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Estudantes criam plástico ecológico e representam Ifal em Feira de Ciência e Engenharia

Pesquisadores do Campus Maceió inovam em projeto de extensão criando "bioplástico" com matéria orgânica

publicado: 13/01/2016 12h23, última modificação: 17/03/2016 13h18
Exibir carrossel de imagens Grupo desenvolve diferentes atribuições em experiência.

Grupo desenvolve diferentes atribuições em experiência.

Amido de milho, batata inglesa, ácidos derivados de limão e laranja, farinha de trigo, vinagre, açúcar: parece até aula de culinária, mas basta observar um grupo de estudantes de Química e Biologia utilizando compostos destes alimentos em uma experiência no Instituto Federal de Alagoas – IFAL, para descobrir muito mais. Os compostos de materiais orgânicos como os alimentos citados são a matéria-prima de uma invenção que vem para reforçar os conceitos de desenvolvimento sustentável e mudar o futuro da indústria de plásticos e derivados: o "bioplástico inovador", uma alternativa ecológica e mais conveniente aos plásticos convencionais, devido à simplicidade de sua matéria-prima e à rapidez para se decompor na natureza.

A invenção foi desenvolvida no laboratório de Química do IFAL Campus Maceió e faz parte do projeto de extensão "Aperfeiçoamento do Amido termoplástico na produção de um bioplástico alternativo aos plásticos convencionais" iniciado no ano de 2013. O objetivo da pesquisa, desenvolvida pelos bolsistas em pesquisa e produção do 4º ano do curso técnico de Química, Laís Vanessa e João Isidoro, e pela estudante do 5º período do curso superior de Biologia Hyngrid Assíria, era a criação de um "plástico verde pensado para o mercado", que tivesse resistência e usabilidade, baixo custo em sua fabricação, e que se decompusesse em no mínimo 45 dias. Orientados pela professora de Química Vânia Nascimento Tenório, o grupo desenvolveu vários polímeros (compostos químicos) utilizando componentes orgânicos derivados de produtos simples e de baixo custo como amido, batata e açúcar.

Os polímeros eram sempre compostos a partir de materiais naturais e de baixo custo, que eram substituídos a cada experiência até que fosse obtido o resultado ideal, sendo o amido a matéria-prima principal da composição. Enquanto Laís Vanessa e João Isidoro "testavam" os compostos e reagentes na composição do plástico ideal, Hyngrid Assíria verificava a decomposição de cada amostra de polímero criado pelos colegas, "acelerando" o processo de degradação em uma simulação de laboratório que envolvia a exposição a fungos de diferentes tipos. Conforme as amostras iam se modificando com o passar do tempo, o grupo registrava os resultados e fazia ajustes na experiência para que o melhor termoplástico fosse obtido. "As amostras de polímeros foram cuidadosamente analisadas com base em padrões científicos e regras internacionais. No laboratório, pode-se acelerar um pouco a decomposição, para verificarmos as reações. Na natureza, demora mais um pouco", explica Hyngrid, ao comparar os efeitos da degradação dos componentes.

RESULTADO SURPREENDENTE

O resultado obtido foi animador: após anos de pesquisa, o grupo conseguiu obter um termoplástico (tipo de plástico dos mais encontrados no mercado, utilizado em embalagens, garrafas PET, CD´s, brinquedos, peças e outros materiais) resistente, durável, e capaz de se decompor na natureza em um período de dois a três anos, intervalo de tempo curtíssimo comparado aos plásticos convencionais, que chegam a passar dos 100 anos para degradação.

A pesquisa inicial dos estudantes foi impulsionada por um experimento desenvolvido anteriormente no Peru, em que químicos utilizaram cana, batata, água e glicerina para obter o plástico, que embora considerado orgânico e sustentável, era quebradiço, frágil e sem resistência, o que tornou inviável sua utilização industrial. "Procuramos aperfeiçoar o experimento, reunindo resistência, espessura e textura em um plástico biodegradável e que pudesse ser utilizado pelas indústrias e rapidamente voltar à natureza", declara Laís Vanessa.

RECONHECIMENTO

A invenção dos jovens aguarda o registro de patente, que já foi solicitada à Pro-Reitoria de Pesquisa e Inovação – PRPI, do Ifal. Segundo a orientadora Vânia Nascimento, o Instituto tem a competência de registrar a patente, após certificação da pesquisa como algo realmente inédito.

O projeto também ganhou repercussão nacional quando foi apresentado no Congresso Norte e Nordeste de Pesquisa e Inovação - Connepi 2015, e foi aprovado para participar da Feira Brasileira de Ciência e Engenharia – Febrace 2016, que acontece de 14 a 18 de março deste ano, na USP de São Paulo. O grupo expôs e apresentou o projeto, representando o Ifal na Febrace, que reúne anualmente as melhores inovações na área de ciências, química, tecnologia e engenharia da América Latina, e é considerado evento referência para instituições que tratem de pesquisa e inovação.