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Olhar Di Ver Cidade: Projeto completa dez anos em busca de referências locais para artesanato

Viagens e vivências por Alagoas inspiram alunos e professores em processos de criação
por Gabriela Rodrigues publicado: 31/05/2023 17h08, última modificação: 01/06/2023 11h25

Há dez anos, viagens e vivências por Alagoas inspiram alunos e professores do curso Tecnológico em Design de Interiores e  do Curso Técnico em Artesanato/Proeja em processos de criação: o projeto integrador Olhar “Di” Ver Cidade é uma experiência participativa e interdisciplinar, voltada para a busca de referências locais para produção de peças artesanais. Em uma década, o projeto já percorreu 16 municípios alagoanos, começando por Penedo, sempre com olhar exploratório sobre o patrimônio cultural e costumes locais, que geram inspiração para os alunos participantes.

Algumas das cidades visitadas: Barra de Camaragibe, Penedo, Viçosa e ArapiracaA história do  Olhar “Di” Ver Cidade começa antes mesmo de 2013, marco inicial do projeto. A coordenadora Juliana Aguiar conta que a primeira incursão envolvendo professores e alunos do curso de Artesanato, foi ainda no ano de 2012, quando o grupo foi ao município de Piranhas, no sertão alagoano, numa busca in loco de referências relativas ao cangaço, tema de peças artesanais que seriam, posteriormente, produzidas pelos alunos. 

O grupo em Santa Luzia NorteA partir desta viagem, considerada pelo grupo  como um "projeto piloto", a coordenação do curso de Artesanato aliou-se à do curso superior de Design, em buscas mais organizadas por entendimento, identidade e, sobretudo, valorização do patrimônio cultural das Alagoas: assim surge o Olhar “Di” Ver Cidade, quando em excursão à cidade de Penedo, e, 2013, professores e alunos dos dois cursos passaram a imprimir em peças produzidas o resultado de um olhar ativo e atento à realidade do local. 

"Esta primeira experiência foi uma vivência rica e interessante que resultou em tapetes e peças artesanais significativas e simbólicas.  Com o resultado, percebemos que viajar por Alagoas e perceber a realidade do local é uma alterativa para essa carência que existe sobre a identidade do ser alagoano, e que é impressa em peças artesanais. A partir disso, buscamos todo semestre viajar e buscar referências, é uma prospecção", analisa Juliana Aguiar.

Grupo na incursão em Fernão VelhoA ideia deu tão certo que o projeto já percorreu 16 municípios de Alagoas, do sertâo ao litoral, com viagens semestrais e de forma contínua, sendo interrompido apenas em 2020, por conta da pandemia de covid-19. O grupo já visitou Penedo (2013.1), São Miguel dos Milagres (2013.2), União dos Palmares (2014.1), Viçosa (2014.2), Arapiraca (2015.1), Quebrangulo  (2015.2), Coqueiro Seco  (2016 1), Marechal Deodoro  (2016 2), Porto Calvo (2017.1), Porto de Pedra (2017.2), Rio Largo (2018.1), Pilar (2018.2), Comunidade indígena Wassu Cocal (Joaquim Gomes, em 2019.1), Coruripe (2021.2), Fernão Velho (2022) e Santa Luzia do Norte (2023).

Alagoaneidade genuína

Mané do Rosário, manifestação cultural típica do povoado do Poxim (Coruripe)

O projeto Olhar Di Ver Cidade é fruto de uma iniciativa inovadora idealizada pela professora Juliana Aguiar em parceria com o professor João Luiz Maia, atualmente aposentado (docentes do Campus Maceió atuantes nos Cursos Técnico em Artesanato e Design de Interiores). O incômodo dos professores que impulsionou a ideia foi a percepção de que o fazer manual das/os alunas/os artesãs/os, ao ingressar no referido curso (Técnico em Artesanato), está vinculado à reprodução de modelos já existentes no mercado artesanal ou retirados de revistas e sites especializados. 

Painéis executados pelos alunos Verônica Santos, Eduardo Faustino e Valéria Santos

 

"Ou seja, produzem cópias que não possuem uma identificação com os elementos referenciais presentes na cultura do Estado de Alagoas, não valorizando o patrimônio cultural existente. Essa prática se reflete na produção artesanal desse grupo, pois deixa de lado todo o potencial existente na cultura alagoana, sem tirar proveito de suas características e referenciais, sempre recheados de personagens únicos, manifestações culturais ricas e diversificadas, diversidade de costumes e tradições", explica Juliana Aguiar, ao afirmar que a motivação do Olhar “Di” Ver Cidade será sempre a busca por originalidade e "alagoaneidades" nas peças produzidas e inspiradas nas imersões pelo interior do Estado, e mesmo pela capital.