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Arte, reencontros e memórias marcam comemoração de 115 anos do Ifal Maceió
O clima festivo abriu a semana e tomou conta do Ifal Maceió nesta segunda-feira, 23/09, data de celebração de aniversário dos 115 anos do campus. O dia foi aberto com o hasteamento às bandeiras e composição da mesa de honra com gestores do Instituto, e seguiu com apresentações culturais, troca de experiências entre ex-diretores e alunos egressos, relatos de memórias revisitadas em que o campus foi protagonista e reencontros que movimentaram a comunidade acadêmica, envolvendo alunos, ex-alunos, servidores ativos e aposentados, gestores e ex-gestores e servidores de diversas unidades do Ifal, convidados para a comemoração.
Conheça a história do Campus Maceió
A programação cultural foi aberta com apresentação da Camerata Jovem do projeto Artifal que executou peças da música clássica e popular, em um repertório eclético regido pelo maestro Almir Medeiros. O palco do Auditório Oscar Sátyro também recebeu o espetáculo de suítes poéticas do Grupo de teatro Mandacaru, que apresentou esquetes baseadas em textos dos célebres poetas Carlos Drummond de Andrade, Adélia Prado, Neymar de Barros, Mário Quintana além de composições autorais do idealizador do grupo Tom Torres e dos próprios alunos atores integrantes do coletivo.
As apresentações seguiram com a declamação do poema GWBR, do alagoano Jorge de Lima, pelo ator Chico de Assis, acompanhado pelo solo de violoncelo do aluno e integrante da Camerata Jovem João Henrique. A manhã foi encerrada com apresentação do Coro Jovem do Ifal Maceió, regido pelo maestro André Sousa.
A programação seguiu no pátio da cantina com apresentações musicais dos alunos durante a tarde e, no turno da noite, marcada por apresentação do Coretfal (também regido pelo maestro André Sousa). O dia foi encerrado com a participação da banda da Polícia Militar de Alagoas, envolvendo a comunidade acadêmica em uma grande comemoração.
Reencontros e reflexões
Para o anfitrião da festa, o diretor do campus Givaldo Oliveira, celebrar o aniversário do Ifal Maceió é mais do que a comemoração da existência de uma instituição reconhecida e centenária.
"É a celebração da história de tantos que aqui estão e de tantos que por aqui já passaram. Da transformação de vida de estudantes, técnicos, docentes e gestores que tiveram, de alguma forma, sua história marcada pelo campus mas que também deixaram suas marcas na Instituição. Temos muito orgulho de fazer parte desta história que é um marco na educação federal em Alagoas e no Brasil", destacou.
E foi por recordar feitos, desafios e conquistas que o aniversário do campus reuniu os ex-diretores Jeane Melo, Sérgio Teixeira e Roland Gonçalves em uma mesa de reflexão e debate, em que compartilharam suas experiências, revisitaram memórias e destacaram o crescimento do Instituto na Rede Federal e em Alagoas. Os ex-gestores também mencionaram as transformações da educação pública ao longo da história.
A celebração de aniversário também reuniu egressos de diferentes gerações do Instituto: Desde a Escola Industrial até o Centro Federal de Educação Tecnológica de Alagoas (Cefet) passando pela Escola Técnica Federal de Alagoas (Etfal). O técnico em Mecânica Alfeu Simões, o professor e diretor do Laboratório Compartilhado de Pesquisa e Inovação - Colab Alisson Nascimento e a diretora geral do campus Satuba Uilliane Faustino compartilharam suas histórias e destacaram a importância do Instituto em suas formações profissionais.
A educação técnica e a arte da "mão na máquina"
O ano era 1958. Um jovem recém-certificado pelo curso de Mecânica da antiga Escola Industrial tomava um ônibus de viagem partindo de Maceió com destino a São Paulo. O objetivo? Ingressar no mercado de trabalho na metrópole, utilizando os conhecimentos apreendidos durante seu curso técnico.
Tudo normal para um jovem recém-formado e cheio de sonhos, até a oportunidade chegar mais cedo do que ele mesmo imaginava: ainda atravessando o agreste alagoano, no município de Arapiraca, o ônibus, da viação Expresso Alagoano, quebrou, e o que era para ser um atraso naquela viagem, acabou revelando uma grande surpresa: Alfeu Oliveira Simões, aquele jovem mecânico viajante, não só descobriu a causa do problema (na bomba injetora do ônibus) como teve a perspicácia de resolvê-lo. Depois disso, foi contratado pela empresa de ônibus como técnico em Mecânica. Dali em diante, a sagacidade e precisão do trabalho do rapaz foram tomando espaço. E ele nunca mais parou.
Após a oportunidade gerada pelo problema no ônibus, Alfeu não só foi para São Paulo como morou lá por mais de 60 anos, trabalhando com montagem e manutenção de máquinas industriais para grandes empresas americanas e alemãs e liderando equipes de mecânicos.
O trabalho de referência lhe rendeu reconhecimento internacional que o então jovem mecânico, hoje aos 85 anos, recorda e relata com orgulho. "Fui convidado para chefiar equipes, acompanhar técnicas de alta precisão. Empresários questionaram onde aprendi tudo aquilo, e eu sempre me orgulhei ao falar de Alagoas, da Escola Industrial, do ensino técnico. A habilidade veio com a prática, com a repetição e com a excelência dos professores que tivemos e temos aqui", relata o técnico, que chegou a montar máquinas na Itália.
Alfeu está aposentado. Manuseia com carinho documentos especiais que o remontam à sua trajetória industrial. Se ele parou?
"Jamais. Eu tenho um torno mecânico em casa, uma pequena oficina, conjuntos de peças e ferramentas. A minha mente precisa se manter ocupada", relata o técnico em mecânica, ao mostrar projetos e desenhos técnicos que comprovam sua história.