado pelo professor e mais cinco bolsistas, dos cursos de Eletrotécnica e Engenharia, que verificaram in loco a necessidade uma alternativa mais viável e automatizada que pudesse facilitar o trabalho das marisqueiras, sobretudo da etapa de separação do sururu de sua casca, momento que comumente causa lesões físicas às/aos catadores/as.

Estudantes participaram no manuseio do sururu com marisqueiras da regiãoO grupo fez uma visita técnica à ONG Mandaver, às margens da Lagoa Mundaú, que acompanha o trabalho da comunidade marisqueira do Vergel do Lago. A visita foi realizada como parte do projeto de desenvolvimento da peneira automatizada, e na ocasião, os alunos acompanharam o trabalho das marisqueiras, "despinicaram" sururu, socaram pó de serra em latas para cozimento do sururu e acompanharam as etapas desde a extração até a comercialização. Tiveram a oportunidade de conversar com os responsáveis pela ONG e trabalhadores da cadeia do sururu, assim como tiveram acesso às instalações da fábrica de beneficiamento de sururu instalada na comunidade. "O objetivo desta visita foi apresentar o IFAL à ONG e à comunidade, assim como inserir os alunos na realidade das marisqueiras, a fim de criar empatia, motivar e gerar parcerias futuras", explica o coordenador do projeto da peneira automatizada, professor Allisson Nascimento.

Gravações em madeira foram feita a laser no ColabA partir da visita técnica e da aplicação do conhecimento científico, o grupo criou no laboratório Colab, do campus Maceió, o protótipo da peneira automatizada, de fabricação fácil e com materiais sustentáveis.  Numa possível parceria do Ifal com as comunidades lagunares, os próprios trabalhadores podem construir a peneira automatizada e fazê-la funcionar. "Podemos fazer uma oficina ensinando a fabricar este mecanismo que substitui as tradicionais peneiras de construção, de utilização mais comum e mais agressiva aos/às trabalhadores/as. Construídas pela comunidade, elas podem ser implantadas nas mini fábricas de beneficiamento", relata o professor Allisson, apontando um objetivo concreto para a pesquisa.

PROJETO SUSTENTÁVEL

Barata e simples de construir, a peneira automatizada é feita com duas bases oriundas de vãos de portas da antiga Etfal, com pedaços cortados e pintados para reutilização. A peneira também utiliza tubos de sucata obtidos no curso de Mecânica, placas de acrílico perfuradas a laser (obtidas a partir das divisórias utilizadas em balcões de atendimento no campus Maceió durante o período de pandemia de covid-19) e um motor comprado em ferro velho, com propulsão à bateria, que pode ser substituído por uma manivela em seu formato mais simples e sem automação elétrica. "O mais importante aqui é que são materiais de baixo custo, facilmente encontrados em sucata, e recicláveis. Utilizamos acrílico, mas pode ser utilizado plástico ou outro material. O diferencial está no movimento automatizado, que substitui o trabalho braçal da separação do sururu da casca e produz mais resultado em menos tempo", explica o professor Allisson.

Materiais foram reaproveitadosPorém, para chegar à comunidade, ainda é necessário um período efetivo de testes que ainda não foram aplicados devido a escassez do sururu na Lagoa Mundaú, devido à mortandade do marisco desde o inverno deste ano. Por conta da poluição da lagoa e do período de chuvas, o marisco acabou desaparecendo da região do Vergel do Lago, devendo voltar à disponibilidade somente no verão. O professor Allisson destaca as dificuldades vivenciadas pelas famílias, que impactadas pela escassez do sururu, sustentam-se por benefícios assistenciais do governo ou pela pesca em outras regiões. "Como temos outro marisco disponível para teste, podemos utilizar a máquina com o massunim, típico de região de praias, que tem uma estrutura parecida com o sururu, e depois voltamos à aplicar nas comunidades que precisam do sururu para de fato implementar seu uso", relata Allisson.

TRABALHO EM EQUIPE

Protótipo da peneira automatizadaSob a coordenação do professor Allisson, as mentes que impulsionam a peneira automatizada são as dos bolsistas  do curso de Eletrotécnica João Gustavo de Oliveira Souza ele, Kamilly Nascimento dos Santos, Lívia Karolynne Vieira de Luna e Vitória Beatriz Herculano Lopes; do curso de Engenharia Civil, Sheldon Cristiano Souza, e de Mecânica, Bianca Letícia dos Santos. Todos são alunos do Campus Maceió. O  projeto tem a coorientação dos professores de Eletrotécnica Rômulo Afonso Luna e Jacksiel Abreu e dos professores de Eletrônica Alberto Jorge Santos e José Henrick Viana.  O projeto também tem a participação da professora Juliane Cabral Silva, da UNCISAL/CESMAC, que atua como orientadora externa.